Entrevistas
Luis Manuel Román: O mundo de Marco é a Roma das tabernas, bordéis, becos
Entrevista ao autor do livro “Roma Obscura”
Um livro que mistura Roma, mistério, terror e feitiçaria, de Luis Manuel López Román, escritor espanhol e uma fonte de conhecimento que partilha em várias plataformas digitais a sua grande paixão pela história. Roma Obscura já chegou ao nosso País através da editora Esfera dos Livros. E o feedback dos leitores já levou o autor a avançar com a segunda parte da saga.
Por: Andreia Gonçalves
Foto: DR
Agência de Informação Norte – Nasceu em Madrid em 1982. Como nasceu a sua paixão pela literatura?
Luis Manuel Román- O meu amor pela literatura tem uma culpada direta: a minha mãe. Uma das lembranças de minha infância é ver minha mãe sempre com um livro nas mãos, e suponho que o amor pela leitura tenha passado para mim desde muito cedo. Os livros foram os meus grandes companheiros durante a infância e a adolescência. Nunca saí de casa sem um livro debaixo do braço e é um costume que mantenho até hoje.
O que o motivou a estudar História e Filologia Clássica?
Quando eu tinha 14 anos, tive uma professora de latim que marcou um antes e um depois em minha vida. Com ela me apaixonei pela Roma Antiga, a sua cultura e literatura. Decidi que queria fazer desse amor por Roma o meu estilo de vida, e o primeiro passo lógico foi estudar História e lutar para me dedicar à pesquisa. Quando terminei a minha graduação, percebi que se eu quisesse ter um treinamento completo no campo da Antiguidade, eu precisava ler as fontes clássicas na sua língua original e matriculei-me na Filologia Clássica para estudar latim e grego.
Um estudante dedicado e apaixonado por história. Como foi a transição de aprendiz a professor e investigador?
Foi uma transição muito rápida, pois em apenas um ano após terminar a minha graduação, ganhei uma bolsa que me permitiu dedicar à pesquisa durante quatro anos. Essa bolsa foi uma bênção, permitindo-me dedicar totalmente à história de Roma e ao estudo do latim e do grego. Alguns anos depois, vivi uma certa deceção com o mundo universitário, e decidi que ensinar no ensino secundário era muito mais satisfatório nessa fase da minha vida.
De certa forma para si espalhar a história é uma missão. Como avalia essa responsabilidade?
É uma responsabilidade enorme. Os divulgadores são aqueles que trazem a História ao grande público, por isso são eles que têm de garantir que a mensagem que chega é rigorosa e profissional. Nada mais prejudicial no campo da História do que um mau divulgador ou aquele que usa essa disciplina para atingir os seus objetivos pessoais ou difundir as suas mensagens ideológicas. A boa divulgação é uma tarefa muito complexa, pois o uso sério e responsável das fontes e da bibliografia deve ser aliado a uma capacidade titânica de síntese, ao mesmo tempo que se cria uma história que também seja interessante para o público.
Horror e história são as suas praias literárias. É onde se sente mais seguro ao criar?
Sem dúvida, são nesses campos que me movo com mais facilidade. O mesmo adolescente que se apaixonou por Roma era um menino que devorava os romances de Stephen King. A minha paixão pelo terror e o meu amor pela história caminharam separadamente por muitos anos, até que, de alguma forma, uma faísca surgiu na minha cabeça e eu perguntei-me porque não unir as duas paixões. Foi aí que nasceram “ Roma Obscura” e o seu protagonista, Marco Lemurio.
Como definiria a aventura de escrever e publicar este “Roma Obscura”?
Escrever este livro foi um desafio, uma vez que tinha que introduzir elementos sobrenaturais, terror e mistério sem que isso implicasse falsificar os dados históricos que temos sobre a Roma republicana. Em todos os momentos tive que lutar para manter o equilíbrio entre um enredo que emocionasse o leitor e um pano de fundo histórico o mais perfeito possível. Foi um processo complexo, mas que me levou a aprender muito com uma Roma muitas vezes desconhecida do grande público.
“Roma Obscura” é uma viagem fascinante à Roma mais desconhecida, a cidade noturna onde bruxas, feiticeiros, assassinos, assassinos e todos os tipos de criaturas se escondem nas sombras.” Essas são as ideias chave para prender os leitores ao seu livro?
A noite, as sombras, a feitiçaria são, sem dúvida, alguns dos pilares que sustentam a trama de “Roma Obscura”. O protagonista, Marco Lemurio, é um feiticeiro que vive mal graças aos golpes e enganos de que faz vítimas dos incautos que o contratam. O mundo de Marco é a Roma das tabernas, bordéis, becos. Essa Roma que mal deixou reflexo nas fontes literárias, mas é tão fascinante como a Cidade dos grandes senadores e generais.
Este livro nos leva de volta ao ano 67 AC. Quanto tempo demorou a pesquisa para escrever este livro e a escrita da obra?
Durante os quatro anos que me dediquei à investigação na universidade, investi sobretudo em aprofundar os aspetos sociais e políticos de Roma no século I AC. Ambientar “Roma Obscura” neste período foi algo natural para mim, visto que é o período em que me movo com mais confiança. Tive que refrescar alguns elementos, reler os discursos de Cícero, as biografias de Plutarco. E para a parte mágica passei muito tempo a ler as edições de papiros mágicos que foram preservados da era imperial romana. A parte da escrita, no entanto, foi muito simples para mim. Marco Lemurio pegou-me pela mão e me mostrou o seu mundo, tornando a escrita deste romance um processo muito natural e agradável.
Como tem sido o feedback dos seus leitores?
Em geral, os leitores que ousaram entrar na Roma de Marco Lemurio deram uma boa receção ao romance. Destacaram o frescor dos diálogos, a construção dos personagens, a oportunidade de conhecer uma Roma que não costuma aparecer neste tipo de romance e muitos me disseram que têm querido mais, que “Roma Obscura “deixou vontade para ler mais… Felizmente para mim e para eles, a segunda parte da saga já está a caminho.
Convide os nossos leitores a conhecerem seu livro…
“Roma Obscura” é um romance que pode atrair leitores com uma grande variedade de perfis. Os amantes da Roma Antiga encontrarão uma trama com elementos da política e na qual personagens reais, como Pompeu ou Varro, têm um peso importante. Quem procura um romance de terror e mistério também verá as suas expectativas cumpridas, pois são os elementos que dão vida e essência à história de “Roma Obscura”. Mesmo quem gosta de ficção policial, picaresca ou de ação pode encontrar neste livro trechos do seu agrado. A Roma de Marco Lemurio é multifacetada como a Roma real, e nela todos os tipos de leitores podem encontrar o seu caminho.