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Paulo Oliveira: “Sou um poeta solitário. Amo a poesia”

Se o “sonho comanda a vida”, as palavras comandam certamente o caminho de Paulo Oliveira, um “poeta solitário” que ama a poesia. Conversámos com o escritor, natural de Lisboa, dias antes da sua passagem por Águas Santas, na Maia, onde deu a conhecer o seu segundo livro de poesia, «No Silêncio da Poesia», obra que nasce de “pequenas coisas”.

 

Agência de Informação Norte – Qual é a melhor forma de descrevermos o Paulo Oliveira?Paulo Oliveira – Paulo Oliveira é um jovem sonhador, que não desiste do que ambiciona. É simples, humilde de um grande coração.

Como e em que altura nasce a poesia na sua vida?
A poesia nasce na minha vida ainda na escola. Numa aula de Português foi lançado o desafio de escrever algo em forma de poesia. E lá fui ganhando o gosto. Tinha 14 ou 15 anos. Escrevi algo sobre o amor ao qual gostaram e depois daí foi entrar em concursos e não só.

A sua mãe sempre teve o gosto pela poesia. Teve influência na sua vida?
Vocês exploraram bem a minha vida, estou a gostar. Sim, é verdade, a minha mãe sempre teve o gosto pela poesia, sem nunca ter editado nada. Se teve influência?Em certa parte, sim. O primeiro livro foi escrito em todo o secretismo e só o divulguei duas ou três semanas antes de o lançar. Mas sempre tive o apoio dela e do meu pai.

Mas sente-se poeta ou um apaixonado pela poesia?
Ambos. Sou um poeta solitário. Amo a poesia. Sei que é estranho alguém da minha idade dizer isto, mas é o que sinto. Aprendi a gostar de vários estilos literários com o qual me identifico. Sinto-me poeta, pois assim sou reconhecido nos teatros e nas ruas e sempre apaixonado pela poesia.

Como surge este este segundo livro «No Silêncio da Poesia»?
Surgiu, como diz o próprio título, no silêncio. Nasce das pequenas coisas, nasce de momentos e de muita inspiração. Amo estar na paz a olhar o mar e assim ganhar a inspiração. Quanto ao primeiro, chama-se «Horizontes Poéticos» e foi lançado em 2016.

Até essa altura, muitos trabalhos ficavam certamente guardados na gaveta. Sempre acreditou no que escrevia?
Sinceramente? Nunca acreditei no que escrevia até ao dia em que publiquei o primeiro poema nas redes sociais. Vários amigos e algumas figuras públicas interagiram com a publicação, a qual diziam que era bestial e devia editar. Depois de vários pedidos e várias publicações, lá avancei com a publicação da primeira obra.

Podemos dizer que este livro foi essencialmente um desafio para si?
Todos os livros que escrevo são um desafio para mim, pois nunca sabemos como vai ser a aprovação do público. O primeiro cheguei a uma segunda ediçãoe este para lá caminha, pois neste momento encontra-se esgotado.

Os poemas escolhidos para este seu segundo livro retratam muito da sua vida. Mais do que poemas, são mensagens?
Os poemas são momentos vividos. Alguns são mera ficção. Eu escrevo sempre na primeira pessoa e às vezes faço deles com que pareçam realidade. Ao mesmo tempo, podemos dizer que são mensagens, sim.

Mas também falam de amores e desamores. Como se lida com a emoção ao dizer estes poemas em público?
Não é fácil, principalmente quando a pessoa a quem se dedica a poesia está presente. São um misto de sentimentos, nada fácil lidar com o momento e o sentimento.

Quando viu o seu livro editado e a ser apresentado em vários locais do país, sentiu-se um homem realizado por ter concretizado este seu sonho?  
Um escritor nunca se sente realizado porque ao editar um já pensa num outro. O sonho comanda a vida e é assim que eu vivo. Se hoje ando a divulgar a minha obra pelo país deve-se à minha capacidade de luta. Nunca pedi ajuda aos meus amigos: músicos, actores, nem ao meu compadre e actor João de Carvalho. Luto todos os dias pelo que acredito sem ajudas de ninguém e acho que assim tem mais valor toda esta obra e todo este sucesso que estou a ter. É bom sentir o carinho do público. Para além do público, é tão bom ser acarinhado nas rádios portuguesas, por onde já passei.

O que procura realmente com este e com os futuros livros?
A continuação deste imenso sucesso, quer do primeiro, quer deste segundo.

Já tem novos projetos na área da escrita?
Sim, tenho. A pedido do meu compadre, tenho estado a escrever uma peça de teatro, a qual será em breve e ainda este ano estreada nas salas de teatro portuguesas. Em relação a um terceiro livro, já o comecei a escrever também. Tenho vários projetos entre mãos, como a gravação de um CD de poesia com a participação de vários amigos: Eládio Climaco, Ruy de Carvalho, João de Carvalho, Luis Aleluia, Vitor de Sousa entre outros. Este CD de poesia tem como objetivo ajudar a Associação Voa – Inclusão para a deficiência. Toda a verba angariada é para a associação, não querendo ganhar nada com isto.

Quando começou a ler, percebeu logo que queria pegar no papel e na caneta? 
Tinha vontade, mas não aconteceu logo. Comecei nos tempos da escola, com 14 ou 15 anos.

Ao ler a sua poesia, rapidamente nos apercebemos que o Paulo é um homem de fortes emoções. Como se define enquanto escritor?
Exatamente como vocês o definiram: um homem de emoções fortes. Acertaram em cheio. Eu sou mesmo assim, quando gosto, gosto, mas também quando não gosto também sou capaz de satirizar em poesia e dizer o que penso.

Escritor de poemas simples, mas com muito sentimento, é isso?
Sempre. Sempre fiel aos meus ideais, ao que acredito. Poesia sem sentimento não é poesia. Poeta sem sentir não é poeta. Costumo dizer que, se faz sentir, faz sentido.

Com que corrente literária mais se identifica?
Poesia, romance e teatro.

Em 2017, foi um dos autores a receber das mãos do antólogo Gonçalo Martins o reconhecimento na Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea. Foi um momento importante para si?
Sim, sem dúvida. Não é todos os dias que somos reconhecidos como um poeta de poesia contemporânea. Em 2018, voltou a acontecer em Coimbra. É bom, faz bem à alma sabermos que somos bons no que fazemos, mas, atenção, sem embandeirar em arco. Existem muitos que se julgam donos do mundo, eu continuo a ser quem sempre fui: o Paulo, o menino humilde e de bom coração, amigo do seu amigo.

Que importância tem as redes sociais na sua vida de poeta?
As redes sociais têm um valor muito importante na minha vida. Através delas consigo partilhar emoções entre os seguidores. Partilho poesia, projetos futuros e com isto cresce entre os fãs. A minha página neste momento passou os 12 mil seguidores. Algo que me enche de orgulho. É sinal que gostam do que faço e escrevo. Só com este carinho todo me dá vontade de continuar a fazer o que mais gosto, escrever mais e melhor.

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