A cantora subiu ao palco do Coliseu do Porto para apresentar os seus maiores êxitos e celebrar 40 anos de carreira. A sala estava esgotada e o público sabia bem para o que vinha e aquilo que queria ouvir. Chegaram cedo e vieram de todo o país.
A festa arrancou ao som de «Maria vai com Todos» e «Cuidado com a língua», acompanhada por bailarinos e a sua banda. O cenário do palco estava centrado num excelente jogo de luzes e na projecção de imagens.
Para aquecer ainda mais a noite de Outono, a canção «Mãozinhas no Ar» fez com que a plateia soltasse movimentos e algumas roupas.
Ali todos cantavam, aplaudiam e da plateia vinham elogios, soltavam-se “bravos!”, “és a maior Maria!”.
E porque o dia marcava uma etapa na vida da cantora que, apesar de ter Lisboa no nome, é “bem tripeira”, tamanha festa deveria ser partilhada com um convidado e, eis que Maria Lisboa anuncia o nome de Kássio para partilhar o palco ao som de “Lágrima”, um fado de Amália Rodrigues”. Para a festa não esfriar, surgiu o «Malhão São Simão», seguiu-se «Malhão Malhão» e «Fadinho Maria Benta».
Quem acompanha a carreira da cantora sabe bem que não são só as músicas populares que a distinguem. O espectáculo, que se prolongou pela noite dentro, dividiu-se em três estilos. Música ligeira, fado e canção popular. O Coliseu rendeu-se quando a banda dava os primeiros acordes de «Tenho fé em Deus», um dos maiores sucessos da cantora.
Antes do primeiro cair do pano, o público delirou com o tema «Zumba Comigo» e que «Deus te Guarde». A noite fechou com chave de ouro, ao som de «Nossa Senhora de Fátima» canção, que arrancou lágrimas da plateia.
Nestes 40 anos de carreira Maria Lisboa mostrou a razão pela qual é um dos maiores nomes da música ligeira. “Esgotei esta sala. Aquilo que para mim era um sonho tornou-se realidade. Devo o sucesso aos meus fãs. Obrigado!”.
Tratou-se de um espectáculo “único” que correspondeu às expectativas de todos aqueles que decidiram acabar a noite de sábado em grande, ao som dos êxitos desta artista, que ainda tem muito para mostrar e surpreender.
O certo é que a cantora tem vários motivos para se sentir feliz e uma privilegiada. O mais recente disco de Maria Lisboa voltou a colocá-la no top dos discos mais vendidos em Portugal. «Tenho Fé em Deus» é um tema que anda de boca em boca e que é dedicado ao seu filho, que faleceu há quatro anos num acidente.
Em declarações a Agência de informação Norte (AIN) revelou que “quando gravamos uma canção nunca sabemos se a mesma vai ou não ser sucesso. Esta para mim é a melhor canção do disco. Foi difícil gravá-la, pois não consegui controlar a emoção em estúdio”. Apesar deste single de apresentação, destaca que o CD é ainda composto por temas “muito diversificados, passando ainda pelo fado”, assegura.
Após a morte do filho, a cantora de 54 anos de idade teve que aprender a conviver com a dor. E foi a pensar nele que decidiu aceitar o desafio para escrever uma biografia, que foi apresentada recentemente, e que vai já na sua 3.ª edição. «Nas mãos de Deus» “é uma libertação da minha revolta por ele ter partido tão cedo e da forma como tudo aconteceu”. Esta biografia tem lá tudo. A morte do filho, a sua infância, que “foi terrível”, e uma viajem por 40 anos de carreira com “altos e baixos”. “Quando li o livro voltei a reviver tudo de forma muito intensa, pois aquilo que ali está é a minha vida. Eu sabia que isso ia acontecer, mas não posso fugir a esses sentimentos”.
Carreira dividida em duas partes
Esta biografia surge também para ajudar outras pessoas que também perderam os seus filhos e que a contactam, com regularidade, a pedir ajuda. “Existem muitos pais que, ao fim de vários anos ainda,a não fizeram o luto dos seus filhos. É um processo muito difícil e nem todos conseguem. Eu agarrei-me à minha fé e é ela que me faz continuar. Não posso culpar Deus por aquilo que aconteceu”, assume emocionada.
Maria Lisboa divide a sua carreira em duas partes. “Durante 25 anos, cantei sempre fado”; os restantes, “canção ligeira”, mas garante que é no primeiro onde se sente bem.
Reconhece que detém uma grande preferência de grande parte do público e acha que isso também se deve “aos conselhos que soube aproveitar dos grandes mestres da altura” e do que aprendeu com a “Hermínia Silva, a minha grande madrinha”. Lamenta que “os novos talentos não saibam aproveitar nos dias de hoje essas riquezas de aprender com quem tem vários anos de profissão” e que, “actualmente, principalmente, os nossos jovens, não ouçam ninguém”, concluiu.
Fotos: Hugo Viegas
Texto: AGC
E cantar ao vivo,não?
Não tive a oportunidade de ir. TIve pena mas este vídeo realiza-me. MOstra bem a noite que foi. podem dizer que se trata de música sem qualidade, que é uma artista do povo, que canta com música de fundo…a essas pessoas eu só lhes quero dizer uma coisa: percam um filho que depois falamos. Um Bj e continue sempre assim…