Cultura

Feira: Peça de teatro exigente para atores e público resgata relação entre cristianismo e judaísmo

Ao público pede-se, desde logo, tempo e predisposição para se deixar envolver por uma história rica, densa e absorvente em torno do drama ‘O Processo de Jesus’, de Diego Fabbri, que o Grupo Gólgota leva a cena no dia 29 de abril, às 21h30, no Cineteatro António Lamoso, em Santa Maria da Feira. Um espetáculo de grande exigência para um elenco de 23 atores que dão corpo à peça de palco de maior envergadura que o Gólgota alguma vez preparou e que marca o encerramento da programação da Semana Santa de Santa Maria da Feira.

São cerca de duas horas e meia de representação, com uma pausa única de dez minutos para uma tomada de decisão que integra o guião e que abre a porta para um segundo ato que cresce em intensidade e impele o público a entrar na discussão em torno de uma tomada de posição que ninguém quer aceitar.
Não sendo vedado a crianças, o espetáculo é denso, intenso e requer disponibilidade e maturidade para absorver informação de um processo de julgamento com momentos duros, capazes de prender ou até indignar a plateia.
O tema não é novo, mas a discussão permanece atual. Num misto de realidade e ficção, o ‘O Processo de Jesus’ estreou em meados do século XX, refletindo sentimentos e vivências de um Europa pós Segunda Guerra Mundial, onde ainda se experimenta a polémica em torno dos judeus e o relacionamento entre o cristianismo e o judaísmo.
Pelo palco do Cineteatro António Lamoso vão passar 23 atores do Grupo Gólgota, intencionalmente pouco caracterizados, que num cenário minimalista recriam um grupo de teatro liderado por uma família judaica que anda de terra em terra a representar o processo de Jesus, questionando as razões – históricas, políticas, sociais ou jurídicas – que levaram à condenação do Nazareno.
O drama ‘O Processo de Jesus’ percorreu o mundo, estreando em Santa Maria da Feira a 6 de maio de 1983 pela então Secção de Teatro do Centro de Cultura e Recreio do Orfeão de Vila da Feira, que interpretou a versão portuguesa com adaptação de Agostinho Veloso.
Manuel Tavares, conhecido entre amigos por Barreiro, é o único ator de então que integra o atual elenco da peça ‘O Processo de Jesus’, encenada pelo Grupo Gólgota. Tinha 28 anos quando interpretou o papel de Pilatos, numa altura em que a temática do espetáculo e o próprio teatro assumiam um papel de grande relevo na vida cultural e social das comunidades. Quatro décadas depois, aos 68 anos, Barreiro volta a subir ao palco com a mesma peça, mas na pele Elias, presidente do tribunal judaico, um papel mais exigente ao nível do texto e da interpretação.
Fundado em 1991, o Grupo Gólgota – “expressão cultural e social da espiritualidade passionista” é composto por cerca de 170 elementos e assume as encenações teatrais, de palco ou de rua, como uma forma eficaz e contundente de fazer apostolado, de transmitir mensagens e de intervir na sociedade. “Considerando profética a sua missão na sociedade, os seus membros mantêm-se entusiasmados a calcorrear terras e salões para fazer do teatro nova evangelização, com dedicação, altruísmo e amor”, lê-se na sinopse de apresentação do grupo que coordena a Semana Santa de Santa Maria da Feira.
Os bilhetes para o espetáculo ‘O Processo de Jesus’ (5 euros).

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