DISLEX alerta para deteção precoce da dislexia no Pré-Escolar

No âmbito do Dia Mundial da Dislexia, que se assinala a 10 de outubro, a DISLEX – Associação Portuguesa de Dislexia apelou, em nota de imprensa enviada à Agência de Informação Norte, à tomada de medidas na política educativa que permitam identificar e acompanhar alunos com dislexia desde o Pré-Escolar.

“Em Portugal, uma em cada 10 crianças sofre de Dislexia! Como qualquer criança, querem ser bem sucedidas na escola. Mas, inesperadamente, algo corre mal ao iniciar a leitura-escrita: troca letras de som ou de forma equivalente: ao ‘c’ atribui o som ‘g’, ao ‘d’ o som ‘b’! Pretende escrever ‘pai’ e surge ‘pia’ ou ‘só’ e escreve ‘os’! Os pais e os professores inquietam-se, tentam resolver a perturbação, mas ela persiste. Que se passa com a criança? É esforçada, aprende bem, e até pode ser entusiasta e rápida, em matemática ou estudo do meio, por exemplo. Mas ler é um problema … Adensam-se em torno delas sinais da preocupação; aí se inicia um ciclo penoso que, mais adiante, traz intermináveis momentos de angústia, vergonha e medo! São crianças com capacidades cognitivas por vezes até mais elevadas, mas com desenvolvimento neurodivergente”, afirmou Helena Serra, presidente da Assembleia Geral da DISLEX.

A associação defende a obrigatoriedade de identificação precoce na educação Pré-escolar, nomeadamente aos cinco anos, dos pré-requisitos das aprendizagens simbólicas – linguagem, conhecimento fonológico, noções de espaço e tempo, perceção e memória auditiva e visual, motricidade, coordenação viso-motora e atenção – através de provas de avaliação que permitam detetar a existência destas competências antes da entrada no ensino formal.

Segundo a DISLEX, a identificação precoce da dislexia pode permitir melhorar as competências facilitadoras da leitura e da escrita, reduzindo as dificuldades e o impacto emocional associado ao diagnóstico tardio.

A dislexia é uma perturbação específica de aprendizagem com origem neurológica, caracterizada por dificuldades no reconhecimento adequado das palavras, discurso pobre e problemas de descodificação, resultantes de défices na componente fonológica da linguagem. Embora esteja sobretudo relacionada com a leitura, pode ter repercussões noutras áreas académicas, emocionais e comportamentais.

A nível mundial, a dislexia afeta cerca de 600 milhões de pessoas e é mais comum do que se imagina. Entre as figuras conhecidas que viveram com esta perturbação contam-se Albert Einstein, Pablo Picasso, Leonardo da Vinci, Agatha Christie, Vincent van Gogh, Winston Churchill, Steven Spielberg e Jamie Oliver.

Fundada em 2000, no Porto, a DISLEX – Associação Portuguesa de Dislexia tem como missão promover a investigação na área, formar profissionais para uma melhor capacitação dos contextos educativos e intervir junto de crianças, jovens e adultos disléxicos. Desde 2009, a associação atua sob a atual designação e mantém como prioridade a sensibilização para a identificação precoce e o apoio contínuo a quem vive com esta perturbação.