Espetáculos Nacionais

Mafalda Veiga: 30 anos com muitas canções no Coliseu do Porto

Desde 1988 que ninguém fica indiferente às suas músicas, bem como à sensibilidade que coloca nas letras que escreve. Com 30 anos de carreira, Mafalda Veiga continua a surpreender o público através das suas canções e a esgotar auditórios e grandes salas de espectáculos em todo o país. Não consegue viver sem a música e, por isso, afirma que compor, para si, é um prazer. “As palavras para mim são muito importantes e apaixonantes”. E justifica que as palavras de cada canção ficam à superfície, mais visíveis, como se fossem pele, capazes de “ser tocadas e de tocar, nesse caminho único, tão misteriosamente evocativo e extraordinário, que é a música”, deu conta, recentemente, a compositora à nossa reportagem.
Com a magia das palavras, subiu ontem ao Coliseu Porto Ageas com «Crónicas da Intimidade de uma Guitarra Azul», um espectáculo que viaja por todos estes anos de canções e que mostram o lado mais íntimo das músicas que compõe. Quanto a esta sala mítica da invicta,assegura que é um espaço onde se sente muito confortável. “É muito acolhedora, porque aquilo que se sente no palco é muito redondo e o público completa um círculo, pois está mais próximo do palco do que em outras salas”, enfatiza.
A autora brindou o público com temas como «Pássaros do Sul», «Cantar», «A Cor da Fogueira», «Tatuagem», «Cada Lugar Teu», «Balançar» ou «Velho» e assumiu que a sua grande inspiração vem na grande vontade que tem em viver. “Viver é inspirador e, principalmente, se nos deixarmos estimular por todas as coisas fantásticas que acontecem”. Subiram ainda ao palco Jorge Palma, Miguel Araújo e Rui Reininho. Nesta noite de “comemorações” contou ainda com a presença de músicos e compositores com quem já colaborou ao longo destes longos anos.
Mafalda garantiu-nos também que, apesar de muito ter mudado no panorama musical, continua a valer a pena fazer música em Portugal. “A música é cultura e a mesma tem um grande poder”. E, embora considere que lhe é dada pouca importância, “acho que ela é vital e é difícil imaginar o seu país sem a cultura”.
Ana Mafalda da Veiga Marques dos Santos começou por cantar fado, acompanhada por um dos seus tios. Mas, rapidamente, o público se apercebeu da sua voz ímpar, das letras profundas e da sua guitarra. “A cumplicidade que tenho com a minha guitarra ainda hoje é imensa, é algo físico, ao ponto de ir de férias e tenho que a levar”, risos. A autora, compositora e intérprete explica que a guitarra e a música sugerem-lhe palavras “e acaba por ser mais do que uma ferramenta de trabalho”.
Formada em Literatura, tem 10 álbuns editados – «Praia» é o mais recente, e vem acompanhado de um caderno. Trata-se de um disco que é simultaneamente livro, até porque, como refere a cantora, ela “também é de letras”.

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