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Festival CA Vilar de Mouros celebra 60 anos com edição histórica e vai ter um museu

O mais antigo festival de música da Península Ibérica volta a ocupar a icónica aldeia minhota. O Festival CA Vilar de Mouros regressa com uma edição especial que assinala os 60 anos desde a sua primeira realização, em 1965. E, num futuro muito próximo, vai ter um museu. Com quatro dias dedicados à música ao vivo, o evento contará com concertos dos James, de Papa Roach, dos Sex Pistols feat. Frank Carter, The Kooks, The Stranglers, Stereo MC´ e Da Weasel, entre muitos outros.

O festival CA Vilar de Mouros está de volta, reafirmando-se como um festival que honra o passado, mas com os olhos postos no futuro, mantendo viva a sua identidade e capacidade de atrair gerações em torno da música e da celebração. Esta é “uma edição naturalmente especial”, diz Paulo Ventura, o porta-voz do festival, já que se trata da edição comemorativa dos 60 anos desde a primeira realizaçaõ do evento, em 1965. Paulo Ventura antecipa “uma boa afluência” de público, embora não adiante o número de festivaleiros esperados entre quarta-feira e sábado. “A venda de bilhetes está a correr bem, vamos esperar o final de cada dia para fazer essas contas”, diz o responsável. E, apesar do Vilar de Mouros não se ter realizado todos os anos, desde a sua criação, Paulo Ventura afirma que as edições realizadas “não deixam de ser anos muito intensos de um festival que é uma marca deste país”.

“Falta muito pouco” para se concretizar o Museu do Festival

O Presidente da Câmara de Caminha, Rui Lages, também se refere ao CA Vilar de Mouros como “uma marca de excelência do concelho”. Em declarações à Agência de Informação Norte (AIN), o autarca reconhece a importância estratégica do festival, por ser tratar do “mais antigo da Península Ibérica e um dos mais antigos da Europa”. Essa longevidade, sublinha Rui Lages, confere ao festival um “carácter verdadeiramente único e pioneiro”, com um legado que “cada edição valoriza ainda mais”, reforçando o seu prestígio nacional e internacional. “Todos sabemos que não é um festival qualquer, não é mais um festival”, defende o edil.

Por esses motivos, a autarquia de Caminha está a desenvolver um projeto que visa “preservar e partilhar esse legado de forma permanente”, com a criação do Museu do Festival de Vilar de Mouros, que ficará instalado na Casa do Barrocas, no Largo da Torre. O espaço terá curadoria de Fernando Zamith e resulta de um protocolo entre a Câmara e a Junta de Freguesia local.
“Estamos muito empenhados neste projeto, que é um desejo antigo, um sonho que vai mesmo ser realidade”, garante Rui Lages, acrescentando que “o espólio já existe e que falta muito pouco para se concretizar”. O objetivo, segundo o autarca, é “tornar o festival vivo e visitável durante todo o ano, não apenas em agosto”.

Mantendo a identidade que o caracteriza, o festival arranca amanhã, dia 20, com uma noite memorável, de nomes da música britânica, encabeçada pelos James, que sobem ao palco num concerto especial para encerrar a digressão europeia. Já os The Kooks vão apresentar o novo álbum Never/Know, enquanto The Stranglers regressam a Vilar de Mouros, onde atuaram pela primeira vez em 1982. Também a assinalar um marco importante, os Starsailor comemoram 25 anos de carreira no palco minhoto. A noite fica completa com o regresso dos Altered Images.

No segundo dia, 21, os holofotes estão voltados para os lendários Sex Pistols, agora acompanhados por Frank Carter, numa colaboração inesperada que tem conquistado palcos por todo o mundo. A noite inclui ainda atuações dos históricos The Damned, dos canadianos Palaye Royale e da vibrante Girlband!, que se tem destacado pela sua abordagem positiva ao ativismo.

Dia 22, o destaque vai para a banda de metal norte-amaricana Papa Roach, que encerra a sua recente digressão no palco de Vilar de Mouros. A mesma noite será marcada pela despedida dos suecos Refused, num dos últimos concertos do grupo. O público poderá, ainda, assistir aos tributos enérgicos dos Hybrid Theory, banda de homenagem aos Linkin Park, e descobrir os suecos Girl Scout, com as suas canções intensas e bem construídas.

