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Porto: Comida e música leva milhares ao Festival de Comida Continente

Gratuito, popular e com um cartaz sempre recheado de grandes nomes da música portuguesa, o Festival da Comida Continente voltou a reunir milhares de pessoas no Parque da Cidade do Porto. Este ano, a celebração teve um sabor especial. A cadeia de supermercados Continente assinala 40 anos e quis festejar com música, sabores e famílias de todo o país.

Um aniversário redondo, um cartaz de luxo e milhares de visitantes voltaram a dizer sim a um dos maiores eventos gastronómico-musicais do país. O Festival da Comida Continente celebrou as quatro décadas da marca com um fim de semana repleto de concertos, sabores e tradições partilhadas no verde do Parque da Cidade, onde famílias inteiras se instalaram com mantas, tupperwares e alegria para dois dias de convívio e muita música.

Sob um calor ameno e com o céu cúmplice, o festival encheu-se de vida durante o fim de semana de 12 e 13 de julho, oferecendo mais de 16 horas de música ao vivo. A Cozinha Continente foi um dos pontos de paragem obrigatória. Este espaço, com área coberta, acolheu cinco chefs de renome nacional e internacional. Marlene Vieira, Manuel Almeida, Hélio Loureiro, Diogo Rocha e Óscar Geadas confecionaram, ao vivo, diversos pratos com produtos exclusivamente nacionais.

Hélio Loureiro, presença assídua no festival há sete anos, trouxe este ano uma proposta “especial” que foi para além da celebração da comida portuguesa. Inspirado pela riqueza cultural da gastronomia mundial, o chef apresentou uma Moqueca de Camarão à Baiana com Farofa e Arroz. “Trata-se de uma homenagem sentida ao povo brasileiro e, em particular, à vibrante cozinha baiana”, enfatizou.

A cozinha baiana é, nas palavras de Hélio Loureiro, uma expressão viva da fusão cultural. “Junta saberes e sabores indígenas, africanos e portugueses. É uma cozinha que conta histórias, que une mundos diferentes e que, de certa forma, espelha o espírito português de abertura e acolhimento”.

Na comemoração dos quarenta anos da marca, o chef sublinha que esta é uma ocasião “especial” para destacar a diversidade que sempre caracterizou o povo português. “Sempre gostámos de descobrir novos sabores, de conhecer o outro, de integrar influências diversas na nossa forma de estar à mesa. Essa curiosidade faz parte de quem somos e continuará a acompanhar-nos no futuro”.

Em conversa com a Agência de Informação Norte, Hélio Loureiro recorda que a cozinha portuguesa está em constante evolução. “As tradições criam-se. Se pensarmos que há cinquenta ou sessenta anos, na noite de São João, o prato típico não eram as sardinhas, mas sim o cabrito, ou que as francesinhas não existiam e hoje estão ao lado das tripas à moda do Porto, percebemos como a gastronomia se transforma com o tempo, ganhando novas expressões e tendências”, enfatiza.

Para o chef, também o cozido à portuguesa ainda tem muito para oferecer. Acredita que este prato tradicional tem “um longo caminho pela frente, com espaço para reinvenção e criatividade. A prova disso são os novos chefes que participam neste festival, trazendo novas ideias e novas interpretações da nossa herança culinária”.

Por seu turno, Filipa Appleton, diretora de marketing do Continente, sublinha, que nesta edição a marca fez questão de  “elevar ainda mais a experiência” com novos “condimentos” no menu cultural e familiar.
Em ano de celebração dos 40 anos da marca, o Parque da Cidade teve um espaço dedicado à data, um reforço na programação musical e na presença de chefs com showcookings interativos. “Queremos surpreender, envolver e criar memórias inesquecíveis” afirmou.
A entrada continua gratuita. “É uma forma de retribuir a confiança dos nossos clientes e garantir que o festival é acessível a todas as famílias” sublinhou.

“Tem artistas muito bons e o lugar é maravilhoso”

“É sempre um ponto de encontro com amigos e família. É gratuito, tem artistas muito bons e o lugar é maravilhoso” resume Berta Fonseca, que veio de Braga com o carro carregado. A intenção era clara. Ficar até Tony Carreira subir ao palco no domingo e, para isso, nada ficou ao acaso. “Trouxemos um grande reforço alimentar” disse, enquanto mostrava com orgulho os tupperwares recheados de chouriço, alheira, pataniscas, bolinhos de bacalhau, azeitonas e broa. José Pinho, encarregado das bebidas, assegurou o apoio logístico com humor. “A arca frigorífica está cheia. Temos água, cerveja, sumos para as crianças e vinho verde para os adultos” brincou.

Entre uma atuação e outra, houve tempo para degustações, compras no mercado, aulas de culinária ao vivo e até descanso nas zonas verdes. Fernando Pedro Lisboa, que veio de Marco de Canaveses com a família e amigos, já não passa sem o evento. “Este festival já faz parte do nosso calendário lá em casa. É tradição que mantemos há quatro anos. Acompanhamos o Tony para todo o lado. Somos clientes deste encontro aqui no Porto. Aqui não se paga. Trata-se de um festival do povo e para o povo” afirmou, com uma gargalhada que traduz bem o espírito vivido no recinto.

No palco, o cartaz não desiludiu. MC Kevinho, cabeça de cartaz, trouxe o Brasil na bagagem e estreou-se no festival no sábado, animando um público diverso e entregue à dança. Também Virgul e Bárbara Bandeira, nomes já consagrados da música nacional, ofereceram atuações intensas e cheias de energia.

Este domingo, o ambiente transformou-se numa ponte cultural entre continentes. A presença do angolano Matias Damásio e da rainha do fado, Mariza, ambos estreantes no festival, deu brilho ao final de tarde. Já com a noite a instalar-se, Tony Carreira voltou a encantar o seu público fiel. O encerramento ficou a cargo de Deejay Kamala, que trouxe ritmo e estilo ao último concerto no Palco Continente.

“Não sou uma MasterChef, mas dou os meus toques”

Ana Malhoa também marcou presença e falou à Agência de Informação Norte com entusiasmo. “Numa tarde de sol, a melhor forma de refrescar o público que espera pela minha atuação é brindar com os meus êxitos” explicou. A cantora descreveu o festival como um evento familiar e sublinhou que este espetáculo foi pensado para isso mesmo. Questionada sobre a vertente gastronómica, admitiu com humor que prefere a música à cozinha. “É bem mais fácil falar de música. Não sou uma MasterChef, mas dou os meus toques. Faço o essencial” contou, entre risos.

O encerramento do domingo ficou a cargo de Quim Barreiros, recebido com entusiasmo por milhares de fãs. Com 78 anos e 60 de carreira, o cantor partilhou que o seu percurso nem sempre foi fácil. “São 60 anos de carreira a levar muita porrada” recordou, referindo-se às dificuldades que enfrentou ao longo dos anos.

Apesar disso, mostrou-se visivelmente satisfeito por participar pela primeira vez no Festival Continente. “Vai ser um espetáculo normal. Vou cantar para a minha gente. Uma festa à Quim Barreiros” garantiu. O público correspondeu e acompanhou quase todos os seus êxitos com entusiasmo.

No final, o artista fez questão de homenagear Belmiro de Azevedo, fundador do grupo Sonae. “Quero lembrar o saudoso Belmiro de Azevedo, que foi uma figura fundamental nesta história” disse, encerrando com emoção e reconhecimento.

 

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