Kátia Guerreiro é imensa e intensa no fado que canta. Cada palavra que lhe sai do peito ganha amplitude que enche uma sala. A sua voz tem o poder de aquecer almas e o fado ensina-lhe todos os dias porque vale a pena continuar a cantar a canção da saudade, as palavras que o destino entrelaçou. O ano começou com um concerto nos Açores, depois cantou em França, esteve na Guiné, e no sábado estreou-se no grande auditório do Europarque, em Santa Maria da Feira, com sala quase lotada.
Um concerto integrado no programa de comemorações da Festa das Fogaceiras. Neste palco, cantou quase hora e meia, explicou cada fado, os autores dos poemas que preenchem os seus fados. Fado após fado, a fadista arrebatou a plateia que lhe pediu para cantar mais e mais e se despediu de pé.
A fadista, que gosta de cantar o fado com as mãos agarradas atrás das costa, promete lançar um novo álbum ainda este ano. O nome ainda não está escolhido. A seu lado, terá a sua família de casa, de vida, os três músicos que a acompanham, mais os técnicos que lhe conhecem cada gesto, cada tempo de respiração.
Treze anos de carreira. Há precisamente dois anos, esgotou a mítica sala parisiense Olympia, com um concerto gravado ao vivo. No final do ano passado, foi condecorada pelo governo francês com a Ordem de Artes e Letras por ser uma das “mais notáveis cantoras da sua geração e uma das maiores representantes da cultura portuguesa em todo o mundo”. A fadista agradece a distinção e admite que a responsabilidade aumentou.
Garante que vai continuar a cantar fado pelo mundo. Há um ano, desde que foi mãe, que colocou a medicina de lado, dedicando-se apenas à sua carreira musical. Mas a fadista-médica acredita que, um dia, a medicina voltará a cruzar-se no seu caminho. Por agora, tem a agenda preenchida. Na próxima sexta-feira, dia 31, tem concerto em Madrid. E em Fevereiro e Março, voltará a França para mais concertos com a canção da saudade a sair-lhe do peito.