Desporto

A cidade onde o Dragão já foi feliz

Há no ar um cheiro intenso a flôr de laranjeira. Sevilha é por esta altura uma espécie de atração irresistível para a passarada primaveril. A capital andaluza transformou se num delírio dos sentidos. Pela côr, cheiros e vida.
Na perfectiva do adepto portista a cidade onde repousa o descobridor das Américas,  Cristóvão Colombo, é um local para a eternidade. Um verdadeiro marco geodésico porque foi aqui que conquistou o ponto mais alto na já extinta Taça UEFA na primeira época completa de Mourinho, treinador que transformou o Porto num “Special One ” ao bater após prolongamento no La Cartuja os escoceses do Celtic.
Agora no regresso à cidade onde nunca há inverno os dragões transpiram por bater o todo poderoso Chelsea. É certo que o campeão nacional nunca venceu em Inglaterra  mas agora é em campo neutro e a história pode mudar definitivamente.
Nada se decide num jogo. Terça que vem novo encontro e novamente no Ramón Sanchez Pizjuán estádio propriedade do Sevilla FC onde treina o ex dragão Julen Lopetegui.
Há 18 anos havia uma maré azul e branca por estas paragens. Agora nem um portista se vê. A pandemia  afastou a afición  dos estádios e  um jogo dos quartos de final da Liga dos Campeões virou condomínio fechado aos protagonistas. A malha sanitária em Sevilha apertou depois da Páscoa tão tradicional. Os casos  aumentam e daqui a 15 dias será pior. Por isso ao visitante só dá para mirar a Giralda, a torre sineira mais famosa da Andaluzia  com mais de 100 metros de altura.  Comer o pescadito numa esplanada ainda é possível mas ver flamenco ao vivo não.  O Bairro de Triana está suspenso. Ainda assim da janela do Sr. Munõz , um sessentão com bigode  de uma ponta à outra da face,   sai a voz de Rosália uma catalã  convertida a Sevilha.
Ai aquela guitarra e o canto chorão. Ai aquelas palmas ritmadas e o sapateado junto às águas do Guadalquivir onde sempre se passearam  os trajes de flamenca com chapéu cordobez.
“Talvez no verão  voltem os espetáculos” suspira este andaluz de dentes amarelados da nicotina do cigarro que segura  entre os dedos. Voz de quem sabe.
O que todos reconhecem  é que só com sintonia, só com perfeição o Porto pode eliminar uma equipa que transporta mar no nome  mas  vem a este  Porto de abrigo numa cidade onde a equipa da invicta já foi  muito feliz. E volta para continuar a ser. Assim a bola lhe faça a vontade.
Fernando Eurico
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