Opinião
Aeroporto Francisco Sá Carneiro vazio, frio e sem vida
Dizia um passageiro à minha frente que assim é que era bom. Sem transito, sem gente a correr , sem filas intermináveis para o check in.
O aeroporto devia ser um local calmo e descomplicado mesmo que seja a porta de saída para os destinos de cada um. Certamente que o senhor de cara marcada pelas rugas da vida o afirmou sem pensar ou simplesmente para impressionar a companheira que sem hesitar abanou com a cabeça mas logo reclamou por não encontra um higienizador manual nas cercanias.
Pois é, os tempos pandémicos estão a saturar os poucos viajantes, a torná-los rabugentos e provavelmente a não os obrigar a refletir sobre a necessidade de o mais rapidamente possível e com o contributo de todos a covid -19 desaparecer e voltar a trazer aquela adrenalina das malas, dos passaportes, daquela garrafa de vinho que é preciso levar para o tio Zé porque não há na Suíça e cada lágrima que rola dos olhos dos pais ao se despedirem do filho enfermeiro que arranjou emprego em Inglaterra.
Ou simplesmente o sorriso de quem larga tudo para voar pelos céus e ter a certeza que mesmo sem asas físicas sempre é possível ir sempre por um caminho diferente.
Um aeroporto sem gente, sem as etiquetas de bagagem, o anúncio do atraso do meu voo, um aeroporto sem o som dos carrinhos de mão, do sopro de chatice porque a fila não anda, aquela conversa sobre a vizinha do passageiro do 7D ou a hospedeira que pede para desligar o computador é um espaço vazio. Sem vida. Sem encanto.
Foi assim que encontrei o aeroporto Francisco Sá Carneiro esta manhã. Seguindo as recomendações. Máscara facial , gel no bolso e sempre à distância do próximo. Os tempos não estão para facilidades. Mas já faltou mais para que alguém volte a escrever no espelho da casa de banho ” Querida viajo porque preciso mas volto porque te Amo”.
Fernando Eurico
Jornalista