A Sustentabilidade significa dar suporte, apoiar alguma condição, em algo ou alguém, sendo a forma para um dado processo existir. É uma palavra com vários sentidos, variando consoante os contextos na qual é empregue, sejam estes sociais, ambientais, empresariais e relacionais.
Um dos conceitos muito conhecido associado ao ser sustentável, está relacionado com a manutenção do meio ambiente, da Terra, mantendo a qualidade de vida e a harmonia entre e com as pessoas, ou seja, é cuidar do nosso planeta para ser aproveitado a longo prazo pelas futuras gerações. A sustentabilidade social, por outro lado, carateriza-se pelas medidas que se estabelecessem para a promoção do equilíbrio e do bem-estar da sociedade, tendo como grande objetivo ajudar os membros da sociedade que enfrentam condições desfavoráveis.
Tendo em conta a definição da palavra sustentabilidade e atribuindo algum enfase à questão do suporte e apoio, podemos introduzir a reflexão sobre a sustentabilidade do ser, ou seja, a forma como o Ser Humano se suporta, se apoia, de modo a poder ser um participante ativo na sustentabilidade da sociedade e do Outro.
Cada pessoa ao desempenhar um dado papel na sociedade, na sua comunidade e no seu mapa relacional, está a contribuir para o crescimento sustentável dos contextos onde está inserido e de igual modo está a desenvolver a sua sustentabilidade pessoal, pois quando somos criadores de estratégias, desenvolvemos o nosso conhecimento e colocamos em prática, em prol de algo ou alguém estamos a ser promotores de sustentabilidade.
Esta reflexão não está de todo associada a uma teoria egocêntrica, apesar do enfase que é atribuído à relação do Ser Humano consigo próprio, pois a sustentabilidade implica as várias relações com o Outro e com o meio ambiente envolvente, sendo necessário que as mesmas sejam baseadas em uma consciencialização e um equilíbrio individual.
A questão da sustentabilidade pessoal, relacionada com os aspetos emocionais e relacionais, induz-me a elaborar algumas questões para os leitores: “Que estratégias de sustentabilidade pessoal utilizam? Como se tornam mais sustentáveis emocionalmente? Como contribuem para a sustentabilidade do Outro?“.
Existem várias estratégias e várias formas que contribuem para o desenvolvimento da nossa sustentabilidade emocional e relacional e que estão ao alcance de cada um de nós, sendo necessário como ponto de partida, adquirir a consciência do que é de fato importante e necessário para a nossa vida e quais as emoções e as relações que ainda necessitamos conhecer e compreender.
Sem este processo de consciencialização, não somos capazes de promover a nossa sustentabilidade, pois quando o nosso mundo emocional não se encontra alicerçado em bases sólidas, todas as nossas relações serão mais frágeis e, de igual modo, seremos incapazes de nos tornarmos agentes promotores de sustentabilidade nos nossos vários contextos vivenciais.
A compreensão das nossas emoções, da forma como as expressamos e integramos é uma das estratégias mais importantes para nos tornarmos mais sustentáveis, pois quando reconhecemos o que sentimos, quando sentimos e como sentimos, estamos criar uma rede de suporte para os nossos comportamentos e consequentemente para os nossos relacionamentos.
Assim, estamos em simultâneo a desenvolver a sustentabilidade das nossas relações, que por si só, na ausência de uma estabilidade, interferem em larga escala, com a nossa autossustentabilidade. É um ciclo contínuo de ação – reação com interferências e consequências do individual para o coletivo e vice-versa.
A autossustentabilidade emocional não é por si só suficiente para a harmonização da nossa vida, pois não nos podemos esquecer de todas as relações que promovem o nosso autoconhecimento, que enriquecem a nossa existência com todas as partilhas, com todo um vasto conjunto de emoções e comportamentos que fortalecem os nossos alicerces e assim nos tornam mais sustentáveis e sustentados.
A convivência em sociedade, as nossas relações pessoais, serão também fontes de ameaças à nossa sustentabilidade ao originarem dúvidas, receios, revelarem incapacidades, desconhecimento de nós próprios e do meio em nosso redor, com a tomada de consciência de que a sustentabilidade do nosso ser não é algo estanque, é um processo mutável, de aprendizagem, de avanços e recuos, mas permitindo e potenciando o nosso autoconhecimento e desenvolvimento pessoal.
A sustentabilidade do Ser é desenvolvida através de uma abordagem holística, tendo em consideração todos os fatores internos e externos com as suas influências e consequências que serão responsáveis por uma importante transformação do nosso ser, das nossas relações, da nossa vida e da de todos aqueles com quem nos cruzamos.
Um ser sustentável é aquele que reconhece em si um vasto conjunto de emoções para serem compreendidas e de potencialidades e capacidades para serem desenvolvidas em prol do seu crescimento e da sustentabilidade da sua comunidade, sociedade e do Mundo.
Ricardo Fonseca
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