Espetáculos Nacionais
Salvador Sobral espreita novo álbum em concertos lotados em Matosinhos
19 de novembro 2018
Duas noites de casa lotada receberam, no passado fim-de-semana, Salvador Sobral no Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery. Assistimos ao segundo concerto, no dia em que este equipamento cultural assinalou 10 anos de existência.
Às horas certas, Salvador entra no palco e com ele uma enorme salva de palmas. “Change” foi o tema que abriu as hostes. Consigo, três músicos de excelência – Júlio Resende ao piano, André Rosinha no contrabaixo e Bruno Pedroso na bateria – músicos com larga experiência em palco com diversos outros intérpretes e que agora têm acompanhado Salvador quase em exclusivo.
Apesar de já termos assistido a diversos concertos de Salvador Sobral desde que, em março de 2017 ganhou o Festival da Canção da RTP, nunca este artista soa a repetente. Quer sejam os temas do álbum de estreia “Excuse me”, quer sejam as novas canções, há alguns pontos em comum: Salvador transborda talento, é um artista com letras maiúsculas, apresentando-se com uma autenticidade, uma pureza pouco habituais e uma ternura fascinante. Não é por acaso que, não obstante a casa estar cheia, foram vários os momentos que a plateia se manteve em total silêncio, a desfrutar sem dúvida do momento.
Neste concerto em Matosinhos, tivemos o privilégio de ouvir novos temas do artista, uma espécie de ante-estreia para o álbum que será gravado esta semana. Foi o caso de “Grandes ilusiones”, um bolero novo e onde Salvador revisita as suas experiências vividas tanto em Espanha como em países da América Latina.
Além do conforto que temas como “Ay amor” e “Presságio” proporcionaram, outros carinhos foram oferecidos, como “Ela disse-me assim”, “Playing with the wind” e “La souffleuse” em francês. Salvador Sobral foi intercalando com breves diálogos com o público, mostrando também um apurado sentido de humor. Um dos momentos mais especiais do concerto foi a interpretação sentida e empolgante de “Cerca del mar”. A presença de Salvador, ora frágil ora hipnotizante, sempre emocionalmente desconcertante, foi aqui a alma crua da noite.
O concerto não podia fechar sem “Amar pelos dois”. Primeiro uma versão cantada e tocada só com piano e, depois, em jeito de brincadeira, acompanhada pelo público como se de um grande coro se tratasse. Já no encore, “Mano a mano” e uma versão bem afro de “Paris, Tokyo”.
Texto: Nelson Costa
Fotos: Sérgio Dias