Espetáculos Nacionais

Não parem a festa, que regressa a 19, 20 e 21 de julho de 2024

O Festival Marés Vivas terminou com dois concertos que superaram toda e qualquer expetativa. The Script e Black Eyed Peas provaram ser capazes de continuar a surpreender, de criar momentos épicos e inesquecíveis e de despertar no público a vontade de lhes pedir para não pararem a festa. A festa das marés de enchentes e de atuações vivas repete-se a 19, 20 e 21 de julho de 2024 no mesmo local: o antigo parque de campismo da Madalena, em Vila Nova de Gaia.

A frase “I got a feeling that tonight´s gonna be a good night”, da música “I gotta feeling”, dos Black Eyed Peas, escrita numa tela gigante à entrada do recinto, anunciava uma noite que se confirmou memorável. E isso prometeu também Taboo, o vocalista da banda californiana, quando, a seguir ao tema de abertura do concerto “Let´s get it started” prometia que “tonight will be bueno”, fazendo da mistura do inglês e do espanhol uma constante ao longo de todo o espetáculo (ou não tivesse ele origens mistas: o pai é mexicano, a mãe é nativo-americana).

Com efeito, os Black Eyed Peas presentearam o público do Festival Meo Marés Vivas com um contagiante desfiar de sucessos da banda, misturados com medleys de hits de outros artistas e de outros tempos, como foi o caso de “Misirlou” (o instrumental de abertura do filme “Pulp Fiction”), “The Time of my life” (a famosa canção da banda sonora do filme “Dirty Dancing”), “La isla bonita” (um clássico intemporal de Madonna), “Rythem of the night” (o mega sucesso de Corona) e até o som que as claques de futebol costumam entoar nos estádios.

J Rey Soul, a nova cantora dos Black Eyed Peas, que substituiu Fergie (depois desta ter deixado o grupo, em 2017, para se dedicar à maternidade) exibiu os seus dotes vocais em alguns desses medleys, mas sem o mesmo protagonismo e o mesmo impacto que teve a antecessora Fergie, durante os anos que esteve na banda. Mas foi J Rey Soul quem arrancou a primeira grande ovação do público. Perguntou ela, durante o tema “Mamacita”, “Portugal, are you having a good time?! Say yeah!”. E o público acedeu com um ruidoso “Yeeeaaahhhh”!

Ao longo de cerca de hora e meia, os vários membros dos Black Eyed Peas alternaram vozes, presenteando os espetadores com todos os sucessos do grupo, incluindo “Scream & shout”, “Girl like me”, Don’t you worry” e “Don’t stop the party”. Pelo meio, a banda, que recentemente fez anos, ouviu o público cantar os parabéns em dois momentos diferentes (uma vez em português, outra em inglês), e acedeu a chamar ao palco uma fã. Sofia, uma jovem do Porto, não escondeu a emoção por poder cantar ao lado do grupo e fê-lo ao longo de “Where is the love”, mostrando que sabia a letra de cor e que não desafinava, enquanto a plateia colocava as mãos em forma de coração. No fim, Taboo adjetivou esta partilha com um alegre “this was a moment”!

O concerto terminou com o incontornável “I gotta feeling”, numa extended version, uma versão alargada, como que a querer dizer que não havia vontade de parar a festa, para o público não parar a festa. Os papelinhos que caíram do palco sobre a multidão e os fãs que subiram ao palco nessa despedida ficaram na retina dos milhares de pessoas que assistiram ao show e ficaram também registados no telemóvel de J Rey Soul, que fotografou o momento.

Épica foi igualmente a atuação dos irlandeses The Script. Superando as melhores expetativas, o quinteto irlandês alinhou os inúmeros êxitos que mesmo o público mais desconhecedor já ouviu inúmeras vezes nas rádios. A banda de pop-rock abriu com o badalado “For the first time”, tema que desencadeou uma reação imediata na plateia, que cantou em uníssono, com os braços no ar, levando o vocalista Danny O´Donoghue a dizer “it feels like Friday night, not like Sunday” e a acrescentar “Portugal is in our hearts”. O front man do grupo voltou a expressar gratidão e deslumbramento com o público português quando depois de cantar “The man who can´t be moved”, que dedicou aos ex e às ex namoradas que não conseguem seguir em frente, admitiu “this is unbelievable, so many people”. Danny sentou-se no chão do palco e a multidão do recinto volta a fazer uma ovação, com a onda da esquerda para a direita.

O espetáculo dos The Script ficou, ainda, marcado por um momento hilariante, quando Danny O´Donoghue pegou no telemóvel, simulou fazer uma chamada em direto para o Ronan, para ele ver os milhares de pessoas que assistiam ao show, e terminou o telefonema desafiando o público a despedir-se do amigo com um anedótico “good bye, asshole”. E o público gritou a plenos pulmões, em inglês, esse “tchau, idiota”!

Antes do fim da atuação, o vocalista lembrou também o guitarrista e fundador dos The Script, Mark Sheehan, que morreu em abril passado e que Danny O´Donoghue homenageou com um “our best friend”. Serviu essa homenagem de introdução ao tema “Six degrees of separation”, a que se seguiu “Science & Face”, numa espécie de demonstração de que a música também é um estado de fé, de devoção e de ascendência a algo superior.

Seguiu-se “You got me crazy”, música durante a qual o vocalista apresentou os restantes elementos da banda. Houve tempo ainda para “Breakeven”, com uma imagem de um coração quebrado e em chamas a surgir nos ecrãs, e para “Hall of fame”, a última música da performance da banda irlandesa. Danny O´Donoghue pediu ao público para ligar as luzes dos telemóveis, para se verem as estrelas e toda a constelação, disse “I feel like home, in Ireland” e agradeceu aos portugueses, ao Porto e a “this amazing people”, dedicando-lhes esse tema, por sentir que esta foi “the best audience” que os The Script tiveram na digressão que terminou domingo à noite, justamente no Meo Marés Vivas.

Já a banda se tinha retirado do palco e os fãs continuavam a cantar “Hall of fames”, enquanto abandonavam o recinto. No próximo ano, o Marés Viva volta a realizar-se, a 19, 20 e 21 de julho, no mesmo local: antigo parque de campismo da Madalena, em Vila Nova de Gaia. O Diretor da PEV Entertainment, Jorge Lopes, justifica dizendo que a dimensão do espaço permite fazer crescer o evento, já que “neste momento, o Marés Vivas ocupa apenas 60% do parque”. A organização está a negociar com os próximos artistas e promete anunciar nomes “em breve”, garantindo, desde já, que “a fasquia está alta e vai superar as expetativas”.

Este ano, o festival teve lotação praticamente esgotada, com 95% nas duas últimas noites e com cerca de 40 mil pessoas na primeira noite, que foi inteiramente dedicada apenas a artistas portugueses.

 

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