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Enfermeiros do SU de pediatria do Hospital de Gaia pedem escusa de responsabilidade

A equipa de enfermeiros do Serviço de Urgência (SU) de Pediatria do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho pediu escusa de responsabilidade, devido à falta destes profissionais, anunciou hoje a Ordem dos Enfermeiros (OE).

Em declarações à agência Lusa, o presidente da OE do Norte, João Paulo Carvalho, alerta que “os cuidados de enfermagem seguros e de qualidade estão (ou poderão estar) comprometidos se a equipa não for rapidamente reforçada”.

Segundo este responsável, a equipa de enfermagem do Serviço de Urgência pediátrica deste centro hospitalar, do distrito do Porto, é composta por “21/22 enfermeiros quando deveriam ser 40”, de acordo com o regulamento de dotações seguras da OE.

Estes profissionais remeteram, na terça-feira, um segundo pedido de escusa ao Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E), depois de já terem apresentado um primeiro pedido há pouco mais de um mês.

Em resposta escrita enviada à Lusa, o Conselho de Administração (CA) do CHVNG/E “confirma a receção das escusas de responsabilidade dos enfermeiros que exercem a sua atividade no Serviço de Urgência pediátrica, assim como outros serviços” daquele centro hospitalar.

“O CA do CHVNGE é compreensivo com as motivações apresentadas pelos nossos enfermeiros, reconhecendo a maior pressão a que estão sujeitos neste período sazonal e ao elevado absentismo que se tem verificado nas equipas”, refere o CA, que deixa um alerta.

“Ressalvamos que o grande aumento de utentes no serviço de urgência está também associado a episódios pouco ou nada urgentes (triagem verde/azul). Ainda assim, reconhecemos a necessidade de reforço das equipas, situação que está a ser articulada com as entidades legalmente competentes para a obtenção de autorização para a contratação de mais profissionais”, acrescenta o centro hospitalar.

A Ordem dos Enfermeiros diz, contudo, que desde abril deste ano que o CHVNG/E foi alertado para a falta de enfermeiros.

“Esta equipa fez um pedido de ajuda à OE em abril de 2021, tendo sido enviado ofício ao hospital em junho. Na altura, tinham rácios de três enfermeiros por turno num serviço com seis postos de trabalho. Tendo em conta a casuística da altura e o compromisso assumido de que iriam reforçar a equipa, definimos como número mínimo (e durante um período de tempo transitório) quatro enfermeiros por turno”, explica João Paulo Carvalho.

O presidente da OE do Norte diz que o centro hospitalar “aumentou o rácio, tal como assumido, mas ficou por aí, não reforçando a equipa”.

“Como o numero de episódios de urgência foi aumentando e a complexidade de cuidados também, a equipa, após vários pedidos de ajuda, assinou o primeiro pedido de escusa de responsabilidade a 18 de novembro. Fizemos nova visita a 27 de novembro e identificámos a necessidade de seis/sete enfermeiros por turno, estando somente quatro e, por vezes, três”, acrescenta este responsável da OE.

João Paulo Carvalho conta que a falta de enfermeiros no Serviço de Urgência de Pediatria do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho está a levar estes profissionais à exaustão.

“Encontramos uma equipa com muitas centenas de horas em débito, exausta e em rutura. Fizeram novo pedido de escusa de responsabilidade a 28 de dezembro. Portanto, podemos afirmar que os cuidados de enfermagem seguros e de qualidade estão (ou poderão estar) comprometidos se esta equipa não for rapidamente reforçada”, avisa o presidente da OE do Norte à Lusa.

Na terça-feira, a Ordem dos Enfermeiros revelou que, este ano, recebeu mais de três mil pedidos de escusa de responsabilidade devido ao elevado número de doentes, a maioria dos quais durante dezembro.

No balanço apresentado, a OE indica que rececionou no total 3.013 pedidos de escusa de responsabilidade, sendo que o número mais que duplicou no último mês do ano, uma vez que até novembro tinham sido contabilizados cerca de 1.300 pedidos.

A declaração de escusa de responsabilidade foi disponibilizada em janeiro para acautelar a eventual responsabilidade disciplinar, civil ou criminal dos enfermeiros face ao número de doentes a seu cargo, numa altura em que os hospitais enfrentavam uma elevada pressão devido ao agravamento da pandemia da covid-19.

JGS//LIL

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