O festival termina a 23 de agosto, com um cartaz que cruza gerações e estilos. Da Weasel, que apenas realizarão três concertos em 2025, escolheram Vilar de Mouros como uma das datas. Os I Prevail estreiam-se em palcos portugueses, enquanto The Ting Tings regressam com novo disco, após anos de silêncio. A festa encerra com os Stereo MC’s, também de regresso aos palcos, depois de uma reunião mediática no programa de televisão Jimmy Fallon.

O porta-voz do festival, Paulo Ventura, considera o cartaz deste ano “muito forte, um óptimo cartaz”. E confessa um entusiasmo especial em relação à banda de rock belga Triggerfinger, que atua na última noite, dizendo que “representam aquilo que é o Vilar de Mouros” e antecipando com “quase certeza que vão ser um dos vencedores deste festival”.

Melhoramentos no recinto do festival e nos acessos

Sobre esta edição, Paulo Ventura destaca várias melhorias: “Este ano, temos mais espaços e melhores lugares de campismo. Temos mais parques de estacionamento. Temos melhores acessos na entrada do recinto. Acho que essa é a nossa maior vitória”, enumera. As obras nas imediações do recinto resultaram de um esforço conjunto com as entidades locais e permitiram criar “um acesso ao pórtico muito mais largo, ou seja, deixámos de ter o funil, o que nos vai permitir ter mais corredores, ter melhor acesso e melhor fluidez para dentro do recinto”.

No interior, há também novidades: “Temos mais zonas de casa de banho, mais distribuídas e mais casas de banho. Temos também mais área de alimentação e uma zona de lazer maior”.

O CA Vilar de Mouros destaca-se não só pelo peso do cartaz, mas também pela forte ligação à comunidade local. Presente no imaginário musical português desde os anos 60, o festival tem reforçado, nos últimos anos, esse legado, através de equipas de produção compostas maioritariamente por residentes da região. Este envolvimento traduz uma clara intenção de retribuir à terra a dedicação, paixão e autenticidade que sempre ofereceu ao evento. Paulo Ventura sublinha que “entre 100 e 120 pessoas do concelho trabalham no festival todos os anos” e que “boa parte dos pontos-chave do festival são dirigidos ou coordenados, hoje em dia, por pessoas daqui”. O autarca Rui Lages também assinala “o envolvimento da comunidade local na organização do festival, com equipas de produção compostas maioritariamente por habitantes locais”.

Por ter um reconhecido impacto cultural e económico na região, o Festival CA Vilar de Mouros conta, uma vez mais, com o apoio financeiro e logístico da Câmara Municipal de Caminha e da Junta de Freguesia de Vilar de Mouros. A parceria com o Crédito Agrícola, iniciada em 2023, também se mantém, garantindo estabilidade à produção da edição especial deste ano.

Este “investimento virtuoso na Cultura e num evento realmente diferenciador”, como lhe chama o Presidente da Câmara, justifica-se por representar “uma mais-valia para todo o concelho”. Explica o autarca que “os benefícios estendem-se a concelhos vizinhos, ao Alto Minho e à região”, já que “são 50 mil, 60 mil, 70 mil pessoas passam por cá e muitíssimas a consumir, seguramente”. Por isso, o edil não tem dúvidas de que o festival é, “sem sombra de dúvida, um poderoso motor da nossa economia, com ganhos visíveis na restauração, no comércio e no turismo em geral”. Rui Lages lembra que o concelho “tem no turismo a sua indústria essencial” e que o festival gera uma “visibilidade nacional e internacional excecional, com efeitos duradouros”. Dá o exemplo das “notícias que correm o mundo, mostrando não apenas o recinto ou os concertos, mas todo o concelho”. E concluiu que essa projeção, aliada às condições naturais, infraestruturas, gastronomia e hospitalidade locais, contribui para “gerar riqueza e trazer mais e mais gente à região, não apenas ao festival”.

 

 

 

 

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