Cultura
A Morte de Raquel recria velório de encenadora no Teatro Carlos Alberto
Peça ensaia a morte fictícia de Raquel Castro aos 99 anos e estará em cena entre amanhã e domingo
A mais recente criação de Raquel Castro convida o público a assistir ao seu velório, após a sua morte em 2080. Ao longo de uma cerimónia pouco convencional, três atores (Joana Bárcia, Nuno Nunes e Rita Morais) contam, entre a realidade e a ficção, a história de vida da dramaturga e encenadora. A Morte de Raquel está em cena a partir de amanhã, podendo ser vista até domingo, 15 de novembro, no Teatro Carlos Alberto (TeCA).
Neste espetáculo, a ordem cronológica é boicotada e as recordações reais são misturadas e adulteradas até 2020. Deste ponto até 2080 – ano em que Raquel Castro morre aos 99 anos – há uma fabricação de factos ocorridos e a construção de um futuro simultaneamente “temido”, “previsível” e “desejado”. A Morte de Raquel explora, assim, as possibilidades de um futuro imaginado, numa tentativa de sobrevivência aos medos que a morte desperta.
“Acho que a morte esteve sempre presente nas minhas peças, de uma maneira ou de outra, mas desta vez queria dar-lhe o protagonismo que merece”, explica a encenadora Raquel Castro, que também integra o elenco do espetáculo. De acordo com a artista, esta encenação resulta de uma “projeção de vida desejada e de vida temida” que tornam este espetáculo “autobiográfico até quando está a inventar um futuro, até quando é mais ficcional”. Ao imaginar a vida que teria até completar 99 anos, Raquel Castro optou por não construir uma peça de ficção científica, mas sim uma história real sobre si, a sua relação com o mundo, os seus sonhos e frustrações.
Depois de Os Dias São Connosco (2013), a primeira criação da encenadora em nome próprio que abordava o tema do nascimento, Raquel Castro volta a propor um novo exercício de exploração autobiográfica e autoficcional, com muitos futuros e teatro dentro. A Morte de Raquel resulta de uma coprodução Barba Azul, Teatro Nacional São João e São Luiz Teatro Municipal. O espetáculo sobe ao palco do TeCA quinta e sexta-feira, às 19h00; e sábado e domingo, às 11h00. O preço dos bilhetes é de 10 euros.