Breves
Marionetas do Porto interrogam-nos(-se) “Para Onde Vão”?
Há fantasia, sonho e imaginação quanto baste no último trabalho das Marionetas do Porto, algo que de resto tem sido [quase] sempre apanágio na senda laboriosa da companhia ao longo da sua dimensão existencial. A peça “Para Onde Vão?” estreia no próximo dia 9 de novembro, às 21h30, no Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery e repete em récita marcada para o dia 10, domingo, às 16h00.
As Marionetas do Porto unem-se assim ao universo do ilustrador João Rodrigues para falar(em) sobre o Amor – coisa maiúscula entre os seres humanos, que não apenas o de feição literalmente romântica, entenda-se, mas antes o fraternal – tal como “Filadélfia”, por exemplo, cujo significado é Amor Fraterno – algo que anda muito arredado das coisas do ‘(i)mundo’.
E se no âmbito deste binómio acima referenciado, no que toca ao polo do autor e criador visual, este se tem vindo a debruçar sobre este tema elegendo-o como um tópico nuclear no domínio das suas obras, a correspondência com o trabalho versado pelas Marionetas do Porto ao longo do tempo nas diferentes peças levadas à cena que refletem o histórico da companhia, bem pode dizer-se de igual modo que o Amor esteve sempre longe de ser matéria despiciente na abordagem cénico-dramatúrgica da companhia.
“Para mim, enquanto criadora, era importante falar do Amor para além da convenção romântica habitual. Interrogar-me sobre o que é afinal o Amor?”, sustenta Micaela Soares, a responsável pela encenação, texto e dramaturgia da peça, e prossegue o raciocínio: “As personagens dele, do João, usam um capacete para fugirem da realidade e quisemos aproveitar a ideia para a narrativa, criação e ficção da peça”, concretiza aquela que é também atriz neste espetáculo.
Vitor Gomes, ator interveniente no espetáculo e auxiliar na respetiva dramaturgia, complementa a ideia: “[Os personagens]Usam o capacete para nutrir o seu imaginário, por um lado, e, por outro, fazem-no no sentido de recusar um mundo real que não é tão ideal!”
É por estas e outras ideias que o espetáculo é importante para os maiores de 3 anos que a ele podem aceder. Trata-se de uma reflexão sob a forma de uma peça de teatro de marionetas (e não só) que nos convida e estimula a explorar a temática mais vasta do Amor nas diferentes formas em que este se pode manifestar, trazendo à tona temas como a amizade, a empatia e a necessidade de amar.
[Na peça] Há afinal um lugar imaginário que apenas existe quando eles usam um capacete de astronauta, onde personagens improváveis se encontram e há corações por todo o lado. A inocência de brincar e a curiosidade do saber comandam toda esta estória. Mas então, onde é que podemos encontrar (o) Amor?
Num tempo de atomização do(s) indivíduo(s), de um isolamento crescente da vida em sociedade que por aí graça (sem graça)… Onde temos o “touch”, mas perdemos o toque, tal como defende Vítor Gomes, a solução é, tal como na peça, não morarmos todos dentro do nosso capacete, pois para conhecermos o Amor, temos de tirar o capacete e estarmos dispostos a receber e a acolher. Onde estão as coordenadas do Amor? É preciso um GPS para as descobrir? Talvez o melhor, passe o estrangeirismo, seja mesmo um GPS ASK! Então, vamos (todos) a isso…
Ficha artística e técnica
Encenação, texto e dramaturgia – Micaela Soares
Apoio à dramaturgia – Vítor Gomes
Cenografia – Filipe Azevedo e João Pedro Trindade
Marionetas, figurinos e animação vídeo – João Rodrigues
Música – Pedro Cardoso
Desenho de luz – Filipe Azevedo
Interpretação – Micaela Soares e Vítor Gomes
Produção – Sofia Carvalho
Oficina de construção – João Pedro Trindade (coordenação), Catarina Brandão, Catarina Falcão, Filipe Azevedo e Romana Vieitas
Operação de luz e som – Filipe Azevedo
Confeção de figurinos e adereços – Letícia Santos
Fotografia de cena – Susana Neves
Apoio – Malhancide Tecelagem e Acabamentos Têxteis, Lda.
Coprodução Teatro de Marionetas do Porto e Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery
Espetáculo para maiores de 3 anos
Foto: DR