Cultura
Sons no Património está de regresso à Área Metropolitana do Porto
Cartaz aposta em estilos musicais variados para aproximar população ao património
A segunda edição do Sons no Património está de regresso à Área Metropolitana do Porto (AMP), entre 26 e 29 de setembro. Propondo a música como veículo de aproximação das pessoas ao património, a iniciativa promovida pela AMP propõe, ao longo de quatro dias, um programa com 17 concertos de entrada livre em museus e lugares patrimoniais dos 17 municípios que constituem o território da Área Metropolitana do Porto. Entre profano e religioso, contemporâneo e erudito, jazz e tradicional, blues e fado, eletrónico e acústico, o programa é variado e destina-se a celebrar e a valorizar o património à escala metropolitana através da música.
Jack Broadbent, Gisela João, Manuel de Oliveira, Real Confraria do Canto Arouquense, Danças Ocultas, Teresinha Landeiro, Rua da Lua, Manuel Linhares, Pedro Caldeira Cabral, Anaquim, António Chaínho Trio, Angelicus Duo, Rui Massena, MurMur e O GAJO são assim os 15 projetos artísticos que, no último fim-de-semana de setembro, transformarão praças, museus, igrejas, mosteiros, parques, antigos centros industriais e estações ferroviárias em inusitados palcos de música.
De acordo com a AMP, “à celebração da riqueza inesgotável do mosaico patrimonial da região corresponde um programa artístico eclético, pensado e adequado a cada lugar, instigador de novos contactos, leituras e experiências dos territórios e gerador de convivências naturais e outras menos prováveis.” A reedição desta proposta, materializada primeiro em 2018, floresce da vontade da Área Metropolitana do Porto em valorizar o património dos 17 municípios que a integram. “Estamos fortemente empenhados em sustentar estas e outras apostas recentes no setor cultural do território, como a criação da Plataforma PIN e a disponibilização dos Roteiros do Património Cultural da AMP e do Mapa do Património Cultural Material e Imaterial da AMP”, sublinha a organização.
Dia 26: Sons no Património em Arouca, Porto e Santo Tirso.
O primeiro concerto gratuito do ciclo “Sons no Património 2019” arranca no dia 26, às 18h00, no Porto, nos jardins da Casa Museu Marta Ortigão Sampaio e marca o regresso a Portugal do talentoso cantor e compositor Jack Broadbent, que tem deixado, pelo mundo fora, audiências fascinadas com o seu estilo inigualável em slide guitar. Após a atuação do “mais excitante bluesman do nosso tempo”, como refere a organização, segue-se às 22h00, em Arouca, o espetáculo da Real Confraria do Canto Arouquense, na Praça Brandão de Vasconcelos, onde será apresentado um repertório inédito interpretado por um conjunto de músicos e coletivos locais empenhados em perpetuar a tradição oral do canto polifónico. Mesmo ali, junto ao imponente Mosteiro de Arouca, serão interpretadas canções inéditas sobre o território e a identidade local. À mesma hora, em Santo Tirso, a Igreja Românica de Roriz será o palco de uma viagem musical com Manuel de Oliveira, que partilhará com o público as suas composições com reflexos de uma alma ibérica, com veneração intemporal pelas suas origens e tradições.
Dia 27: seis municípios com concertos gratuitos
Na sexta-feira, seis dos municípios da AMP recebem os concertos gratuitos do “Sons no Património 2019”, todos com hora marcada a partir das 21h30. A Igreja Românica dedicada a São Pedro de Rates, na Póvoa de Varzim, recebe Gisela João, uma das vozes arrebatadoras do Fado e uma das mais importantes intérpretes da música portuguesa da atualidade. Ao mesmo tempo, e também na linha do Fado, a Antiga Estação Ferroviária da Trofa é paragem obrigatória da tournée nacional e internacional de Teresinha Landeiro, que, acompanhada por Pedro de Castro e André Ramos, apresentará o seu novo álbum “Namoro”, aclamado pela crítica e tão bem recebido pelo público. Em Paredes, Pedro Caldeira Cabral, guitarrista e referência incontornável da música portuguesa, sobe ao palco do Mosteiro de Cete, para expressar nesse Monumento Nacional a sua mestria na guitarra portuguesa e o estilo próprio que, como compositor e multi-instrumentista, apurou ao longo dos seus 50 anos de carreira internacional. Mais a Sul na AMP, o icónico Mercado Municipal de Santa Maria da Feira, desenhado por Fernando Távora, recebe “Danças Ocultas”, um dos representantes mais inovadores, emocionantes e magnéticos da música contemporânea portuguesa, que há já alguns anos tem vindo a progredir no universo da world music internacional. Em Oliveira de Azeméis, no Parque La Salette, o cantor, letrista e compositor portuense Manuel Linhares apresenta o seu mais recente trabalho discográfico “Boundaries”, que lhe tem valido rasgados elogios da imprensa especializada. Por sua vez, o Centro Histórico de Macieira de Cambra, em Vale de Cambra, recebe às 22h00 os “Rua da Lua”, um quinteto que reúne acordeão, guitarra clássica, contrabaixo e percussão para um espetáculo universal, que atravessa gerações e as une, numa viagem única.
