Opinião
Troca de serviços: como ajudar?
Este artigo tem como tema central “crescer” e neste sentido, decidi escrever sobre as trocas de serviços, que nos dias de hoje se encontram a crescer exponencialmente abrangendo inúmeros contextos de vida, permitindo um crescimento pessoal, emocional em todos os intervenientes.
Crescemos quando partilhamos o que temos com quem precisa e quando recebemos o que necessitamos, sendo esse crescimento mais genuíno, quando se encontra alicerçado em serviços gratuitos que têm como único objetivo a partilha.
As trocas de serviços, utilizadas nos tempos antigos, consistiam na troca de géneros alimentares por similares ou por outros produtos ou por serviços, que poderiam ir desde os domésticos, á agricultura, à construção. Foram-se mantendo ao longo dos tempos, embora pudessem passar despercebidas e nos dias de hoje, têm crescido em grande escala, motivadas pela crise socioeconómica e pelas necessidades que a crise criou na sociedade.
A diminuição dos rendimentos disponíveis e do poder de compra, tal como o aumento do desemprego, contribuíram para o aumento das necessidades dos cidadãos que se direcionaram para este sistema de trocas, onde não há dinheiro incluído em nenhuma das transações efetuadas. As trocas que estes cidadãos realizam-se baseiam-se em produtos alimentares, vestuário e calçado e serviços em várias áreas.
Surgiram assim, algumas empresas que se dedicam à troca de serviços, com métodos de funcionamento muito semelhantes e que respeitam determinadas regras para a adesão dos membros e para a prestação dos serviços. O pagamento destes serviços consiste num sistema de tempo, cuja moeda são as horas que utilizadas na troca dos serviços.
Estas empresas, espalhadas por todo o país, oferecem através dos seus membros, diversos serviços como por exemplo, acompanhamento de crianças e idosos, serviços domésticos, acompanhamento nos estudos e explicações, reparações domésticas, entre outros.
Temos por exemplo as empresas Banco do Tempo, Equilíbrio Humano, Eco-Trocas, Bliive, Impossible, entre outras, que se têm espalhado pelas redes sociais permitindo um aumento do número de prestadores de serviços e da oferta de serviços que podem ser prestados. Em algumas comunidades existe um sistema de trocas de bens alimentares e serviços, tendo sido criados os Mercados Eco, onde a moeda de troca é o Eco que serve apenas para comprar e vender nesses mercados.
As trocas de serviços não são unicamente realizadas através de empresas, rede sociais e comunidades, sendo também realizadas a título individual e particular para responder a uma determinada necessidade ou para atingir um determinado objetivo.
As trocas não têm que estar exclusivamente associadas à necessidade de algo, podendo ser participante neste sistema, todos aqueles que têm algo para oferecer, sem necessariamente precisar de algo em troca do serviço prestado. É um sistema que potencia os sentimentos de entre ajuda, utilidade e felicidade.
Muitos indivíduos apresentam dificuldade em aderir a este sistema de trocas, por experienciarem sentimentos de culpa, vergonha, frustração quando assumem que precisam satisfazer as suas necessidades e carências. Esquecem-se que mais do que vergonha e culpa, há outro sentimento em jogo que deve ser valorizado que é a capacidade de assumir que se precisa de algo e saber pedir ajuda, conscientes de que possuem capacidades e competências para retribuir o serviço prestado.
O ideal do sistema de trocas é fazer com que os indivíduos reconheçam que possuem capacidades, conhecimentos, competência que podem ser colocadas ao serviço dos outros e que podem servir de pagamento pelos serviços que lhes foram prestados sem qualquer interferência monetária. É o reconhecimento de que quando se troca, não há ricos nem pobres, mas sim indivíduos com um enorme leque de possibilidades para receberem e pagarem um serviço.
Este sistema também pode ser utilizado em processos de formação e de ensino, nos casos em que queremos participar numa determinada formação e não possuímos o valor monetário necessário para tal. Nestes casos, deve-se reconhecer esse fato perante os formadores, oferecendo de imediato uma gama de serviços que podem ser utilizados como forma de pagamento.
Existe um enorme leque de possibilidades para as trocas de serviços, mesmo quando não há uma indicação direta sobre essa possibilidade, da parte de uma pessoa, uma empresa, um lugar. Somos nós que devemos procurar o que precisamos assumindo que não tendo capital monetário, temos competências e capacidades que podemos utilizar como moeda de pagamento.
O ato de trocar não deve ser um motivo de vergonha, pois é um fator de união entre as pessoas, de coesão, de partilha de experiências, de empatia pelas situações que estão a acontecer em determinado momento e se tornam pontos comuns entre muitas pessoas. Trocar é reconhecer com humildade que precisamos de algo e que temos algo que podemos oferecer.
As trocas de serviços são uma forma genuína de reciprocidade, permitindo o nosso crescimento quer individual quer coletivo, através de ações positivas que são respondidas com ações positivas, em que todos os intervenientes se sentem unidos por um sentimento comum de positividade e partilha.
Termino este artigo deixando umas perguntas para reflexão: Já pensaste em aderir a uma rede de trocas? O que tens para oferecer ao Outro? O que precisas neste momento e que alguém te pode oferecer? Como podes crescer, ao trocares?
Tem uma solução que aplica bem essas trocas de produtos e serviços funcionando ativamente no Brasil: XporY.com. Sugiro a experiência.