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CTCV quer transformar Coimbra num HUB criativo e inovador

No ano em que comemora 35 anos, o CTCV apresenta um projeto único que pretende conciliar arte, inovação, sustentabilidade e inclusão.

No ano em que se assinalam 35 anos sobre a sua criação, o Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro (CTCV) transforma aquele que foi um dos maiores complexos industriais cerâmicos do país, num HUB criativo e empreendedor de cocriação, coworking, startups e scaleups.

O denominado LUFAPO HUB, para além da componente de empreendedorismo industrial, tem como finalidade ser um centro de indústrias criativas e “um local inspirador que concilie arte, inovação, sustentabilidade e inclusão, atrativo para criadores mundiais, privilegiando a cocriação e o desenvolvimento de ideias de negócio, aproveitando o conhecimento existente e reforçando as sinergias entre as indústrias tradicionais, criativas e tecnológicas”, destacou Jorge Marques dos Santos, Presidente do Conselho de Administração do CTCV, na sessão pública de lançamento do projeto.

Está também a ser desenvolvido um projeto de reabilitação do edifício, com um prazo de conclusão de cinco anos, assente na utilização de materiais inovadores, funcionando como uma referência do conceito New European Bauhaus, movimento promovido pela Comissão Europeia e que consiste na criação de uma Europa mais sustentável e mais inclusiva.

Após esta reabilitação, o LUFAPO HUB prevê a criação de mais de 400 postos de trabalho.

Miguel Fonseca, vereador da Câmara Municipal de Coimbra, no decorrer da sua intervenção, destacou a inovação de um projeto verdadeiramente agregador que junta startups e scaleups e que complementa sinergias. “Os meus parabéns ao CTCV pelo arrojo que teve ao avançar com o LUFAPO HUB. São projetos como este que nos permitem fazer de Coimbra uma cidade mais competitiva e atrativa para ideias de negócio”, afirmou.

Inspirado em iniciativas internacionais e nacionais de sucesso e nas novas políticas económicas que privilegiam a cocriação, a inovação inclusiva e o empreendedorismo, o LUFAPO HUB ambiciona ser um HUB de indústrias criativas e um centro de incubação de novas empresas.

A Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, destacou o movimento Bauhaus que está na base do desenvolvimento do LUFAPO HUB e que estabelece uma ponte entre a passado, o presente e o futuro. “Os meus parabéns ao CTCV pela recuperação deste complexo. Um projeto de futuro que respeita a história”, referiu no decorrer da sessão de apresentação do projeto.

Estão já em funcionamento 25 projetos neste espaço, entre empresas de base tecnológica, startups ou scaleups e criadores, que empregam mais de 80 pessoas, maioritariamente jovens qualificados.

LUFAPO HUB já estabeleceu um protocolo com o CEARTE – Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património – escola de ofícios essencialmente dedicada à cerâmica, com vista à instalação de um atelier de cocriação para ceramistas neste espaço.

Localizado no edifício principal, o atelier é direcionado a criadores na área da cerâmica e está equipado com todos os utensílios, ferramentas, equipamentos e fornos necessários à atividade da olaria.

Adicionalmente vai ser introduzida uma forte componente tecnológica, com impressão de cerâmica em 3D, sem esquecer os novos materiais e a economia circular.

Outra das ideias para atrair novos projetos inspiradores para o LUFAPO HUB passa por criar uma residência criativa, em regime de ‘co-living’, na cobertura do edifício-sede, que possa atrair nómadas digitais e criadores de todo o mundo, preferencialmente ligados ao setor cerâmico.

LUFAPO HUB não esquece a perspetiva cultural e económica das cerâmicas e vai constituir um espaço dedicado a essa memória histórica, para lembrar que Coimbra tinha uma indústria cerâmica riquíssima.

O espaço vai recuperar ainda o espólio da antiga LUFAPO, que se encontra na Universidade de Coimbra, no âmbito de uma recolha efetuada na década de 70, pelo físico Mário Silva, para integrar as coleções do Museu Nacional da Ciência e da Técnica e estudar a possibilidade de revitalizar a produção de algumas peças inspiradas nos desenhos e moldes antigos.

O edifício está equipado com um auditório para 120 pessoas, um refeitório, seis salas de reunião, que podem ser também convertidas em salas de formação, e um espaço de coworking para 15 pessoas que já se encontra em funcionamento.

Sobre a história da LUFAPO

A história da LUFAPO começará talvez nos primórdios do século XX, mas ainda com outra denominação. Todavia, sabe-se com exatidão que, em 21 de junho de 1923, já existiria como “A Cerâmica Limitada”, uma vez que os sócios gerentes Francisco Ferreira e Ezequiel dos Santos Donato, representantes da empresa, escrituraram um terreno situado no Vale Paraíso, no Loreto, freguesia de Eiras, onde já estaria construído o edifício principal do que mais tarde viria a ser um dos maiores complexos industriais cerâmicos do país!

Julga-se que surgiu neste local, junto à linha do caminho-de-ferro, em consequência da necessidade de se deslocalizarem as inúmeras cerâmicas que abundavam na baixa de Coimbra durante o século XIX, impedidas de se desenvolverem por se encontrarem estranguladas pela própria cidade.

Considera-se que esta unidade fabril iniciou a época da grande indústria cerâmica em Coimbra, tendo registado um crescimento rápido nos primeiros anos de produção, “chegando a empregar cerca de 1000 operários e a ser, no seu género, uma das maiores do país”.

Esta indústria, localizada num terreno com cerca de 9 hectares, foi também inovadora para o seu tempo, tendo construído algumas casas para operários, um campo de futebol, laboratórios, escolas e creches para os filhos dos trabalhadores, entre outras inovações. A fábrica era constituída por múltiplos edifícios ligados entre si e construído em vários patamares.

Em 1929, a Companhia das Fábricas Cerâmica Lusitânia adquiriu este complexo industrial, à semelhança da fábrica de Massarelos, no Porto.

A designação e a marca LUFAPO é construída a partir das palavras LUsitânia, FAianças e POrcelanas, tendo surgido em meados da década de 1940, no âmbito da reconversão da indústria cerâmica portuguesa após a II Guerra Mundial.

Sabe-se que a marca LUFAPO foi usada em louças domésticas e decorativas, louças sanitárias, louças eletrotécnicas, azulejos lisos e decorados, mosaicos cerâmicos, ladrilhos hidráulicos, grés para canalizações e produtos refratários, estando a maioria dos seus produtos intrinsecamente ligados ao modernismo e ao movimento Bauhaus em Portugal.

À semelhança das outras indústrias cerâmicas de Coimbra, este complexo industrial entrou em declínio culminando na sua insolvência e, em 1977, o município de Coimbra fica com a sua penhora.

Entretanto, nos anos 80 foi construído o loteamento do Loreto, demolindo todos os edifícios do antigo complexo industrial da LUFAPO, incluindo as inúmeras chaminés tão marcantes da paisagem local. Daí, sobreviveram apenas o edifício principal e a antiga escola primária, os únicos que chegam aos nossos dias.

Em 1987, o edifício principal passa para a gestão do CTCV, onde até hoje se mantém a sede, embora quase toda a atividade do Centro esteja atualmente localizada no iParque.

Nos antigos edifícios está a nascer um projeto inovador, fazendo ressurgir o nome “LUFAPO”, dando-lhe, contudo, uma nova abrangência, acompanhando as tendências europeias do movimento do New European Bauhaus.

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