Dia 28: Concertos gratuitos em Vila do Conde, Espinho, Maia, Valongo, Gondomar e São João da Madeira
No dia 28, o “Sons no Património” ecoa nos municípios de Espinho, Gondomar, Valongo, Vila do Conde, Maia e São João da Madeira. A partir das 17h30, o Museu Municipal de Espinho recebe os Anaquim, cujos temas e letras atuais pautadas por ironia certeira acompanham os tempos com otimismo, bebendo inspiração em nomes como Fausto, Sérgio Godinho e Zeca Afonso, bem como de influências internacionais como a canção francesa, a música country ou bluegrass. Às 18h00, em Gondomar, será possível assistir à rara oportunidade de apreciar, no mesmo local, parte significativa da obra sublime de três grandes vultos da cultura portuguesa: um deles pintor, o segundo arquiteto e o terceiro guitarrista. A Fundação Júlio Resende, lugar onde viveu e pintou Júlio Resende, e concebida pelo amigo José Carlos Loureiro, acolhe António Chaínho, notável embaixador da Guitarra Portuguesa, que assim regressa ao Sons no Património para o primeiro de dois concertos que a memória não esquecerá.
Às 21h30,o maestro Rui Massena propõe uma viagem de melodias a partir da monumental Igreja Conventual de São Salvador de Moreira da Maia, onde será ainda possível admirar um dos maiores tesouros daquele monumento: o raríssimo órgão de tubos Arp Schnitger. À mesma hora, o Sons no Património evoca na Igreja Paroquial de Árvore, em Vila do Conde, os 50 anos da morte de José Régio, convidando assim à exaltação dos sentidos. O Angelicus Duo nada mais propõe que o entrelaçar da voz no delicado som da harpa, numa harmoniosa junção de timbres que desvendam obras de compositores eternizados como Vivaldi, Händel, Mozart e Schubert, entre outros. À voz da soprano Filipa Lopes, associa-se a mestria da harpa de Emanuela Nicoli. Já em Valongo, também às 21h30, testemunha-se o regresso dos MurMur ao Sons no Património, que leva até ao Centro Cultural de Campo o talento da atriz e cantora Sandra Celas, de Alexandre Cortez e Filipe Valentim (Rádio Macau), do guitarrista Sérgio Costa e o percussionista Mário Santos, para um concerto intimista que privilegia a língua portuguesa num universo musical povoado de influências e inspirações diversificadas, da música eletrónica ao jazz. Por fim, São João da Madeira, recebe, às 22h00, O GAJO, que apresenta no Oliva Creative Factory o som da Campaniça, instrumento histórico de raiz tradicional, e o novo disco, “As 4 Estações d’O GAJO”, numa referência à obra de António Vivaldi. Quem se deslocar a este emblemático epicentro da memória e da criatividade sanjoanense terá ainda oportunidade de visitar gratuitamente duas exposições patentes no Centro de Arte Oliva. “Trabalho Capital”, com curadoria de Paulo Mendes, integra obras de arte contemporânea, a partir da coleção Norlinda e José Lima, em diálogo com objetos pertencentes à antiga fábrica Oliva, e ainda “Extravaganza”, com curadoria de Antonia Gaeta, contempla obras de arte bruta, a partir das obras da coleção Treger/Saint Silvestre.
Dia 29 – Jack Broadbent e António Chainho Trio encerram programa do “Sons no Património 2019”
No último dia do “Sons no Património 2019”, os concertos acontecem às 17h30, em Matosinhos e em Vila Nova de Gaia. Jack Broadbent dá o seu último concerto no Museu Quinta de Santiago e brinda o público com a sua genialidade e um estilo blues em estado puro, repleto de influências como John Lee Hooker, Peter Green, Jimi Hendrix, Robert Johnson e Crosby, Stills Nash & Young. Ao mesmo tempo, na Casa Museu Teixeira Lopes, em Vila Nova de Gaia, António Chaínho Trio garante a segunda e derradeira oportunidade de testemunhar um momento único e irrepetível na companhia da Guitarra Portuguesa, pelas mãos de um dos seus irrefutáveis mestres.
Foto: DR