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Esgueira, em Aveiro, tem o único museu funerário do país

É um museu privado, propriedade de Fernando Oliveira, que poucos conhecem, o que é pena, porque, segundo o colecionador, não há outro no país.

Falamos do Museu Funerário Fernando Oliveira, situado na freguesia de Esgueira, no concelho de Aveiro, onde o dono do espaço museológico e também da Agência Funerária Gamelas guarda um sem número de documentos e peças relacionados com a morte. Entre estes está, por exemplo, uma carta de sepultura datada de 1575, que, como o próprio nos explicou, “foi dada a uma família para que pudesse ser sepultada junto a um altar, porque ajudava a Igreja”.

No n.º 37 da Rua Bento de Moura, em instalações que há muito tempo se tornaram pequenas para guardar tantos objetos, Fernando Oliveira partilha uma coleção alusiva à morte, verdadeiramente surpreendente, que iniciou há mais de 25 anos.

A tal carta de sepultura não está exposta, precisamente por falta de espaço, mas mesmo assim quis mostrá-la à Agência de Informação Norte, da mesma forma que o fará a todos que quiserem visitar o Museu Funerário. Basta apenas que, antes, o contactem, através dos números de telefone 234 311 240 ou de telemóvel 963 408 498, para saberem se está disponível no momento.

Ali encontramos carretas, coches e carros funerários, malas de autópsia, malas de tanatopraxia, um sarcófago, mandado fazer por Fernando Oliveira de propósito para uma exposição, e uma carreta fúnebre de 1890, a qual como nos relatou, “estava em Faro e se não fosse buscá-la ia para o lixo” e – imagine-se – um caixão em madeira, uma réplica de um Mercedes 220 CDI, feito por José Gomes, um carpinteiro de Ílhavo que queria ser sepultado precisamente dentro do carro.

O Museu Funerário alberga “peças de todo o país. São, como chamou a atenção o colecionador, «peças que já não se fazem. Quem mas vendeu não levou muito dinheiro. Mas são pecas raras, únicas que ninguém vai fazer mais”.

Muitas delas estão amontoadas. Outras encontram-se engavetadas ou colocadas em prateleiras, porque, de facto, já não tem lugar para as expor. Além disso, também tem expostos recortes de jornais com muitos funerais de celebridades, assim como fotografias, retratando histórias surpreendentes sobre muitos funerais extravagantes por esse mundo fora. Caso, por exemplo, dos funerais, em algumas partes da China, onde são contratadas strippers. Nessas ocasiões, as famílias enlutadas contratam-nas porque acreditam que “cerimónias lotadas trazem boa sorte aos mortos”.

Muitos destes “tesouros” de Fernando Oliveira já “saíram das quatro paredes” para integrar exposições organizadas pelo próprio, nomeadamente na Casa-Museu dos Patudos (Alpiarça) e no Centro Cultural de Esgueira. Igualmente em Esgueira, concretamente no cemitério, realizou ainda mostra “O Som das Pedras”, porque “as pedras [lápides, esculturas] têm sempre alguma coisa para nos dizer”

A Junta de Freguesia de Esgueira e a Câmara Municipal de Aveiro sabem da existência deste museu privado. No caso da junta, até tem apoiado na organização das exposições locais. Mas o apoio por parte de ambas até à data não tem sido suficiente para evitar que o Museu Funerário Fernando Oliveira saia de Aveiro.

 

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