Espetáculos Nacionais

“Fuck the rain”, relativizaram os Keane, na segunda noite de North Music Festival

A celebrar vinte anos sobre o lançamento do primeiro disco, “Hopes and Fears”, os Keane fecharam o segundo dia do North Music Festival com um alinhamento recheado dos maiores sucessos da banda. Numa noite de chuva ininterrupta, fez-se sol no olhar do vocalista Tom Chaplin e dos fãs. De acordo com a organização, 30 mil pessoas assistiram ao concerto.

Em vinte anos, as vidas mudam, o mundo muda, mas há uma nuance que permanece inalterada: festival de música a Norte que se preze tem muitas vezes, para não dizer quase sempre, chuva. Esta noite, não foi exceção. E o espetáculo em que os Keane vieram celebrar duas décadas sobre o lançamento do primeiro disco, “Hopes and Fears”, lançado em 2004, foi molhado do início ao fim, a fazer justiça à música “Can´t stop now” que abriu o concerto. Porquê parar a chuva agora, se ela ainda agora está a começar e se Tom Chaplin, o vocalista da banda britânica de rock alternativo, ainda tem tanto para nos dizer e para nos fazer rir sobre a chuva?!

“Estamos muito felizes por estar aqui a celebrar vinte anos de Hopes and Fears”, disse Tom depois da primeira canção, acrescentando “não parem de fazer barulho”. Ouviu-se “Bend and break” e o público cantou em uníssono o refrão da música. Descontraído, sorridente e com o cabelo notoriamente mais branco do que nas últimas atuações em Portugal, percebe-se que o tempo também deixa marcas no elemento que é a imagem do grupo. Mas a voz de Tom Chaplin continua cristalina, límpida, emotiva, poderosa, melancólica e introspetiva. E o rosto e o sorriso do frontman da banda continuam pueris, a fazer lembrar um anjo pintado por Botticelli. Um rosto e um sorriso perfeitamente reconhecíveis, mesmo quando, de seguida, cantou “We might as well be strangers” e “Nothing in my way”. No fim desta música, uns segundos de pausa e uma voz feminina do meio do público gritou tão alto “I love you” que ouviu-se praticamente em todo o recinto, provocando uma risada no vocalista e em milhares de fãs que ouviram essa declaração.

“Don´t stop the energy, fuck the rain”

Retomado o alinhamento com “The way I feel”, Tom perguntou aos fãs, no fim desta música: “já parou de chover”? A plateia do Prado do Parque de Serralves que, de acordo com a organização, era composta por 30 mil pessoas, gritou em coro pujante “nãããããoooooo”! O vocalista riu-se e ironizou: “Isto não é chuva! Têm de vir a Inglaterra para ver o que é chuva”!

Convidou, depois, o público a repetir uma série de “oooohhhh, oooohhhh, oooohhhh”, em jeito de aquecimento para introduzir o tema “You are young”. A meio da canção, gracejou dizendo “soltem o Freddie Mercury que há em vocês”, para voltar a desafiar os fãs a entoarem, de novo, esse “oooohhhh, oooohhhh, oooohhhh”. Ao coro de vozes sucederam-se os acordes da facilmente reconhecível “Everybody´s changing”. A chuva continuava sem dar tréguas e Tom soltou um “obrigado”, em português, e um “I love you”, em inglês. O público aplaudiu e ele incentivou “podem continuar”. Seguiu-se “Bad Dream” e o entusiamo da plateia arrebatou o cantor, que pediu aos presentes no festival “don´t stop this energy, fuck the rain”, para dar voz ao tema “Is it any wonder”.

O momento de luzes a iluminar o recinto foi quando o vocalista dos Keane pediu ao público para ligar os isqueiros e as lanternas dos telemóveis, para ele cantar a primeira canção composta pela banda, “She has no time”. Houve tempo, ainda, para o êxito “This is the last time”, para “Cristall Ball” e para outro hit, “Somewhere only we know”, cantados a plenos pulmões pelos presentes, numa espécie de comunidade espiritual que partilha e exorciza emoções.

Entre aplausos, assobios e gritos da audiência, o vocalista recordou que “o grupo não sabia, há vinte anos, onde ia estar e o que ia acontecer” com o som emocionalmente carregado que apresentava. Muito menos sabia que se tornaria numa das bandas mais emocionantes e influentes das duas últimas décadas. Tom Chaplin agradeceu, por isso, o carinho e a lealdade dos fãs “por apoiarem a banda, ao longo desta longa jornada” e desejou “que daqui por vinte anos possamos estar, novamente, juntos, à chuva”. Até porque, reconheceu, por fim, o bem-humorado performer, “vocês têm um pouco de ingleses, por terem aguentado esta chuva”.

O concerto terminou com “Bedshaped”, como que a fazer pendant com a única coisa que importa reter duma noite de molha e que está escrita no sétimo verso dessa balada: “You´ll flollow me back with the sun in your eyes”. Não restem dúvidas de que, nesta noite de chuva ininterrupta, fez-se sol no olhar de Tom Chaplin e dos fãs!

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