Economia
Total da economia portuguesa com excedente de 0,1% do PIB em 2020 – INE
O total da economia portuguesa, incluindo Administrações Públicas, famílias, empresas e bancos, registou um excedente de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
“A capacidade de financiamento da economia, face ao trimestre anterior, manteve-se em 0,1% do PIB no ano acabado no quarto trimestre de 2020 (em 2019, a economia tinha registado capacidade de financiamento correspondente a 1,0% do PIB)”, refere o INE nas Contas Nacionais Trimestrais Por Setor Institucional.
De acordo com o instituto estatístico, no ano acabado no quarto trimestre de 2020, as Administrações Públicas (AP) registaram um saldo negativo de 5,7% do PIB, mas a rubrica relacionada com as famílias (que inclui também instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias) registou um saldo positivo (capacidade de financiamento) de 5,9% do PIB, mais 1,4 pontos percentuais que no trimestre anterior, em consequência do aumento da poupança em 16,4%.
“A taxa de poupança das famílias aumentou em 1,8 pontos percentuais, para 12,8% do rendimento disponível, em consequência do aumento do rendimento e da redução da despesa de consumo (variações de 0,4% e -1,5% respetivamente)”, refere.
Já as empresas (sociedades não financeiras) registaram um défice de 2,4% do PIB, com o Valor Acrescentado Bruto (VAB) do setor a diminuir 1,3% no quarto trimestre de 2020, “determinando uma redução de 2,6% no EBE [excedente bruto de exploração], ainda assim atenuada pelo significativo aumento dos subsídios recebidos (variação de 23,5% no ano acabado no quarto trimestre de 2020)”.
Segundo o INE, “o aumento destes subsídios de exploração refletiu sobretudo os pagamentos efetuados pelas AP no contexto da pandemia covid-19, nomeadamente do regime especial de ‘lay-off’ e os regimes de apoio extraordinário à retoma da atividade”.
A FBCF (formação bruta de capital fixo, rubrica de investimento) diminuiu 1,4% no ano acabado no quarto trimestre de 2020, fixando-se a taxa de investimento (medida através do rácio entre a FBCF e o VAB [valor acrescentado bruto]) em 25,9%, igual à registada no trimestre anterior.
Quanto às sociedades financeiras, rubrica que inclui os bancos, mantiveram a respetiva capacidade de financiamento (excedente) em 2,2% do PIB em 2020.
O VAB deste setor diminuiu 1,4%, sendo compensado pela melhoria do saldo positivo dos rendimentos de propriedade, com os rendimentos recebidos e pagos a registarem taxas de variação de -5,7% e -6,5%, respetivamente, enquanto a poupança corrente diminuiu 4,0% no quarto trimestre de 2020.
As Administrações Públicas registaram um défice de 5,7% do PIB em 2020, em contabilidade nacional, correspondente a 11.501,1 milhões de euros, regressando a terreno negativo após o excedente de 0,1% em 2019, divulgou hoje o INE.
“Esta necessidade de financiamento teve origem principalmente no subsetor da Administração Central e, com menor significado, na Administração Regional e Local, uma vez que o subsetor dos Fundos de Segurança Social apresentou um saldo positivo”, segundo uma nota do INE sobre os Principais Agregados das AP, divulgada hoje.
Assim, o saldo da Administração Central agravou-se em 10.000 milhões de euros face a 2019, situando-se em cerca de -13.000 milhões de euros em 2020.
Por seu turno, a Administração Regional e Local, que em 2019 havia registado um excedente de quase 600 milhões de euros, apresentou em 2020 um saldo negativo de 176 milhões de euros.
O saldo dos Fundos de Segurança Social, apesar de positivo, deteriorou-se em 900 milhões de euros, regressando a um nível próximo do registado em 2018.
De acordo com o INE, entre 2019 e 2020, a receita total das AP diminuiu 5,0% (cerca de 4,6 mil milhões de euros), em resultado da diminuição de 5,2% na receita corrente, impulsionada sobretudo pelo decréscimo dos impostos sobre a produção e a importação (-9,1%), mas também dos impostos correntes sobre o rendimento e património (-3,7%), “refletindo a forte redução da atividade económica em 2020”.
Pelo contrário, a receita das contribuições sociais registou um aumento (+1,2%).
Já a despesa total das AP subiu 7,8% entre 2019 e 2020, em consequência do acréscimo simultâneo da despesa corrente (+5,9%) e da despesa de capital (+33,6%).
Para o aumento da despesa corrente contribuiu principalmente o incremento de 4,1% das prestações sociais, exceto transferências sociais em espécie, correspondente a 1,4 mil milhões de euros, e também o aumento de 3,7% das remunerações (+838 milhões de euros).
Em sentido oposto, verificou-se um decréscimo de 8,6% na despesa em juros (-544 milhões de euros), mantendo a tendência decrescente que se vem observando desde 2015 (em 2014, a despesa com juros foi 8,4 mil milhões de euros e, em 2020, foi 5,8 mil milhões de euros).
PD // EA