O professor que ficou conhecido como “super-vereador” de S. João da Madeira nos mandatos de Manuel Cambra (CDS), por acumular a vice-presidência da Câmara com inúmeros pelouros, disse hoje que está a angariar assinaturas para uma candidatura autárquica independente.
Jorge Lima é o principal rosto do movimento cívico “S. João da Madeira Sempre” e anunciou, em conferência de imprensa, que pretende reunir “com calma” as cerca de mil assinaturas de que necessita para oficializar a sua candidatura às próximas eleições.
Tendo assumido nos órgãos de poder locais outros cargos políticos, como o de secretário da Mesa da Assembleia Municipal aos 18 anos, então pela coligação Aliança Democrática, e o de presidente do mesmo órgão em 1990, já pelo CDS, Jorge Lima desfiliou-se do partido em 2002 e, desde essa altura, vem-se dedicando sobretudo ao ensino, à consultadoria na área da Gestão e à direção da Associação Portuguesa de Todo-o-Terreno.
O anunciado cabeça-de-lista independente garante que não tem “nenhum motivo de insatisfação relativamente ao CDS”, mas, defendendo que “esse projeto já teve o seu tempo e que 25 anos [de filiação] foi suficiente”, propõe-se recolocar a cidade “no lugar que já teve em termos de centralidade”.
Essa situação dever-se-á à forma como o PSD tem gerido, nos últimos três mandatos, oito dossiês que Jorge Lima considera críticos, começando pela exploração do sistema de abastecimento de água, a concessão do estacionamento à superfície e o “não funcionamento em termos estruturais do centro da cidade”.
O líder do movimento “S. João da Madeira Sempre” lamenta ainda que, apesar de ter sido esse concelho a liderar inicialmente o processo de escolha de um local para instalação do polo norte da Universidade de Aveiro, o Executivo social-democrata o tenha depois perdido para Oliveira de Azeméis.
Depois há ainda outros projetos que, segundo o provável candidato, a população local não percebe, nem em termos de “destino”, nem da respetiva “enormidade” de custos. “A recuperação do Palácio dos Condes custou uma enormidade de dinheiro e o edifício está parado há ano e meio”, explica.
“[O mesmo acontece com] o Palacete do Rei da Farinha, enquanto o Centro de Artes está a funcionar na Casa das Associações, que é um local absolutamente impróprio”, continua Jorge Lima. “A Caixa das Artes também ninguém sabe como vai ser programada ou como se vai coordenar com os Paços da Cultura”.
Para o ex-vice-presidente da Câmara Municipal, é ainda reprovável o custo de 1,5 milhões de euros na beneficiação do centro pedonal, porque “não lembra a ninguém fazer uma rua de granito” onde “os carros dos bombeiros não passam”, e há ainda o problema das novas piscinas a construir de acordo com um projeto de arquitetura de Eduardo Souto Moura.
“Custarão quatro a seis milhões de euros. Muito curiosamente a obra está programada para arrancar este ano e o compromisso com os encargos fica para as gerações vindouras, sem que as piscinas tenham utilização prática real”, conclui Jorge Lima.
Lusa