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Museu Municipal de Esposende apresenta exposição fotográfica “Urdir o Junco”
Afirmando, uma vez mais, o seu propósito de salvaguarda do património concelhio, o Município de Esposende procedeu hoje à abertura, no Museu Municipal, da exposição fotográfica “Urdir o Junco”, que retrata o labor artesanal das esteireiras de junco de Forjães.
Uma mostra de “cores e texturas”, como referiu o autor das fotografias, o conceituado fotógrafo Juan Pablo Moreiras, cujo trabalho tem ilustrado numerosas exposições e publicações, nomeadamente do Património Mundial da UNESCO, bem como reportagens em prestigiadas revistas internacionais como Time, National Geographic, BBC Wildlife, Sunday Times, The Daily Telegraph, Sydney Morning Herald, L’Internazionale, Traveller, Diversity, Der Spiegel, Berliner Zeitung, Paris Match, Marie-Claire, La Vanguardia Magazine, El Mundo Magazine, entre outras.
“Adorei, obrigado” foi desta forma que iniciou a sua intervenção, agradecendo à Câmara Municipal o convite que, decorridos trinta anos após o primeiro trabalho profissional, o deixou encantado pela oportunidade de poder tomar conhecimento da arte do junco e registar o trabalho das artesãs, cumprindo, assim o propósito de um bom fotógrafo: “entender, compreender e mostrar”. Assumindo que este foi “um trabalho terapêutico” que lhe deu bastante gozo fazer, Juan Pablo Moreira deixou o convite a que visitem e desfrutem da exposição.
Álvaro Campelo, Comissário Científico da exposição, destacou o novo olhar que tem incidido sobre a arte do junco, o qual tem permitido dar a conhecer e conferir beleza e valor ao que antes eram vistos como “objetos utilitários que foram sinónimo de dor e de sofrimento”. A propósito da mostra, referiu que a imagem traz conhecimento, que transporta histórias de vida e se reveste de emoção, destacando, assim, a “relação a relação emocional com a arte e o património”.
Louvou o trabalho do Município na promoção e preservação da arte do junco, a exemplo de outras vertentes culturais e patrimoniais, como é o caso da apanha do sargaço, Álvaro Campelo expressou confiança no futuro, considerando que “os mestres têm muito a dizer às nossas escolas”, ou seja, na transmissão do conhecimento e do saber fazer.
Concluiu a sua intervenção com agradecimentos a todos quantos contribuíram para a exposição e vincou que sendo este um trabalho de um “fotógrafo excecional, tão consagrado, já é uma internacionalização” da arte do junco.
Esta exposição acolhe, em complemento, peças da mostra “Água Terra Fogo”, que resultam de trabalhos produzidos ao longo das últimas quatro edições do projeto académico “‘Design’ e Território” da ESMAD (Escola Superior de Media Artes e Design, do Instituto Politécnico do Porto). Com curadoria de Abel Tavares e coordenação de Olívia Marques da Silva, é uma viagem entre as terras raianas do Nordeste Transmontano até às ardentes paisagens do Baixo Alentejo, passando pelos juncais no prado salgado do Cávado.
Na sua intervenção, a Presidente do ESMAD, Olívia Marques da Silva, destacou a importância da ligação do ensino superior às regiões, “pela relação que se pode estabelecer entre as diferentes áreas da escola com a comunidade”, no caso concreto o contacto dos alunos com os artesãos. Referiu que a exposição evidencia, de forma particular, o trabalho artesanal associado ao junco, onde sobressaem as mãos, e destacou a intensidade das cores, elogiando a mestria do fotógrafo. Em jeito de convite, exortou o Município a levar posteriormente a exposição ao Instituto Politécnico do Porto e a realizar um debate sobre o tema da arte do junco. Olívia Marques da Silva lançou, ainda, o desafio ao Presidente da Câmara Municipal, Benjamim Pereira, para Esposende acolher residências artísticas nas vertentes do audiovisual e do cinema. Agradeceu, de resto, a disponibilidade do Município para a parceria estabelecida no âmbito desta exposição, notando que “nem todas as Câmaras Municipais estão disponíveis para tal”.
Na resposta, o Presidente Benjamim Pereira manifestou total disponibilidade para dar seguimento a quaisquer projetos que possibilitem “projetar para o exterior aquilo que de bom temos”. Vincou que o Município tem feito um enorme investimento nas áreas da cultura e do património, por se tratar de “um ativo financeiro para o desenvolvimento do concelho”.
Sobre a exposição “Urdir o Junco”, referiu que “é uma espécie de complemento do Centro Interpretativo de Arte do Junco”, sediado no Centro Cultural de Forjães, um equipamento que decorre da estratégia cultural do Município de valorização e preservação do património imaterial, de que são exemplo a arte do junco e a apanha do sargaço, que motivou a criação do Museu do Sargaço, em Apúlia.
Benjamim Pereira reiterou a intenção de criar um Museu dedicado a D. Sebastião e anunciou que o projeto da Casa-Museu Manuel de Boaventura se revestirá de uma maior abrangência, abarcando também a vertente da etnografia. O objetivo é não só homenagear e divulgar este escritor e homem de cultura esposendense mas também preservar e evidenciar toda a vivência da época e daquela casa em particular.
O Presidente da Câmara Municipal sublinhou que, apesar da sua dimensão, Esposende assume-se como um território ambicioso, inovador e diferenciador, que beneficia de um património natural e patrimonial de excelência e de uma qualidade de vida excecional.
Todo o investimento do Município contribui para o cumprimento das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, nomeadamente a valorização da diversidade cultural e a contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável, bem como a consolidação dos esforços para proteger e salvaguardar o Património Cultural. Proporciona igualmente o desenvolvimento de novas dinâmicas ao nível artesanato e do turismo criativo, para além de continuar a constituir um elemento distintivo e exclusivo do território de Esposende.
Como complemento à exposição, foi editada a publicação “Urdir o Junco | As mulheres esteireiras de Forjães”, com fotografias de Juan Pablo Moreiras e textos de Abel Tavares e Telma Enes Oliveira, de Álvaro Campelo e de Paulo Guerreiro, financiada ao abrigo do PROVERE, no âmbito da candidatura NORTE-06-3928-FEDER-000021 – Touring Cultural – Artes e Produtos Tradicionais.
Foto: DR