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O atleta mais medalhado do Mundo é de Gaia!

É português, nasceu em Vila Nova de Gaia, há 32 anos, e assume ser o atleta mais medalha do mundo, com 177 medalhas internacionais conquistadas, mas o seu grande sonho é mesmo chegar às 200 medalhas internacionais.

Lenine Cunha pode até passar muitas vezes despercebido na rua, mas, o certo é que é actualmente, o atleta que mais vezes fez erguer a bandeira do país, que representa e que tanto se orgulha. A nossa. A Portuguesa.

A sua paixão pela cidade que o viu nascer é visível e, nesse sentido, a entrevista aconteceu no Hotel The Yeatman, situado na zona das caves do Vinho do Porto, local que há muito recebe grande parte dos nossos convidados.

Leny, como gosta de ser tratado pelos amigos, é mais do que um atleta. É um exemplo de vida e coragem de quem não desiste do sonho, apesar das dificuldades. Para ele nada parece ser impossível. Apurado, neste momento, no salto em comprimento, o atleta procura apoios financeiros na internet, através de Crowdfunding, para se poder preparar para os jogos paralímpicos, no Rio de Janeiro, em 2016. “Recebo pouco mais de 300 euros por mês do comité olímpico”, valor que “é praticamente para pagar a renda da casa” e os patrocínios que tem, assume serem insuficientes e, por isso, decidiu pedir 10 mil euros. “A situação não está fácil, pois até ao momento, só consegui juntar cerca de 500 euros” e lamenta que atletas como ele “não tenham mais apoios”.

Assume-se um verdadeiro animal de competição. “Eu transcendo-me e questiono-me, muitas vezes, como é possível aos 32 anos fazer e obter determinados resultados”. Transformo-me, pois também não gosto muito de perder” (graceja). Na pista, garante que para si não existem limites. “Todos têm limites mas eu não conheço os meus”. “Estou a fazer marcas com esta idade, que não fazia há oito anos” e até existe quem diga que “estou como o vinho do Porto”, (risos) e “até já tenho falado com amigos de quando é que vou acabar a minha carreira”, que deve acontecer “nos próximos três anos”, mas assume que “vou até onde o meu corpo me deixar”, garante.

“Irei estar sempre ligado ao desporto”

Das várias medalhas conquistadas destacou duas que o marcaram, por razões diferentes. A de bronze, conquistada em Londres com o estádio completamente cheio. Foi na “maior competição do mundo”, tendo sido o “único a vencer a medalha”. E a última que conquistou em Outubro, em Doha, no Qatar. “Esta, porque foi um ano muito difícil para mim. Perdi este ano a minha mãe, estive para desistir de tudo”, assumiu.
Aconteça o que acontecer, “irei estar sempre ligado ao desporto”. E a pensar nisso “criei, há pouco mais de um mês, o Sport Clube Lenine Cunha com o objectivo de ajudar os jovens iniciarem, ou mesmo a prosseguirem, as suas carreiras desportivas, terem o apoio que eu não tive, e tentar que sejam se possível ainda melhor do que eu”, anunciou O clube está filiado na Associação de Atletismo do Porto e na Federação Portuguesa de Atletismo.

Numa conversa sem pressas nem reservas, assume que no dia-a-dia é um homem pacato, gosta e necessita de algumas horas de solidão e dedica muito do seu tempo a treinar e a navegar na internet, pois “gosto estar sempre actualizado”. Numa altura em que o mundo se despede de mais um ano, e questionado a fazer o balanço de 2015, faz uma pausa. “Foram 14 medalhas internacionais conquistadas, um ano de muitas emoções, superação e de muito sacrifício”.

A história de vida do atleta, que representa Portugal ao mais alto nível, ficou marcada logo aos quatro anos de idade, devido a um ataque súbito de meningite que lhe deixou sequelas muito graves. Perdeu a fala, a memória, grande parte da audição e visão e até deixou de andar. Mas, já nessa altura mostrou ser um jovem que não desiste com facilidade das coisas. Lutou e ainda hoje luta por aquilo que quer e assume que não são as medalhas que o fazem correr, mas sim a mensagem que quer deixar a muitos jovens como ele, com ou sem deficiência.

Texto: António Gomes Costa

Fotos: Airinformação

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