Opinião
Voar em tempos de Pandemia

Dantes a chatice era mais tira o cinto põe o cinto, o alarme a tocar por causa de uma moeda esquecida no bolso do casaco, ou o computador num tabuleiro à parte antes de alguém nos mandar erguer os braços porque o detetor voltou a apitar. Agora em tempos pandémicos os corredores de aeroporto estão como as nossas vidas. Vazios, com movimento ao ritmo de caracol, com gente a desconfiar do senhor que está a um metro e meio de distância e devia estar a 2 e onde há gel liquido afinal porque não esfrego as mãos há pelo menos 15 minutos. Mas o pior de tudo é a papelada. Até parecemos uns doutores antes defesa de uma tese. Para ir por exemplo, como este que vos escreve, de Lisboa a Roma com escala em Madrid é preciso declaração patronal a explicar a razão, antes do ckeck in a Policia confirma e dá uma tira de papel com o ok , depois dos cartões de embarque mostre lá o teste covid senão tem 14 dias de quarentena garantidos no destino , não esqueça novo teste negativo com 48 horas para regressar, e não esqueça ainda preencher on line o inquérito para mostrar às autoridades de saúde espanholas e italianas. Sempre com máscara atenção, é só olhar para aqui, ok ….36, 2 de temperatura ….Pode seguir. A adrenalina da viagem, da descoberta, do sair, virou uma grande estafa. E já nem é relevante sequer ir junto á porta de emergência e ter que saber falar inglês… Ó Sra. hospedeira arranje aí se faz favor um toalhete que toquei aqui sem querer na revista e vá se lá saber….
Fernando Eurico
Jornalista