Entrevistas

Vídeo: Telmo Pires – “O Porto tem um grande peso na minha história”

O fadista Telmo Pires é um verdadeiro homem do Norte e neste momento vive uma fase feliz da sua carreira. O também poeta e compositor apresentou em 2016 o quinto álbum da sua carreira. “Ser Fado”, capta “toda a minha evolução artística dos últimos três anos. O que eu sou, o que faço, como vivo e o que amo”, assume o fadista, que nasceu em Bragança.

Neste disco assume que enfrentou novos desafios no meio do fado. “Colaborei com músicos excepcionais, com poetas jovens, contemporâneos. Concentrei-me e dediquei-me mais ao fado tradicional na sua forma mais pura, mas não deixei de incluir novos temas que, se calhar, um dia, se tornarão fados”, anuncia.

O novo álbum, cujo ‘single’ de apresentação, “Fado Fantasma”, foi o primeiro a ser distribuído pelas rádios, tem poema de Nuno Miguel Guedes interpretado na melodia do fado triplicado, por José Marques.

Este foi o primeiro tema do disco a ser gravado e “fez todo o sentido lançá-lo como o single de apresentação porque representa perfeitamente o caminho que eu percorro de momento: o meu respeito pelo fado tradicional, pelos seus grandes músicos e compositores, mas ao mesmo tempo juntar algo de novo… dar vida a um novo poema que ninguém ainda cantou e assim também contribuir com o que posso como intérprete à divulgação da canção portuguesa”, revela.

“Ser Fado” é constituído por 12 temas, quatro deles assinados por Telmo Pires, alguns inéditos e um tema de António Variações. “Sempre adorei o António Variações, mas nunca me atrevi a fazer um ‘cover’ de temas conhecidos”. Ao passar por Braga abaixo, um tema inédito que o Variações nunca chegou a gravar, “é um dos maiores tesouros que recebi até hoje”, revela. E esta ligação surge quando o seu disco “Fado Promessa” chegou às mãos do irmão de Variações há cerca de dois anos. “Ele gostou da minha voz, do meu trabalho e se calhar também do facto de eu ser, como a família deles, homem do norte” (risos). Sem esperar recebe um e-mail com uma maquete original da voz do António onde canta duas estrofes da melodia de “Ao passar por Braga abaixo”, “foi daí que nasceu a minha versão, que neste caso é o original.

Fiz questão de ter o irmão de António, o Ribeiro, presente na gravação do tema. Ele gostou, aprovou e eu fiquei a pessoa mais feliz do mundo!”, assume.

“Fado Promessa”, editado em 2010, foi a primeira experiência do cantor a gravar em Portugal. “Com grandes músicos da área do fado, um processo que se estendeu por quase um ano. Foi uma fase de início total”. Agora em “Ser Fado” sente-se um homem mais integrado e maduro profissionalmente. “Tenho maior confiança em mim, naquilo que faço e no que decido. Fui eu que escolhi inteiramente os temas que gravei, os poetas, os meus poemas, tenho 100 por cento da responsabilidade e não foi problema nenhum assumi-la”, refere o fadista.

Foram as vozes de Amália e de Carlos do Carmo que apaixonaram o músico quando era ainda criança. “A genialidade e simplicidade na interpretação, a entrega e coragem são os atributos que estão ligados a eles. No fado são essas as minhas referências”.

Questionado quanto ao lugar que entende ocupar neste momento na música, faz uma pausa. “Bem. Ainda me estou a dar a conhecer. A maior parte das pessoas que me conheceram em Portugal nem sabem que já editei três álbuns antes de chegar cá. Espero um dia ocupar um maior” (risos).

Telmo Pires é um homem de aventuras. Cantou pela primeira vez numa casa de fado em Lisboa, em 2010, ano em que decidiu ficar em Portugal, uma vez que viveu parte da sua vida na Alemanha. Tem pena de não ter conhecido o sabor de cantar em casas de fado, de lidar com o fado diariamente. Saiu de casa aos 19 anos e teve sempre a certeza de que queria fazer música, que queria cantar. “As coisas pouco a pouco foram surgindo, aprendi a estar em palco, fiz teatro, tive aulas de canto, aprendi cedo a estar sozinho só com um pianista em palco e fazer concertos de quase duas horas, tinha eu cerca de 20 anos. Foi essa a minha escola”, revela.

Durante a entrevista, não escondeu as grandes memórias que tem da cidade invicta. “O Porto tem um grande peso na minha história. Foi do Porto que os meus pais partiram comigo para uma ‘nova vida’, quando eu tinha dois anos e meio”, concluiu.

 

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