
Não existe quem não o conheça e já tenha cantado as suas canções. Vive entre o Brasil e Portugal. Atravessar o oceano há muito que deixou de lhe custar e confessa que hoje já nem dá por isso, pois, ao fim de tantos anos, o corpo e a mente acabam por se habituar a tudo. Sente que tem uma missão para com Portugal.
Vendeu mais de 17 milhões de discos e gravou cerca de 300 canções e, neste momento, garante não estar muito preocupado com os discos de ouro.
António Joaquim Fernandes, nasceu há 61 anos, em Trás-os-Montes. “Passei por Lisboa, fui para o Brasil e só voltei muito tempo depois”. No Brasil começou por a trabalhar como sapateiro e depois foi vendedor de doces. A música chega mais tarde e foi no fado que deu os primeiros passos. Em 1971, conquista o seu primeiro grande êxito: «Arrebita» e, desde essa altura, nunca mais parou de somar êxitos.
Roberto Leal diz que hoje olha para a sua vida e “vejo quantas coisas tive de mudar para poder ser feliz”. Durante vários anos “não gostava nada que me chamassem brasileiro cá e português lá”, e quando aceitou o desafio para participar no «Último a Sair», a sua principal condição foi “ser quem eu sou, sem qualquer máscara para que os portugueses vissem quem eu sou”.
“Já ninguém me chama António”
Numa conversa, sem pressas nem reservas, garante que «As Minhas Montanhas» são para si mais do que uma autobiografia. O livro mostra o percurso de Roberto Leal nas sinuosidades e dificuldades da sua vida. “É a busca do autoconhecimento. Um roteiro de crescimento interior, ancorado na compreensão dos factos que lhe aconteceram, à luz da intuição e da espiritualidade. Não tenho dúvidas que esperei mais de 30 anos para escrever este livro e é muito mais do que um virar de uma página da minha vida”.
Mais do que uma sequência cronológica de dados históricos e datas, este livro prova como as “experiências da minha vida, processadas e amadurecidas, após profundas reflexões, me levaram a vencer obstáculos e, até mais do que isso, a perceber que não existem obstáculos, apenas etapas desconhecidas, que precisam e devem ser dominadas”. Roberto Leal revela ainda, emocionado, nesta entrevista, que neste livro as pessoas descobriram pormenores importantes da sua infância. “O António Fernandes deu vida a Roberto Leal e tenho pena, pois já ninguém me chama António. A última pessoa que me chamou pelo meu nome de baptismo foi o meu Pai”, conclui.