Música
O “Menino prodígio” cantou no Coliseu do Porto
José Cid, ontem, hoje e sempre. Esta é a melhor forma de definirmos aquele que é um dos maiores talentos de sempre da música portuguesa. O músico e compositor encheu ontem o Coliseu da invicta para apresentar o seu mais recente disco “Menino-prodígio”, no seguimento da tour 2015, com a qual tem percorrido o pais de norte a sul.
Tratou-se de um concerto “rockeiro”, sem muitas paragens, com poucas conversas focando-se também nas suas canções de sempre.
O cantor entrou em palco sozinho e de imediato surpreendeu o público ao piano com duas canções inéditas que vão fazer parte do seu novo disco uma delas dedicada ao Norte. “Ao Norte, tu dás-me sorte, pois sem rumo ou passaporte, tenho o Porto, por abrigo. Vou para Norte, mais ao Norte, para dar à vida um Norte, mas levo o Norte comigo. Levo no coração a gíria e a tradição como prémio como castigo e a fé é o que eu trago. Caminhos de Santiago se quiseres eu vou contigo”, assim cantava no refrão enquanto era muito aplaudido.
Do alinhamento para a noite o cantor e músico escolheu os grandes clássicos de sempre agarrando a plateia com o tema «Cai Neve em Nova Iorque», «A Rosa que te dei», «Na Cabana Junto à Praia», «20 Anos», «Ontem Hoje e Amanhã», «A Minha Música», «Louco Amor» contam-se entre muitos outros sucessos e canções que compõem o novo disco editado em abril, como «Menino prodígio», «De mentirosos está o cemitério cheio» ou «Blá!, Blá!, Blá!», um dos temas composto para o Quarteto 1111 e que foi motivo de censura pelo antigo regime.
José Cid esteve acompanhado pela Big Band e contou com a participação da cantora galega Uxia. “Ela tem uma enorme ligação a Portugal e é neste momento a voz mais prestigiada da Galiza”, revelava o cantor minutos antes de subir ao palco, à nossa reportagem.
Reconheceu também que vem merecendo do público desde há quase 60 anos um carinho especial assegurando que as pessoas do Norte “têm uma grande sensibilidade, gosta ou não gosta e são muito alegres”. Assume-se deste que se assume como um cantor ao vivo. “Sempre fui e sou cada vez mais porque me entrego cada vez mais em palco e canto como se o dia acabasse no dia a seguir”. O novo disco vai chamar-se «Clube dos Corações Solitários do Capitão Cid».
“Tenho muita saúde física”
A noite foi de festa com o Coliseu cheio a cantar as músicas todas do princípio ao fim umas mais recentes, outras mais antigas e que continuam a andar de boca em boca. Aos 73 anos e apesar de estar a entrar numa fase pré-diabético “porque sou guloso todos os dias” garante que tem muita saúde física” e enquanto me aguentar fisicamente a minha voz está cá”, concluiu.
Recorde-se que cantor foi distinguido com o Prémio Carreira, da Sociedade Portuguesa de Autores, e vencedor do Festival RTP da Canção em 1980. “Entendo que o Festival da Canção tem sido um verdadeiro desperdício, mas não é de agora”. A forma como o festival se tem vindo a desenrolar é “enganador e os votos do público são certamente falaciosos” e, para isso, “basta ter um clube de fãs na internet para se conseguir ganhar e muitas vezes nem é a melhor canção”.
Cid entende que o segredo do seu sucesso poderá estar na sua rebeldia, na forma de estar na vida e na forma como se entrega a muitas causas solidárias. Diz que a sua música até pode não passar na rádio, pode não aparecer nas revistas e jornais, mas quem gosta vai aos seus concertos. “Sempre foi assim”.
O cantor está já a preparar o tradicional concerto pré-natalício no Campo Pequeno, em Lisboa (a 12 de Dezembro).
O Ze Cid é um pão