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Mosteiro dos Jerónimos exibe peças de “vanguarda “em cortiça assinadas por 10 criadores de renome mundial

Os claustros do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, recebem de hoje até 1 de dezembro a exposição “Metamorphosis”, constituída por peças “de vanguarda” que 10 arquitetos e designers de renome mundial conceberam em cortiça para a bienal ExperimentaDesign.
Nessa lista de criadores incluem-se Álvaro Siza Vieira, Eduardo Souto Moura, Alejandro Aravena, a dupla Herzog & de Meuron, Amanda Levete, João Luís Carrilho da Graça, Manuel Aires Mateus, James Irvine (1958-2013), Jasper Morrison e Naoto Fukasawa – que na criação desses novos produtos e peças utilitárias exploraram também o mote “No Borders / Sem Fronteiras” da Experimenta de 2013.

Guta Moura Guedes, diretora da bienal, explicou à Lusa que a aposta na cortiça resulta da sua “componente de grande sustentabilidade ambiental”, dado que, sendo essa uma característica “decisiva no século XXI”, se justifica “a exploração de novos limites na sua relação com outros materiais e estruturas”.
Convidados a acompanhar o processo de recolha da casca de sobreiro e o seu tratamento industrial, os criadores envolvidos no projeto foram “seduzidos pelas características desse material e, durante três anos, entregaram-se com total liberdade à exploração das suas potencialidades”.
Desse processo resultou o que Guta Moura Guedes descreve como “um conjunto de obras vanguardistas, inovadoras”, que se apresentam ao público no “cenário único dos claustros dos Jerónimos”, porque, depois de restaurados, esses passaram a exibir “uma tonalidade próxima da da cortiça, revelando-se perfeitos para a exposição”.
“Mas tudo foi concebido de forma a evitar que a mostra pudesse considerar-se intrusiva”, garante a diretora da ExperimentaDesign. “A estrutura onde estão colocadas as peças é constituída por espelhos que vão refletir os próprios claustros, metamorfoseando o espaço em si mesmo”.
Da exposição consta um kit de objetos multifunções concebidos pela britânica Amanda Levete, que admite que o desafio lançado pela Experimenta por iniciativa da Corticeira Amorim é um “encorajamento a que se desvende o potencial da cortiça e se reinvente o seu uso, tendo em vista a indústria”.
Para essa arquiteta e designer de mobiliário, uma das principais vantagens dessa matéria-prima é a de implicar “zero-desperdício, na medida em que a cortiça é totalmente reciclável e isso proporciona ao designer a liberdade de explorar diferentes geometrias”. Foi essa autonomia, aliás, que lhe permitiu “explorar a leveza da cortiça e enfatizar o leque de tonalidades das suas variações cromáticas, sem adição de pigmentos naturais”.
Já para o japonês Naoto Fukasawa, que nunca trabalhara com esse material antes, a participação na “Metamorphosis” expressa-se em peças que “levam as pessoas a quererem tocar-lhes e deitar-se nelas”.
“A cortiça é um material muito tátil, que não é frio ao toque e tem uma suavidade moderada, amigável”, afirma o designer de produto. “Por isso procurei uma forma que traduzisse essas sensações, combinando-as com a compreensão das características do material”.
Carlos de Jesus, diretor de Marketing e Comunicação da Amorim, dá assim por cumpridos os objetivos do projeto, que enquadra na estratégia do grupo ao nível da investigação e desenvolvimento de novas aplicações para a cortiça – que descreve como “um material premium com propriedades únicas ao nível técnico e de sustentabilidade”.
A pesquisa nesse domínio já teve uma anterior materialização em 2011, com o lançamento da coleção “Materia”, mas vem-se alargando também ao universo da arquitetura porque, em conjunto com o design, essas são “as áreas mais propícias à divulgação das potencialidades da cortiça de uma forma esteticamente mais apelativa”.
Para o responsável da Amorim, é convidando profissionais e artistas a manusearem a casca de sobreiro em contexto criativo real que se muda a cultura produtiva das próximas décadas. “Alguns destes criadores conceberam duas peças para a exposição quando só pedimos uma e isso é sintomático de quanto a cortiça os surpreendeu com as suas qualidades intrínsecas”, conclui.
A exposição “Metamorphosis” tem a sua inauguração oficial, fechada ao público, hoje às 19:h00, na presença do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. No seu formato normal, abre sexta-feira às 10:00, podendo visitar-se sempre até às 17:00, de terça a domingo.

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