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Festival Vodafone Paredes de Coura: livro ´Paraíso de Coura` celebra a “santa terra do rock”

Um livro, da autoria do fotógrafo Alfredo Cunha, que recorda parte dos 31 anos do Festival de Paredes de Coura. Um documentário sobre esta terra e sobre este festival, que está a ser produzido. Entrevistas e conversas em palco, para "passar mensagens" e para "pôr as pessoas a pensar", além da música. E a ambição de continuar a crescer dentro da singularidade reconhecida a este festival, que regressa à praia fluvial do Taboão, entre a próxima quarta-feira e o dia 17 de agosto. São novidades detalhadas à Agência de Informação Norte pelo fotógrafo Alfredo Cunha, pelo Diretor do festival, João Carvalho, e pelo Presidente da Câmara de Paredes de Coura, Vítor Paulo Pereira.

Memórias de artistas em palco. Imagens de fãs em êxtase ou em momentos de relaxe e de diversão, na praia fluvial do Taboão, o local onde se realiza o Festival Vodafone Paredes de Coura. Fotografias de um cenário bucólico transformado em romaria de tribos urbanas. Momentos de vidas e de amores que fazem uma pausa no reboliço diário para respirar natureza e música, capturados pela objetiva fotográfica.

São registos captados pelo fotógrafo Alfredo Cunha no Festival de Paredes de Coura e que estão, agora, reunidos no livro ´Paraíso de Coura`. Em declarações à Agência de Informação Norte, o fotógrafo diz que essas imagens “mostram o ambiente de um sítio especial e de pessoas especiais”, acrescentando que “tudo ali, no Festival de Paredes de Coura, é diferente de todos os festivais”. Essa diferença, aponta o profissional da imagem, está, por exemplo, no facto de ser um festival que “não tem pó, onde nunca houve um incidente, onde chove sempre um dia, um festival com um ambiente distinto, em que o rio da praia fluvial do Taboão envolve o recinto e a rampa que desce para o rio forma um anfiteatro natural fantástico, que permite a toda a gente ver o festival sentado”. Por se tratar de um festival singular e de uma terra bucólica, de acalmia e de paisagens verdes, onde pastam manadas de gado e rebanhos de cabras e ovelhas, o título que escolheu para o livro deve-se ao facto de este festival e de Paredes de Coura serem “mesmo um paraíso”.

O Diretor do Festival Vodafone Paredes de Coura, João Carvalho, acredita que este livro “é um complemento para os mais distraídos que nunca conheceram este festival poderem perceber a dimensão que ele tem”. Lembra o mentor do evento que se trata de um festival com 31 anos de história, “considerado por muitos o festival mais icónico e mais bonito, que maiores bandas apresentou pela primeira vez em Portugal, que fez relações, que casou pessoas, que deu a conhecer bandas nas quais quase ninguém acreditava, um festival que cuida das pessoas, que tem indiscutivelmente a melhor organização do país em termos de pormenores e de infraestruturas”.

Alfredo Cunha explica que a criação deste livro resultou do “acumular do material que tinha”. Como já fotografa este festival há 21 anos, a fazer reportagens para os diferentes jornais em que trabalhou, juntou “milhares de fotos do Paredes de Coura” e questionou “porque não partilhar algumas delas desta forma”? Não esconde que Paredes de Coura “foi amor à primeira vista”, que se apaixonou “muito pelo ambiente deste festival”, precisamente por ser “totalmente diferente do resto dos festivais” e assume que “conhecia muito bem o festival, mesmo antes de o frequentar como jornalista”.

O responsável do festival, João Carvalho, acrescenta que a ideia do lançamento deste livro “surgiu entre uma conversa do Presidente da Câmara de Paredes de Coura e Alfredo Cunha”. João Carvalho afirma que se sentiu “muito entusiasmado com o projeto”, que deu “muita força e muita energia” ao mesmo e que ajudou para que se “concretizasse já este ano”, porque “o Alfredo Cunha é um dos melhores fotógrafos de Portugal, é um profissional de prestígio, que já fotografava o festival há vários anos e tinha um espólio incrível de fotografias sobre este festival”.

Por sua vez, o Presidente da autarquia, Vítor Paulo Pereira, contextualiza que o livro resulta de “um desafio antigo” que “surgiu de forma natural”. Como Alfredo Cunha “fotografa o festival há tanto tempo e vem pelo prazer”, produziu “um livro maravilhoso que também retrata toda esta odisseia e todo este caminho que foi o Festival de Paredes de Coura”, até porque, “um festival não se faz apenas com bandas e cantores, faz-se com  histórias, com memórias e com a identidade que se pretende transmitir às gerações futuras”.

“Santa terra do rock”

Além das fotografias de Alfredo Cunha, ´Paraíso de Coura` é acompanhado de textos da autoria do escritor Valter Hugo Mãe, do jornalista Mário Lopes, do Presidente da Câmara de Paredes de Coura, Vítor Paulo Pereira, e de Sandra Maria Teixeira. Todos enaltecem o Festival de Paredes de Coura como um evento ímpar e onde se respira o bucólico de uma vila pacata transformada, nestes dias de agosto, na “santa terra do rock”, como lhe chamou, há uns anos, Valter Hugo Mãe. Uma santa terra com um festival onde tudo “nos cura”, onde “aparecem manifestações solares à meia noite, estrelas mesmo verdadeiras que andam perto e que podem até vir do peito de alguém” e onde “toda a gente é bela e aprende a amar”, garantia o escritor.

