Teatro

Luís Aleluia, o ator. Tímido, exigente, crítico, tolerante e solidário

Era o menino Tonecas na série da RTP “As lições do Tonecas”, exibida entre 1996 e 1999. Muita gente não esquece esse papel do rapaz de suspensórios, calções e boné. Sempre com perguntas na ponta da língua, sempre com o dedo no ar. Tinha apenas 10 anos quando pisou o palco pela primeira vez. Foi em Setúbal. E nunca mais parou.

A paixão pela arte da representação surgiu cedo e foi pelo teatro que a porta se abriu. Teatro amador, Parque Mayer, televisão, novelas, séries. Muitos palcos, muitos papéis. Recentemente, integrou o elenco de “Pôr do Sol” da RTP. Este ano, Luís Aleluia celebrou 40 anos de carreira. Um percurso preenchido e intenso com vários reconhecimentos pelo caminho. Ator de corpo inteiro, homem de alma cheia.
Quatro décadas de arte, um momento para olhar para dentro. “Sou bastante tímido e introvertido, apesar de não parecer dada as caraterísticas da profissão”, confessa. O que acaba, refere, por se refletir nas interações sociais e na relação com as chefias. “Sou muito inseguro quanto às minhas reais capacidades, sou muito crítico de mim mesmo e a achar que nada está perfeito, mesmo quando me tentam convencer do contrário”. Assim não é fácil. “Há quem acredite mais em mim que eu próprio, o que roça o absurdo”, conta.
É solidário, preocupa-se com o mundo que o rodeia, inquieta-se com o sofrimento alheio, com as desigualdades económicas e sociais que provocam assimetrias incompreensíveis e injustas. “Daí sentir-me bem em fazer parte de algumas associações que promovem iniciativas relacionadas com a solidariedade ativa”, adianta. É observador, é crítico, gosta de ouvir, de discutir e de aprender constantemente, não só por defeito profissional, mas porque considera que toda a aprendizagem é necessária para a evolução, para o conhecimento. Para o mundo pular e avançar.
Dá tudo o que tem. “Sou muito exigente profissionalmente, às vezes em demasia, por receio de gorar as expetativas de quem aposta e acredita nas minhas capacidades”. Há em si, reconhece, um lado empreendedor e prático que até o surpreende. Tenta sempre encontrar soluções para os obstáculos que vão surgindo, quer no que diz respeito a si, como aos outros, sejam indivíduos ou instituições. E assume a sua ingenuidade na avaliação das intenções e do caráter dos outros, o que já lhe provocou situações incómodas e de grande frustração. “Ser tolerante, e aceitar a pluralidade de opinião e a diversidade da condição humana, ajuda a aceitar e a entender melhor os outros”, garante.

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