Cultura

Guimarães: Encenadas por Nuno Cardoso, “As Bruxas de Salém” ganham vida no Centro Cultural Vila Flor

Clássico incontornável do teatro moderno, "As Bruxas de Salém", do dramaturgo norte-americano Arthur Miller, é revisitado pelo encenador Nuno Cardoso e apresentado no Centro Cultural Vila Flor no dia 21 de setembro. É com esta produção do Teatro Nacional São João que Nuno Cardoso prossegue a inquirição dos alicerces da vida em comunidade, num outro ensaio sobre a cegueira do homem social, reunindo em palco um elenco de peso composto por Ana Brandão, Carolina Amaral, Joana Carvalho, Jorge Mota, Lisa Reis, Mário Santos, Nuno Nunes, Paulo Freixinho, Patrícia Queirós, Pedro Frias e Sérgio Sá Cunha.

“As Bruxas de Salém foi um ato de desespero.” Estas são as palavras do dramaturgo Arthur Miller sobre a génese desta peça. Inspirada num caso histórico – os processos de bruxaria, durante a chamada “caça às bruxas, que varreram a população do Massachusetts puritano em 1692 –, a peça de Arthur Miller traça assim um paralelo com esse episódio na pequena comunidade americana de Salém, onde mulheres e homens são perseguidos e julgados por bruxaria, e é uma obra indissociável do macarthismo, política de perseguição sectária aos comunistas norte-americanos movida pelo senador Joseph McCarthy na década de 1950.

O rumor e a mentira incendeiam a comunidade e ninguém parece estar a salvo da acusação ou da vingança. Mais do que inspirada na história, não há uma personagem da peça que não tenha tido um papel semelhante na pequena comunidade americana de Salém. Portadora de uma mensagem intemporal, “As Bruxas de Salém” constitui um poderoso libelo contra a prepotência, a intolerância e a estupidez. Por debaixo das questões sobre justiça, a peça desenterra um caldo letal de sexualidade ilícita, medo do sobrenatural e manipulação política (como disse Miller).

Estreada em 1953, “As Bruxas de Salém” foi assim pensada como um paralelo às trevas do macarthismo que corroíam o coração dos Estados Unidos da América, consumidos pela febre anticomunista, que também vitimou Miller. Do seu epicentro – um fascínio primevo pela paranoia, que sacrifica indivíduos na sua fúria coletiva – ressoam hoje múltiplos ecos. O medo, a mentira, a manipulação e a força destruidora da vingança continuam a gerar as suas vítimas, todos os dias, nos jornais e nas televisões, nas ruas e nas redes sociais.

A apresentação do espetáculo “As Bruxas de Salém” no Grande Auditório Francisca Abreu, a 21 de setembro, às 21h30, marca o regresso ao CCVF de Nuno Cardoso, encenador cujo trabalho tem sido acompanhado e acarinhado pelo público de Guimarães. Este espetáculo conta com interpretação em Língua Gestual Portuguesa e com Audiodescrição, sendo dirigida a maiores de 12 anos, e os bilhetes encontram-se à venda por 10 euros ou 7,5 euros com desconto e podem ser adquiridos em oficina.bol.pt, bem como presencialmente nas bilheteiras dos equipamentos geridos pel’A Oficina como o Centro Cultural Vila Flor (CCVF), o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), a Casa da Memória de Guimarães (CDMG) e a Loja Oficina (LO).

Foto: DR

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