Espetáculos Nacionais

Katia Guerreiro: “José Mário Branco era o meu mestrinho”

Terá sido, certamente, o concerto mais difícil na já longa carreira de Katia Guerreiro. Foi um espetáculo marcado pela emoção, que lhe cortou a voz várias vezes e a obrigou a saídas repentinas do palco, com alguns silêncios. Mas foi marcado também por aplausos intensos.
A fadista atuou ontem à noite no Coliseu do Porto para apresentar “Sempre”. O seu décimo disco tem produção de José Mário Branco (1942-2019), que, sendo um dos nomes maiores da canção portuguesa, morreu na última terça-feira. Poucas horas depois de o país se despedir do músico, Katia Guerreiro homenageou-o, dedicando-lhe este espetáculo na cidade do poeta: “Meu mestrinho querido, esta menina será sempre sua. Obrigado por tantos e bons momentos e por todo o seu carinho”.
Durante o concerto, Katia contou histórias nunca reveladas sobre o relacionamento entre o compositor e a fadista. “Este tema, ‘Vem’, vai ser cantado pela primeira vez. Escrevi-o quando estava grávida do meu filho e a música é do José Mário Banco”, assumiu com a voz embargada.
A fadista viu uma plateia emocionar-se com a apresentação de um vídeo que mostrava imagens da fadista em estúdio com José Mário Branco e no qual era bem visível cumplicidade que existia entre os dois. “Fico muito honrada por me ter escolhido como sua filha do fado. Sinto-me muito privilegiada por isso”, confessou.
Perante uma sala muito composta, a fadista de 43 anos surgiu em palco já ao lado dos músicos. Com a imagem do seu novo disco a servir de pano de fundo ao cenário e as luzes de palco em tons predominantes de azul e vermelho, Katia Guerreiro abriu a noite a capella com o tema que dá nome a esse mesmo disco: “Sempre”.
Vestida de tons claros, num contraste delicado com o semblante carregado que é típico da música de alma portuguesa, a artista protagonizou uma noite marcada ainda por muitos fados tradicionais.
“Nos últimos dias o fado ficou mais pobre com a partida do meu mestre e ainda de Beatriz da Conceição, da Argentina Santos e de muitos outros”, notou Katia Guerreira. “Por isso, é cada vez mais urgente honrar o fado – celebrar o fado”.
Entretanto, eis que chega uma das surpresas da noite: os “Anaquim”, que acompanharam a fadista em três canções, inclusive “O Fado Fugiu de Casa”, da autoria da banda de Coimbra
A noite de homenagem a José Mário Branco terminou com a “Marcha de S. João”. A fadista assumiu querer terminar a noite com uma “grande festa”, uma vez que o seu “mestrinho” adorava a cidade onde nasceu e esse tema revela um Porto que lhe “palpitava muito forte” no coração.

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