Cultura
Nova temporada do Teatro Municipal do Porto traz Laurie Anderson, Niño de Elche e Marlene Monteiro Freitas
O Teatro Municipal do Porto inaugura a nova temporada a 19 de setembro com a estreia do espetáculo "NÔT", de Marlene Monteiro Freitas, apresentado no Festival de Avignon. Até dezembro, o Rivoli e o Campo Alegre recebem 33 espetáculos, incluindo 12 estreias absolutas, 8 estreias nacionais e 18 coproduções, destacando nomes como Laurie Anderson e Niño de Elche.
4 de julho 2025

Nesta nova temporada, a música volta a estar em destaque e os dois concertos de Laurie Anderson, exclusivos em Portugal e no TMP, são o expoente máximo. Mas há mais: a dupla de culto Raül Refree & Niño de Elche vem apresentar o projeto colaborativo “cru+es”; oGonçalo Amorim/ TEP estreia “José Afonso, ao vivo nos Coliseus, 1983”; Lander Patrick traz a performance musical “WonderLandi”; Ana Madureira & Vahan Kerovpyan o concerto comentado “Não se canta à mesa”; e mantêm-se os concertos mensais do ciclo Understage.
“A vitalidade da música, enquanto expressão artística, explora o espírito sonoro que há muito molda a identidade artística do Porto. Ícones musicais, vivos e ausentes, ocuparão o centro do palco, trazendo bandas sonoras memoráveis para um programa pensado para permanecer com o público muito depois de terem saído do teatro”, afirma Drew Klein, diretor artístico da direção de artes performativas da Ágora, que, considera: “O programa da nova temporada não é tranquilo, porque o Porto não é uma cidade de temperamento recatado. Estes meses estão repletos de jogadas ousadas, grandes ideias e gestos enfáticos – alimentados por um espírito há muito enraizado na alma da cidade.”
Sobre a programação, refere: “As obras que se centram na ancestralidade e na memória cultural, recordam-nos o inevitável domínio do passado sobre o nosso presente. Outras falam de desejo – sentir e existir sem medo de julgamento. Há ainda as que misturam o sagrado e o profano, o facto e a ficção, o humano e o desumano”.
A relação com as estruturas da cidade mantém-se, com as portas abertas a festivais como o FIMP – Festival Internacional de Marionetas do Porto, assim como as parcerias com a Medeia Filmes, a Instável – Centro Coreográfico com o ciclo Palcos Instáveis, e com a Amplificasom, a Lovers & Lollypops e a Matéria Prima no Understage.
Entre o sagrado e o profano, o humano e o desumano
A temporada 2025-2026 arranca a 19 e 20 de setembro com “NÔT”, de Marlene Monteiro Freitas. A estrear no Festival de Avignon, o vale encantado da coreógrafa tem a forma de uma fábula, resultado da acumulação de vários contos: uns de amor, outros de guerra; alguns de viagens, outros bestiais.
Ainda em setembro, dia 27, destaque para a estreia nacional de “asses.masses” de Patrick Blenkarn & Milton Lim. Trata-se de um espetáculo com quase oito horas, um videojogo personalizado e concebido para ser jogado ao vivo pelo público, convidando-o a explorar o espaço entre o trabalho que nos define e o jogo que nos liberta.
Outubro começa com “Amores Perros (Parte 1)” concebido pelas codiretoras da Plataforma UMA, a partir das relações de companheirismo com os seus cães. Dias 3 e 4, Joana Magalhães e Mafalda Lencastre & Lígia Soares estreiam, simultaneamente, dois espetáculos: a performance “Matilha” e a peça “UNDERDOG”, respetivamente. No foyer do Rivoli estará a instalação de multimédia, sonora e visual, “Biscoito”.
Também dia 3, o produtor Raül Refree e o cantor Niño de Elche – que regressa depois de ter tocado no Rivoli em 2019 – apresentam o seu projeto colaborativo “cru+es”. Dois artistas de culto da música espanhola exploram as dicotomias entre vida e morte, dor e alegria, barulho e silêncio, no novo espetáculo que traz a música tradicional espanhola para os nossos dias.
Novembro com música para todos os gostos
O mês de novembro traz a estreia de “José Afonso, ao vivo nos Coliseus, 1983”, de Gonçalo Amorim/ TEP, dia 6. A revisitação de um dos últimos concertos de José Afonso, no Coliseu dos Recreios, que não pretende ser uma reconstituição do concerto original, mas uma reinterpretação do legado de Zeca.
Dias 12 e 13, destaque para os concertos exclusivos em Portugal de Laurie Anderson, uma das vozes mais influentes da arte contemporânea e da música eletrónica dos últimos 40 anos, com o novo espetáculo “X²”. Artista, compositora e performer norte-americana, amplamente reconhecida pela sua carreira inovadora na interseção entre música, tecnologia e artes visuais, Laurie Anderson explora temas como memória, identidade e linguagem, com destaque para colaborações com artistas como Kronos Quartet, Brian Eno e o companheiro Lou Reed.
Dias 21 e 22, Dorothée Munyaneza / Cie Kadidi apresenta “umuko” – a árvore da cura, ancestral e guardiã das histórias – onde convida cinco jovens artistas, poetas, dançarinos e músicos de Rwanda para contarem histórias através do corpo, da poesia, da música e do canto.
Dezembro começa com a estreia nacional de “F*cking Future” de Marco da Silva Ferreira, que regressa ao TMP, dias 4, 5 e 6. Uma exploração instigante e coreográfica de temas como militância e militarização, virilidade e violência, e a complexa interligação entre sistemas patriarcais e afetos, apresentada num palco elevado e quadrifrontal.
Quintas de Leitura mensais no Teatro Campo Alegre
O Auditório do Campo Alegre volta a ser palco das Quintas de Leitura. A 2 de outubro, “Não há melhor lugar para meditar do que a cauda de um tufão”, uma sessão construída em torno da obra de Jorge Sousa Braga, uma das vozes mais originais da poesia portuguesa contemporânea. A 6 de novembro, “Uma criança desenhou uma nuvem e começou a chover”; e a 18 de dezembro, “O futuro de Portugal depende de dez homens e de um bom guarda-redes”.