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“Reis da Música” invadiram as Festas de S. Miguel em Tarouca
Em Tarouca, a tradição das Festas de S. Miguel cruza-se com a inovação de formatos que reúnem, numa só noite, vários nomes da música nacional. Ao longo de vários dias, artistas de diferentes estilos, a gastronomia regional e os rituais populares dão corpo a um dos momentos mais emblemáticos do calendário cultural do concelho.
21 de setembro 2025

As Festas de S. Miguel, organizadas pela Câmara Municipal, não são apenas o ponto alto do calendário cultural, mas também o reflexo de um território que se mostra ao país através das suas associações, produtores e artesãos.
Até 29 de setembro, Tarouca, no distrito de Viseu, transforma-se numa montra de tradições, gastronomia e música. Mais do que uma festa, trata-se de um ritual coletivo. Milhares de visitantes chegam todos os anos à cidade e encontram, nas ruas e nas mesas de convívio, o pretexto para partilhar sabores e afetos.
“As Festas de S. Miguel são um verdadeiro orgulho para toda a comunidade, recheadas de tradição e história”, afirma à Agência de Informação Norte o vice-presidente do município, José Damião.
O autarca recorda que a programação não se limita ao entretenimento. “É uma festa para as gentes de Tarouca, mas não só. É também um encontro gastronómico, onde não faltam os pratos típicos desta região. Todos os dias haverá uma mostra gastronómica ao dispor de quem nos visita”, sublinha, destacando o caráter “lúdico, desportivo, recreativo, mas também de promoção territorial e daquilo que são os nossos produtos, sabores e saberes”.
O arranque da edição de 2025 contou com nomes de peso da música nacional. Paulo de Carvalho, acompanhado pela Orquestra Ligeira Vale Varosa, inaugurou as celebrações. Seguiu-se, no sábado, o espetáculo “Reis da Música Nacional”, que reuniu no Centro Cívico artistas como Luciana Abreu, Micaela, Cláudia Nayara, Filipe Sequeira, Leandro e Nikita. Um projeto criado por Hugo Miguel, da produtora Festas ao Rubro, que definiu o conceito como “um espetáculo único” com artistas portugueses para celebrar a música nacional.
“Mesmo na arte dos palcos é necessário evoluir. A ideia de reunir, numa só noite, vários artistas da música nacional a interpretar alguns dos seus maiores êxitos é maravilhosa, e o público merece isso”, afirmou o empresário artístico à Agência de Informação Norte.
Este domingo foi a vez da tradição sair à rua, com o cortejo que encheu a cidade de cor e simbolismo, seguido pelo encontro de filarmónicas, que juntou diferentes bandas numa celebração da música popular tarouquense. Até ao final da semana, o cartaz promete continuar a atrair público. David Fonseca atua a 26 de setembro, Ana Malhoa sobe ao palco no dia 27 e, a 29, feriado municipal, a Feira Anual de S. Miguel trará música e animação ao longo de todo o dia, culminando na atuação do grupo Violeta.
Uma festa de encontros e tradição
Maria do Céu, de 62 anos, residente em Arguedeira, garante que não falha aquela que é uma das maiores festas da região. Em declarações à Agência de Informação Norte (AIN), recorda que todos os anos vem acompanhada pela família para conviver. “Reunimos amigos e família. Vimos ver o que as associações aqui representadas têm para nos oferecer e vamos petiscando algumas iguarias”, sublinha.
Entre o fumo das panelas e o calor humano que enche as ruas, as Festas de S. Miguel fazem-se também de sabores partilhados, de mesas que juntam vizinhos e famílias. É o caso desta família que veio de Quintela.
Luís Martins, 44 anos, sublinha o lado cultural da festividade. “Vimos para ver todos os artistas esta noite. São todos bons. Primeiro jantamos nas tasquinhas, porque é um ponto de encontro obrigatório, e depois sigo para a primeira fila do palco. Gosto de viver a festa do princípio ao fim”, revela. Para si, a festa “traz vida ao concelho e à região e mostra que ainda é possível, num mundo cada vez mais difícil, conviver e celebrar as tradições”.
Ana Paula Ferreira, 37 anos, residente também em Quintela, partilha a mesma convicção. “Venho sempre pela tradição e pelo convívio. Jantar nas tasquinhas com amigos e vizinhos é já uma rotina, mas o momento mais esperado é quando a música começa e todos seguimos para a frente do palco. São noites únicas, que nos ligam à nossa identidade”, enfatiza.
É neste equilíbrio entre tradição, convívio e música que Tarouca reencontra, ano após ano, uma das maiores celebrações do seu calendário cultural e social do distrito de Viseu.
Foto: Paulo Chaves