Entre tudo aquilo que existe para fazer em Paredes de Coura, destacamos um local ideal para quem quer desfrutar de um verdadeiro “paraíso” privado e depois descontrair e pernoitar num espaço sossegado, tranquilo e de bom gosto.
A Casa do Cruzeiro foi propriedade e lar de uma família com 5 filhos em Roriz – Infesta – Paredes de Coura, durante várias décadas. O edifício foi registado apenas em 1937, altura em que sofreu “modernizações” no primeiro andar (e onde, de facto, se desenvolvia a casa). Foi, no entanto, informação dos herdeiros que a construção inicial da casa remonta, provavelmente, aos inícios do século XIX. Com a partida dos filhos do casal para terras mais ou menos longínquas e o seu falecimento, a propriedade foi deixada ao abandono durante 8 anos. Foi adquirida aos herdeiros pelo atual proprietário, durante um processo de partilhas, em Dezembro de 2011.
João de Almeida revela que “o processo de recuperação” da Casa do Cruzeiro e da propriedade de 4000 metros quadrados, em socalcos, onde está inserida “foi baseado no ditado popular: Quem conta um conto … acrescenta um ponto”.
O atual proprietário escolheu o arquiteto Luís Peixoto para desenhar e orientar a reconstrução da Casa. “Desde o início se pretendeu preservar e recuperar o património e a tradição nacional. Daí, e em todas as fases, foram escolhidos, eletivamente, materiais portugueses e usadas técnicas tradicionais no restauro e reconstrução”, enfatiza João de Almeida.
Na casa, foram demolidas todas as alterações feitas ao longo dos anos (o reboco das paredes, as lajes de betão, as paredes de tijolo, as janelas e as portas de alumínio, entre outros) deixando apenas as estruturas originais restantes da casa. “Foram procurados em demolições de casas antigas, nos arredores, elementos similares aos que haviam sido retirados, aquando da construção das referidas alterações, e colocados nos seus devidos lugares”. Já no final desta fase, a casa respirava história.
Após este processo, foi então decidido que, no primeiro piso, onde se desenvolvia toda a casa, iriam ser construídas apenas 2 “suites” e no piso 0, onde eram as cortes dos animais e os arrumos das alfaias agrícolas, surgiram a sala de estar e jantar, a cozinha, uma casa de banho de serviço e uma despensa.
O forno a lenha, que existia na cozinha, foi desmontado e reconstruído no logradouro de modo não só a embelezar o local, mas também a manter a sua funcionalidade. “Após todo este processo de recuperação do “antigo”, foram acrescentados elementos novos, contemporâneos, para melhorar o conforto e realçar a beleza dos elementos originais da casa”, a saber: as casas de banho das “suites”, a cozinha e uma lareira com recuperador de calor.
Os alpendres, anteriormente externos e que albergavam as capoeiras, coelheiras e armazém de lenha, passaram a integrar o interior da casa. “Aqui optou-se por janelas de grande amplitude de modo a permitir a plena contemplação da beleza da propriedade e da montanha ao reu redor”. A pensar nos tão famosos espigueiros da região minhota, e no primeiro piso, foram colocadas externamente portadas de madeira, ripadas, a fim de filtrar a luz solar da manhã e a não ocultar a visibilidade para o exterior, refere. Para os quartos e para a sala João de Almeida optou por janelas tradicionais, em madeira, “tipo guilhotina”. Para o soalho, foi escolhido para o primeiro andar o pinho tratado, aplicado em régua conforme a tradição, nos quartos e alpendre e o mármore de Estremoz para as casas de banho. Já no rés-do-chão foi eleito o granito, colocado segundo o padrão regional usado no norte do país, para recobrir toda a superfície.
Para aceder, pelo interior, de um piso para o outro foi desenhada, e construída, uma escada em placas de ferro, contorcidas sobre si mesmas, com quase 3 toneladas de peso. “É uma escultura encarcerada entre as paredes brutas de granito”. No final, o interior da casa “pareceu-nos estar frio e ter falta de luz”. Foi aí que se decidiu pintar todo o interior da casa de branco, excetuando apenas as paredes graníticas das casas de banho e da despensa. “E o milagre aconteceu!”, diz João de Almeida. “Era o elemento de ligação que faltava entre os elementos contemporâneos e os antigos existentes”.
Concluída a obra foi hora de tornar a casa habitável. “Decidiu-se por uma decoração eclética, usando maioritariamente móveis e objetos colecionados ao longo dos anos” trazidos daqui e dali ou que foram oferecidos pelos amigos do proprietário. “Do português ao oriental, do antigo ao contemporâneo, tudo ali está misturado“ mostrando a quem visita a Casa um espaço simples, confortável mas requintado. Televisão de écran plano de 40 polegadas, wi-fi, máquina de café/chá expresso, torradeira e cafeteira para ferver água elétricas, forno micro-ondas, desumidificador, aquecedores móveis, baralhos de cartas de jogar, dados de poker, mantas, almofadas,” tudo foi pensado de modo a proporcionar belos momentos de ócio, convívio e prazer”.
A Casa do Cruzeiro foi selecionada, entre inúmeros projetos de arquitetos de renome como, por exemplo, Álvaro Siza Vieira, para integrar o livro de especialidade, de cariz internacional, da Editora Uzina intitulado «Portuguese Restored Houses» “tendo tido honras de ser a capa da publicação”; Foi-lhe dedicado, na internet, um artigo escrito pelo jornalista português radicado em Paris, Carlos Lima; teve referência especial, ilustrada, no Jornal Expresso de 19 de Janeiro de 2017 e no trabalho da jornalista Ana Jorge intitulado «Alojamento local com história», sendo destacada como um exemplo de recuperação do património nacional e da UNESCO e tem, até ao momento, avaliação máxima de 10 no site de reservas booking.com.
O espaço parece maravilhoso. Acredito que seja o paraíso perfeito para uns dias bem passados. O acesso é fácil?
É um espaço muito agradável onde a hospitalidade dos proprietários compensa tudo. Pareceu termos chegado a casa de amigos para passar um tempo agradável. Conceito diferente pela informalidade e convívio que se promove entre todos (hóspedes e proprietários).
Obrigado pela forma como nos receberam.