Alfredo Cunha desvenda que “cada um deles dá a sua visão sobre o livro. Por exemplo, o texto de Mário Lopes é mais sobre as fotografias e sobre o próprio festival, enquanto o texto do Valter Hugo Mãe fala do festival e de Paredes de Coura, ao passo que a Sandra Maria Teixeira relata toda a história do festival”. Neste livro, acrescenta o fotógrafo, “é, pela primeira vez, publicada a lista completa dos fundadores e toda a história do festival, que é muito interessante”.

A obra ´Paraíso de Coura`, editada pela Tinta da China, celebra, assim, o festival que se realiza naquela vila minhota desde 1993. Vai ser apresentada no dia 14 de agosto, no primeiro dia do festival, às 12h30, na praia fluvial do Taboão, e chega às livrarias este mês. Depois do festival, será feita uma exposição com os trabalhos fotográficos que integram ´Paraíso de Coura`, exposição essa que poderá ser vista não só em Paredes de Coura, mas também “no espaço Atmosfera, do Montepio, e na Galeria Municipal da Amadora, no início de 2025”, prevê Alfredo Cunha.

Documentário sobre o festival em preparação

Se o livro ´Paraíso de Coura` é uma espécie de biografia de algumas edições do festival, está também a ser preparado, há já três anos, “um documentário com Pedro Neves, no qual vai ser contada toda a história do festival”, antecipa João Carvalho. Mas, remata o responsável, “é um projeto que vai levar algum tempo” e é uma outra perspetiva sobre “esta terra maravilhosa, que é Paredes de Coura, terra de gente simples e simpática, que sabe receber e que fica maravilhada quando chega o festival”. João Carvalho admite, por isso, que “a melhor prenda” que pode ter é “continuar a fazer este festival, cada vez melhor” e “passar a mensagem de ternura a quem nos visita”, porque “se, hoje, no mercado dos festivais é difícil organizar um, mais difícil é fazê-los no interior do país” e conseguir o “prestígio que o Paredes de Coura conseguiu obter, não só em Portugal, mas também na Europa”.

Esse prestígio passa, não apenas pelos “grandes nomes” que têm composto os cartazes das sucessivas edições do festival, mas também pela forma como o Vodafone Paredes de Coura tenta inovar, para não se perderem valores. João Carvalho assume que, numa “sociedade cada vez mais alheada do mundo real e da informação”, quer “fazer mais, para além de proporcionar boa música”. Quer que o festival ajude a “passar mensagens”, pelo que, este ano, haverá “uma série de entrevistas no palco de jazz, com gente inteligente para pôr as pessoas a pensar”. São conversas para “um público especial, que tem interesse por música, mas também tem interesse por Cinema, por Literatura, por Arquitetura”, conversas que ajudem a quebrar a “mediocridade, a cultura fútil”. João Carvalho quer um festival que valorize “a paz, a solidariedade, a segurança de nunca ter tido qualquer tipo de incidente, ao longo dos anos, um festival cujo público é ordeiro”. No fundo, um festival, onde as pessoas sintam que “recebem amor e dão amor em troca” e que continuem a “sair daqui com o coração cheio, com a cabeça limpa e melhores pessoas”.

O Festival Vodafone Paredes de Coura cumpre, este ano, 31 edições. Vai decorrer, mais uma vez, na praia fluvial do Taboão, entre 14 e 17 de agosto. O cartaz inclui atuações dos Jesus and Mary Chain, dos Fontaines D.C., de Cat Power, Slow J., Idles, Girl in Red, Branko e de Benjamim, entre muitos outros artistas e bandas.

Alfredo Cunha, o autor do livro ´Paraíso de Coura`, é um dos prestigiados fotógrafos portugueses. Celebrizado pelas fotografias que integraram a sua primeira grande reportagem relacionada com os acontecimentos do dia 25 de Abril de 1974, foi também ele quem registou em fotografia os momentos que se lhe seguiram, incluindo o Verão Quente de 1975 e o processo de descolonização.

Nascido em Celorico da Beira, em 1953, começou a carreira profissional ligado à publicidade e fotografia comercial, em 1970. Colaborou com o jornal Notícias da Amadora, ingressou nos quadros do jornal O Século e O Século Ilustrado, trabalhou na Agência Noticiosa Portuguesa – ANOP – e nas agências Notícias de Portugal e Lusa. Foi editor de fotografia no jornal Público e no Jornal de Notícias, foi fotógrafo da revista Focus, colaborou com Ana Sousa Dias no programa “Por Outro Lado”, da RTP2, foi editor fotográfico do Jornal Ola e diretor de fotografia da agência Global Imagens. Foi também fotógrafo oficial do Presidente da República António Ramalho Eanes, entre 1976 e 1978. Em 1985, foi designado fotógrafo oficial do presidente da República Mário Soares, cargo que exerceu até 1996. Alfredo Cunha recebeu, ainda, várias distinções e homenagens, destacando-se a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, atribuída, em 1995, pelo Presidente da República, e as menções honrosas atribuídas no Euro Press Photo 1994 e no Prémio Fotojornalismo VisãoBES 2007 e 2008. Atualmente, trabalha como freelancer e desenvolve vários projetos editoriais.

Fotos: DR

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3 Comments

  1. Não sabia deste livro. Faz todo o sentido. Há momentos maravilhosos. Pedi a minha mulher em casamento neste festival. É único pelo espaço, pelas pessoas, pela sala de espetáculos que proporciona. Vou lá estar mais um ano apesar de não achar que o programa seja o melhor . Há mais em Coura. Muito mais.

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