Sociedade

Câmara de Viseu desafia Governo a avançar rapidamente com nova barragem

O presidente da Câmara de Viseu desafiou hoje o Governo a avançar rapidamente com a construção da nova barragem de Fagilde e garantiu que fará o que for da sua competência para abastecer o concelho de água.

“A questão da barragem de Fagilde é da responsabilidade do Governo. Andem com ela. Se começarem hoje, demoram quatro anos a fazê-la”, disse Fernando Ruas (PSD), durante a reunião da Assembleia Municipal.

O autarca salientou que “uma das prioridades da região é, sem dúvida, o abastecimento de água”, havendo necessidade de “concretizar um projeto agregador”, que tem estado a ser pensado pelos municípios.

“É necessário dar concretização a este processo, assim como é necessário exigir do Estado a concretização das suas tarefas e competências. A construção de uma nova barragem é uma das competências a que o Estado tem que dar seguimento”, afirmou.

O deputado socialista João Paulo Rebelo disse a Fernando Ruas que, efetivamente, a gestão dos recursos hídricos cabe ao Estado, através da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), mas o abastecimento de água aos munícipes é da competência das câmaras.

“O que é que está a ser feito para evitarmos soluções limite e críticas no que respeita ao abastecimento de água no nosso concelho?”, questionou o também secretário de Estado da Juventude e do Desporto.

Fernando Ruas argumentou que “os municípios são responsáveis pelo abastecimento de água em baixa”, mas não podem fazer barragens, porque não são da sua responsabilidade.

“O fornecimento da água em alta é da responsabilidade da administração central. Nós só queremos que nos seja garantido o abastecimento em alta, porque em baixa cuidamos nós”, garantiu.

O autarca lembrou que “a água produzida na região de Viseu não chega para o abastecimento”, portanto, tem que se ir buscar a outro lado.

“Esse é um problema que estamos neste momento a tratar”, assegurou, acrescentando que, no entanto, “seja qual for a solução encontrada, ela nunca dispensará a construção da barragem de Fagilde”.

A solução “há de ser encontrada numa próxima reunião”, tendo a Câmara de Viseu uma proposta, mas à qual os outros municípios envolvidos “têm que estar abertos”, frisou.

Fernando Ruas explicou que, atendendo ao período de seca que se atravessa, e apesar de “a albufeira de Fagilde, que abastece cerca de 80% da população de Viseu, se encontra com a capacidade máxima de armazenamento de água”, as ensecadeiras (estruturas de contenção) foram subidas “para aumentar o armazenamento de água em mais 35%”.

Durante a reunião, o deputado socialista José Pedro Gomes deixou várias sugestões para a Feira de São Mateus, que vai voltar este verão, após dois anos de pandemia de covid-19.

Apesar de reconhecer “o esforço dos últimos anos pela modernização e revitalização deste certame, a nível económico, cultural e turístico”, José Pedro Gomes disse que “há ainda muito a fazer” e “há queixas para atender”, lembrando de um abaixo-assinado “feito há uns anos por quase 100 comerciantes”.

O deputado socialista defendeu que a Feira de São Mateus deve ser levada “à cidade e ao comércio tradicional”, o que poderia ser “um projeto de grande mais-valia para todos”.

“A feira pode passar a realizar-se fisicamente, não só dentro dos limites do seu recinto tradicional, mas também noutras localizações e equipamentos da cidade”, defendeu, dando como exemplo o Parque Aquilino Ribeiro, o parque e o estádio do Fontelo, o Teatro Viriato, o Auditório Mirita Casimiro, o Auditório do Instituto Português da Juventude, o Solar do Vinho do Dão, o centro histórico e as ruas centrais da cidade.

Fernando Ruas respondeu que a Câmara não manda na Viseu Marca (associação de marketing territorial responsável pela organização executiva da Feira de São Mateus), sendo apenas detentora de 48% do seu capital social (outros 48% são detidos pela Associação Empresarial da Região de Viseu e 4% pela Associação Comercial do Distrito de Viseu).

AMF // JEF

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