Sociedade

Rei D. Fernando e Dona Leonor Telles fogem de Lisboa para casar em Matosinhos

De 6 a 9 de setembro // Leça do Balio

Os atores Vítor Costa e Carolina Torres vão encarnar as personagens de el-rei D. Fernando e de Dona Leonor Telles na reconstituição do casamento real que constitui o ponto alto da feira medieval Os Hospitalários no Caminhos de Santiago, cuja décima terceira edição decorrerá de 6 a 9 de setembro, em torno do Mosteiro de Leça do Balio, em Matosinhos. O portuense e a maiata, de 26 e 29 anos, vão, assim, interpretar aquele que é considerado o primeiro matrimónio romântico da coroa portuguesa, que teve lugar em 1372, precisamente na Igreja de Leça do Balio, depois de o casal real ter abandonado furtivamente o paço lisboeta e tomado uma barca a caminho do Porto, frustrando deste modo a oposição da corte ao enlace.
A reconstituição do casamento real, um dos mais polémicos da História portuguesa, terá lugar no último dia do evento, domingo, 9 de setembro, a partir das 16 horas, culminando quatro dias de muito folguedo e diversão que tomarão conta do recinto do certame, uma das mais importantes reconstituições históricas que se produzem em Portugal. E se um casamento real não for suficiente, a igreja medieval acolherá, no sábado à tarde, um casamento verdadeiro de véu e grinalda, previsivelmente mais pacífico e sem bulhas, mas nem por isso menos animado.
Intrigas palacianas à parte, o programa da recriação (em anexo) proporcionará uma autêntica viagem no tempo, permitindo recuar quatrocentos anos e aterrar num ambiente a que não vão faltam os cavaleiros, os saltimbancos, os encantadores de serpentes e os guerreiros terçando armas em valorosos combates de capa e espada. A partir das 17 horas de quinta-feira, o recinto da feira medieval contará com artesãos trabalhando ao vivo, doçaria conventual preparada segundo as receitas medievais, folguedos diversos, jograis interpretando música a condizer, cerimónias de ordenação de cavaleiros, peregrinos sendo recebidos pelos monges hospitalários, espetáculos de bufarinheiros, torneios a cavalo, autos-da-fé e tabernas ruidosas.
Numa amistosa babel a que não faltará uma comitiva de músicos moçárabes vindos do emirado de Granada (devidamente acompanhados das odaliscas meneando o ventre como nas histórias das mil e uma noites), os visitantes poderão contar com espetáculos convocando o riso e o espanto: latrineiros proporcionarão o alívio personalizado das necessidades fisiológicas, trasgos e duendes pregarão partidas, mercadores trarão curas da medicina tradicional, Draco e Isolda revelarão os segredos da alquimia.
Os mais novos terão ainda à sua espera, no Recantos das Histórias, oficinais que os transformarão em monarcas bem-cheirosos, preparados a preceito para assistir ao ponto alto do programa: a reconstituição histórica do controverso casamento real que havia de dar origem à crise de 1383-1385. Setecentos e quarenta e seis anos depois, a história será reencenada no exato local onde ocorreu, com um monumental desfile de guerreiros e acrobatas, nobres, clérigos e membros do povo.
Os visitantes poderão ainda visitar a exposição “Monasterium KM 234”, patente Mosteiro de Leça do Balio para contar a história do local onde a História de Portugal se cruza com os Caminhos de Santiago. Tal como é hábito, todo o recinto e os sinais do passado serão objeto de visitas guiadas a cargo de historiadores disfarçados de frades hospitalários.
Organizada pela Câmara Municipal de Matosinhos, a feira medieval “Os Hospitalários no Caminho de Santiago” visa promover os Caminhos de Santiago no concelho, bem como divulgar a igreja e o Mosteiro de Leça do Balio, um dos monumentos mais emblemáticos do Norte de Portugal e sede da Ordem dos Cavaleiros de S. João de Jerusalém do Hospital, por isso conhecidos como “hospitalários”. O local, recorde-se, desempenhou um importante papel na assistência aos peregrinos que demandavam o túmulo do apóstolo Santiago em Compostela, providenciando assistência anímica e médica, e continua, ainda hoje, a ser um local de referência e de passagem obrigatória para quem, nesta região, percorre os Caminhos de Santiago, classificados pela UNESCO como Itinerário Cultural da Humanidade.

Foto: DR

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