Festival Internacional de Marionetas do Porto arranca já no próximo dia 6 de outubro e entra na 34ª edição

De 6 a 15 de outubro será esta a ‘matéria filosófica’ a presidir à dinâmica estrutural da programação. Este mesmo conceito vai tutelar a extensão programática do festival em Aveiro, no próximo dia 5 de novembro.

Igor Gandra, diretor artístico do fimp, defende que: “A programação desta edição do festival articula, na sua pluralidade, combinatórias possíveis entre estes conceitos (memória, imagem e manipulação).” E prossegue o raciocínio, “a experiência subjetiva da vida a acontecer, num mundo sempre em movimento, inspirou a montagem de alguns dos espetáculos que se apresentam.” O responsável sustenta ainda que “Lembrar e esquecer, evocar e reconstruir, atualizar – tudo isto são funções da memória que operam a partir da criação e da manipulação de imagens.” A concluir a linha de pensamento, advoga: “Nesta edição é também no encontro de cada um(a) de nós com a História, enquanto processo de transformação social e política que somos interpelados.”.

No arranque, em plena comemoração do Dia da Implantação da República, há uma aposta do fimp que teima, sem qualquer presunção, a ser “real”, que é a da qualidade, do permanente desafio e teimosia positiva em apresentar trabalhos com índice de qualidade. Por conseguinte, em termos de destaques desta edição sublinhamos com alguma ênfase alguns dos múltiplos trabalhos artísticos a apresentar.

As honras de abertura na edição de 2023 responsabilizam, desde logo e por assim dizer, uma das companhias mais icónicas e históricas existentes no panorama nacional: o Teatro de Marionetas do Porto. Deste modo, o realce vai em primeira instância para “Armazém 88”, uma peça em estreia absoluta, que se insere nas comemorações do 35º aniversário da companhia fundada por essa figura de referência que foi João Paulo Seara Cardoso e à qual a sua companheira de vida, Isabel Barros, deu sequência após o seu desaparecimento há quase 13 anos. É garantido que o trabalho das Marionetas do Porto será uma surpresa, muito positiva. O erguer do pano decorrerá no dia 6 de outubro, sexta-feira, pelas 21h30 (com repetição às 19h30 de sábado, dia 7) no Teatro Municipal do Porto · Rivoli

“Our Empire”, um espetáculo em estreia nacional, pela já conhecida companhia neerlandesa Hotel Modern (& Arthur Sauer neste caso concreto), estrutura teatral que em 2020 nos apresentou “Kamp”, um trabalho sobre o quotidiano no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau , uma peça capaz de tirar o fôlego a quem o presenciou no TeCA -Teatro Carlos Alberto. Desta vez apresentam-se no Teatro Municipal do Porto · Campo Alegre, no dia 7 de Outubro, sábado, às 21h30 (com uma segunda récita no dia 8 de outubro, às 17h00, no mesmo local). O público assistirá a uma [mais do que] interessante incursão histórica que conduzirá a plateia a refletir sobre a questão do império colonial holandês, que quiçá, por analogia, se possa extrapolar algo em relação a outros passados coloniais.

Proveniente de Espanha ‘desembarca’ no TeCA · Teatro Carlos Alberto : “El Mar – visión de unos niños que no lo han visto nunca” (também em estreia nacional + um workshop de 3 dias com Xavier Bobés, um dos responsáveis criativos do espetáculo juntamente com Alberto Conejero Lopéz). Trata-se da história de um professor que, em pleno período franquista, em pleno período franquista, quis proporcionar aos seus alunos de uma aldeia do interior do país a concretização de um sonho: uma viagem até à orla marítima da Catalunha, para que estes pela primeira vez vissem o mar e que acaba por ser vítima de assassinato antes de cumprir a promessa que havia feito. Uma peça para todos, mas que pode interessar muito em particular a docentes e estudantes, e pode ser vista nos dias 14 de outubro, sábado, às 19h00, e no dia 15 de outubro, domingo, às 16h00, no TeCA.

O desígnio de uma extensão do festival até outras paragens, ainda que não demasiado distantes, teve franco acolhimento por parte dos responsáveis do Teatro Aveirense. Deste modo, “Negative Space”, mais uma peça em estreia nacional, através de um trabalho que resulta da criação da companhia inglesa Reekless Sleepers, reitera assim a ‘inauguração’ dessa abrangência geográfica do fimp em Aveiro, no dia 5 de novembro, na supracitada sala, às 19h00. Três palavras para sublinhar as múltiplas sensações que o espetáculo pode espoletar: é vertiginoso, desconcertante e comovente!

Ainda no panorama dos espetáculos produzidos em solo nacional, há algum relevo a conferir aos trabalhos criativos do bailarino e coreógrafo Joclécio Azevedo “Público e Multidão”, a ver no Teatro Municipal do Porto · Campo Alegre, no dia 13 de outubro, sexta, às 21h30, e no dia seguinte, 14 de Outubro, às 17h00.

“POLAROÏD” da companhia francesa Mecanika (+ Tondeuse – Duo de música / dia 14, sábado, às 23h00, no sub-palco do Rivoli) é uma proposta encabeçada por Paulo Duarte, artista português radicado em França há cerca de 30 anos, cuja esfera de labor é a da marioneta contemporânea, e que trará uma história a partir de um álbum de família, daí que o epíteto seja “POLAROÏD”. A peça pode ser vista nos dias 14 e 15 de Outubro, no Teatro Municipal do Porto · Rivoli, às 21h30 no sábado e às 19h30 no domingo.

As mascotes do fimp, bem poderíamos dizer “as mascotes dos fimp’s”, uma vez que são muitos os realizados até à data, voltam também a estar em grande e este ano serão numerosas as possibilidades de pais e filhos, miúdos e graúdos, voltarem a utilizar materiais recicláveis para construírem as marionetas em workshops gratuitos que irão decorrer no TeCA, no Teatro Municipal Constantino Nery, em Matosinhos, bem como nas estações do Metro do Porto de Faria Guimarães e do Heroísmo (ver programa do fimp’23 em link abaixo).

Como resumo, pode assinalar-se que o fimp’23 – Festival Internacional de Marionetas do Porto 2023 – entre os dias 5 e – 15 de Outubro + 5 de Novembro, será palco para dezassete espetáculos de companhias portuguesas e estrangeiras, um concerto, uma curta-metragem, três masterclass, quatro WOP’s – workshops, dois WIP’s – Work in Progress, duas exposições e buééééé de Fimpalitos, tudo isto a realizar em doze espaços, bem conhecidos, da cidade do Porto, em Matosinhos e pela primeira vez também em Aveiro, a saber: Rivoli – Teatro Municipal, Teatro Campo Alegre, Coliseu (do) Porto Ageas, Teatro Carlos Alberto, Teatro de Belomonte, Teatro de Ferro, Teatro Helena Sá e Costa – ESMAE, Jardim da Cordoaria, estações do Metro do Porto e Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery e Teatro Aveirense.