Cultura
Há “Coisas” que juntam as Marionetas do Porto ao Teatro Constantino Nery
Peça infanto-juvenil estreia no dia 11 de novembro no Teatro Constantino Nery, em Matosinhos.
Se os adultos tiveram no presente ano de 2022 direito a (usu)fruírem de uma peça que lhes foi destinada enquanto público-alvo, falamos d’ O Jardineiro Imaginário, desta vez são as crianças e os adolescentes mais tenros o alvo do trabalho que será levado à cena em novembro: “Coisas” é, assim, a segunda produção do calendário anual d’As Marionetas do Porto, que para o efeito se juntaram ao Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery para levar a bom porto esta empreitada artística de teor cénico-dramatúrgico em regime de coprodução.
“Coisas” é uma proposta que de forma subtil deixa a subentender aos mais novos a existência de um mundo analógico para além do universo cada vez mais tecnológico em que se encontram imersos. O desafio dispensa a pretensão lírica de substituir a dimensão digital que molda o quotidiano infanto-juvenil (e já agora, o adulto), mas afirma de forma complementar a existência de um imaginário criativo possível e menos formatado a partir da simples junção em palco de seres vivos e não vivos a dialogarem entre si, com os atores de permeio: neste caso com Micaela Soares e Vítor Gomes. O quadro que se gera em palco é o de uma espécie de natureza viva composta a partir da animação de elementos, objetos e artefactos que à primeira vista temos como amorfos.
Se, por outro lado, quisermos traduzir o conteúdo de “Coisas” de uma forma ainda mais particularizada e específica, pode dizer-se que há um assumido retorno à infância a partir de um conto de Júlio Vanzeler. Deste modo, as Marionetas do Porto exploram, através do olhar de diferentes personagens, a forma como o contacto com diferentes objetos influi na construção da identidade e como podem ser decisivos na visão do mundo e de nós próprios, na mais tenra idade. Uma caixa cuja função é guardar e organizar, mas que sonha em ser jardim, uma mala que é uma memória, uma menina num corpo que é um gabinete de curiosidades, uma máquina fotográfica que se debate com a teimosia do tempo e de coisas que questionam o lugar das coisas. As coisas que fazem parte do dia a dia, mas em lugares que nunca as imaginamos ver e onde transportam sempre a sua memória de lugar para lugar.
O coletivo artístico-técnico que se dispôs a iniciar trabalho criativo no período pandémico, em 2020, teve sempre a noção de que mais tarde seria possível reunir todos os elementos: “Em torno das várias ideias apresentadas pelo Júlio Vanzeler iriam caber neste mesmo tema, na mesma ideia e na mesma estética de que agora resulta a peça Coisas”, em boa verdade a criação dramatúrgica da peça advém de novas ideias partilhadas e sufragadas por todos até ao resultado final e que pode ser visto a partir do dia 11 de novembro, no Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery.
O espetáculo contempla apresentações para o público em geral no final de semana, bem como para as escolas durante a semana:
– 11 de novembro, 15h00 (escolas)
– 12 de novembro, 21h30 (público em geral)
– 13 de novembro, 16h00 (público em geral)
– 14 de novembro, 11h00 e 15h00 (escolas)
– 15 de novembro, 11h00 (escolas)