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Carnaval: Ovar voltou a ser destino de milhares de foliões

É um dos eventos mais tradicionais da cidade e com um impacto significativo na economia. O desfile de hoje e o de terça-feira levam mais de 4.000 participantes às ruas de Ovar, no distrito de Aveiro.

A espetativa era alta, após dois anos de interrupção, devido à pandemia de covid-19. Aquele que é o evento mais simbólico de Ovar regressou esta tarde à cidade vareira, com 4.000 participantes, 20 grupos carnavalescos, e quatro escolas de samba.
O compromisso está assumido, e mais uma vez, milhares de pessoas aproveitaram esta tarde, marcando presença numa tradição, onde as famílias saem à rua no domingo de Carnaval, e, por momentos, as cores e a magia, que se vivem na cidade, lembram-nos o Carnaval do outro lado do Atlântico.
Com um orçamento de 650 mil euros, a folia, considerada uma das mais antigas em Portugal, foi o primeiro evento no distrito de Aveiro a disponibilizar bilhetes na Internet.
Perante uma plateia constituída por 5.000 pessoas dispostas por bancadas e 11.000 espetadores que optaram por trazer bancos ou assistem de pé.
Ricardo Queirós, é de S. João da Madeira, e é o único homem no meio de 76 mulheres. Vestido a rigor, é o estilista que desfila no Grupo Passerelle – Melindrosas que este ano são, agulhas, almofadas, fita métrica, dedais, linhas e tesouras, uma verdadeira homenagem às costureiras. Só participa no Entrudo vareiro há duas edições, e não esconde a satisfação de poder partilhar a alegria com o seu grupo. “É uma satisfação enorme. Ovar para nestes dias para viver o Carnaval. Quem é do Carnaval e vive isto não se revê nesta pausa da pandemia. A vontade de voltar era muito grande”.
Rita Maia, presidente das Melindrosas, explica que a ideia do tema surgiu em “contexto de pandemia”, e pretende homenagear “muitas mulheres com mãos de fada”. Apesar de “nada estar a concurso”, o grupo “não baixou a fasquia” e mostra-se “orgulhosa” com o trabalho final.
A Escola Costa de Prata surge na edição deste ano com o tema ” O Vermelho que nos move”. A cor que faz mexer estes homens e mulheres é uma visita a edições anteriores, onde os trajes que desfilam este ano foram adaptados para esta participação. Na verdade, tudo estava já pronto e pensado o ano passado, mas a pandemia fez anular a edição anterior, e transitou para este ano.
Miguel Cunha é coreógrafo da Comissão de Frente da Escola Costa de Prata, assegura à Agência de Informação Norte que a edição deste ano tem, na verdade, um sabor especial. “Todos ansiavam por estes dias, foi um período difícil para todos”. Mas a pausa permitiu repensar e inovar. O “esquema” estava já pensado e todos estes meses permitiram a este grupo “reformular” ideias para este desejado regresso.
Miguel garante que a paixão pelo Carnaval “não se explica, sente-se como tão bem ouvimos aqui por Ovar”. Desfila no Carnaval vareiro desde os seus dois anos e meio, e nunca deixou de o fazer. “Para mim, é a altura do ano que mais gosto, e vai muito além de um desfile, é o pesquisar, o trabalhar, a coreografia para que depois, na rua, resulte”, enfatiza.
Não havendo classificações na edição deste ano, não foi motivo para este responsável fazer uma coreografia ou uma apresentação mais “básica”, pois, para si, é, sem dúvida, “uma edição muito especial”.
Salvador Malheiro, presidente da Câmara Municipal, reconhece que o Carnaval vareiro é “um modo de vida. É genuíno”. Este domingo o Carnaval contou com cerca de 16 mil pessoas, um número que se repetirá na terça-feira. O autarca destacou a a grande adesão na venda de bilhetes online e a importância do evento para a economia da cidade.

“Não foi fácil viver sem o carnaval”

“A minha empresa não dá tolerância de ponto, e vim hoje com a família usufruir do Carnaval”, refere Ricardo Pinto, de Valongo. Apesar de conhecer o de outras localidades da região, destaca o de Ovar como “um dos melhores”, e que continua a “mover milhares de pessoas”.
Ao seu lado, Ana Pinto veio de Arouca. Não esconde a satisfação do regresso da folia às ruas de Ovar. “A pandemia tirou-nos muita coisa. Não foi fácil viver sem Carnaval. Eu adoro isto, as escolas de samba, e de ver a alegria de quem participa e assiste. Está muito bem organizado e começou a horas”.
Joel Silva Pinho conta que o Carnaval é alegria, e que os portugueses sentiram a falta desta folia. “É bom voltar a ver as bancadas cheias, as ruas com muitas pessoas felizes, mascaradas, o sorriso das crianças”. Natural de Tabuaço, veio com a família, de véspera. “Comprámos os bilhetes pela Internet, e ficamos num alojamento local. O carnaval também é isto. Até terça feira esperamos receber 300 mil pessoas”, assegura.
De salientar que o Carnaval de Ovar sempre se orgulhou do estatuto de vitamina da alegria. É fácil perceber porquê. Neste corso, bem à moda do norte, a folia chega para todos os que assistem e para os que desfilam. É organizado há 71 anos, ao qual acrescem mais algumas dezenas de anos de vivência livre e espontânea, tornando-o numa tradição secular com características muito próprias
De salientar que o Governo concedeu tolerância de ponto no dia 21 de fevereiro, terça-feira de carnaval, aos trabalhadores que exercem funções públicas no Estado, segundo um despacho assinado pelo primeiro-ministro, António Costa.

 

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