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Norte em festa: Armamar e Tabuaço viveram o São João como se não houvesse amanhã
Armamar e Tabuaço voltaram a encher-se de cor, música e tradição para celebrar o São João Batista, um dos santos populares mais venerados da Europa. As duas vilas do distrito de Viseu foram palco de romarias que, para além do convívio, afirmaram a identidade local e mostraram o forte potencial turístico das festas populares no Norte do país.
25 de junho 2025

O calor chegou, e, com ele, as festas populares que enchem o calendário até ao final do verão. No norte do país, só entre junho e agosto, há mais de 50 romarias previstas. A tradição continuou viva — e, com ela, uma oportunidade que vai muito além do convívio: existe ainda um enorme potencial turístico por explorar.
Entre os destaques deste verão festivo já estiveram Armamar e Tabuaço, duas vilas do distrito de Viseu que celebraram em grande o São João Batista, um dos santos populares mais festejados da Europa. Aqui, o São João não foi apenas uma festa — foi uma afirmação de identidade, cultura e pertença.
À frente destas celebrações estão duas autarquias que falam a uma só voz, quando o tema é preservar tradições. Cláudia Isabel Damião, vereadora da cultura da Câmara de Armamar, sublinha o papel essencial da comunidade, e afirmou que, mais do que organizar, o município quer envolver toda a população naquela que considera ser “as festas maiores da Vila”.
Já em Tabuaço, o chefe máximo da autarquia Carlos Carvalho destaca à Agência de Informação Norte o desafio de manter estas festas em territórios com baixa densidade populacional e sublinhou a aposta em bons parceiros e numa programação que atraia milhares de visitantes à vila.
Nestes dias de festa, sair à rua foi quase obrigatório. As vilas encheram-se de luzes, sons e cheiros que despertaram memórias e sentidos. As noites foram longas — e, por vezes, até de madrugada. Em palco, estiveram nomes sonantes da música nacional, mas também espaço para artistas locais, e para o talento que veio das próprias freguesias.
Maria Carvalho e Rosa Mendes chegaram bem cedo a Armamar, na última sexta-feira, com um objetivo claro: garantir um lugar privilegiado na frente de palco para ver Nuno Ribeiro ao vivo. “Viemos de propósito e fizemos questão de chegar cedo. Adoramos o Nuno e queríamos estar mesmo ali à frente”, contou Maria.
No dia seguinte, o entusiasmo repetiu-se, desta vez com os Nemanus. Muitos admiradores fizeram questão de marcar presença e, já durante os ensaios, foram muitos os que fizeram questão de dar um passo de dança. “Já os sigo há anos, não podia perder esta oportunidade”, afirmou João Matos, natural de Lamego. Também Ana Silva, vinda de Tarouca, fez questão de partilhar a emoção: “Eles são incríveis ao vivo. Trouxe até os meus pais, que também são fãs. Queremos ir ao Meo Arena!”
Em Tabuaço, o ambiente não foi diferente. Depois da noite “mágica de sábado” dos Karetos que colocaram centenas de pessoas a cantar e a dançar, os Calema foram os protagonistas da noite de domingo, que ficará para a memória que quem passou pelo arraial.
Patrícia Gomes e Carla Dias chegaram ainda de dia, para garantirem um bom lugar junto ao palco. “Sabíamos que ia estar cheio e não queríamos perder nada. Os Calema têm músicas que nos tocam mesmo no coração. Estivemos no Estádio da Luz. Vamos para todo o lado”, partilhou Patrícia.
O concerto foi uma verdadeira celebração da música lusófona, com o público a acompanhar todas as letras, num ambiente de festa e emoção. “Foi arrepiante. Quando cantaram A Nossa Vez, toda a gente ficou com lágrimas nos olhos”, disse Carla, visivelmente comovida.
Também Marco Tavares, fã assumido dos Calema, veio de Peso da Régua, só para os ver ao vivo: “A dupla transmite uma energia única. É impossível ficar indiferente.” No final do espetáculo, os próprios Calema agradeceram o carinho dos presentes. “Tabuaço, nunca vamos esquecer esta noite. Obrigado por nos receberem tão bem!”
Sara Correia foi outro dos nomes a marcar as festas de Tabuaço. A fadista subiu ao palco na noite de 24 de junho, em pleno dia de São João.
Armamar: fé, cultura e grandes nomes da música
As festividades arrancaram na sexta-feira, dia 20 de junho, com a energia contagiante de Nuno Ribeiro, seguido pela atuação da Orquestra Magma, numa abertura imperdível.
No sábado, 21 de junho, o destaque recaiu na apresentação do livro “Sinfonia do Nada”, da fotógrafa armamarense Lúcia Duarte, no Centro Interpretativo da Mulher Duriense. À noite, subiram ao palco os populares Némanus e, mais tarde, o grupo D’Alma e Corazón.
Domingo, dia 22, foi animado por Gabriell e os Piratas DJs, prometendo manter a festa em alta rotação.
Na segunda-feira, 23, celebrou-se um dos momentos mais simbólicos das festas: o tradicional desfile de grupos de bombos, fanfarras e marchas populares, culminando com as atuações de Roconorte e da DJ Anny Dupin, prolongando a noite até tarde.
A terça-feira, 24 de junho, feriado municipal e dia de São João, foi dedicada à componente religiosa, com missa solene e a tradicional procissão em honra de São João, que envolveu todas as coletividades e padroeiros das freguesias do concelho. O encerramento fez-se em grande com o grupo 4 Mens e o habitual espetáculo de fogo de artifício.
Tabuaço: noitadas, música e tradição popular
Também em Tabuaço, as festas sanjoaninas decorreram entre 20 e 24 de junho, com entrada gratuita, na Avenida António Augusto da Silva Barradas.
O cartaz incluiu ainda as atuações de Rosinha e Filipe Sequeira.
Conhecido na região pelas animadas “noitadas”, o São João de Tabuaço atraiu sobretudo um público jovem, que encheu os recintos até ao amanhecer. A organização apostou forte este ano, com atuações dos DJs Menasso, Kove-lines, Quim das Remisturas, entre outros. Também o rapper Tilhon marcou presença no evento.
O programa contou ainda com grupos de baile, a tradicional marcha luminosa e a majestosa procissão dos padroeiros, momentos altos que envolveram todas as localidades do concelho. Para além da música e tradição, a festa destacou-se ainda pela gastronomia, diversões e a habitual feira de artesanato.
Que maravilha de reportagem. Apenas um reparo. Quando o empresário diz que os Calema são a banda nÚmero 1 em Portugal é uma falha grave a reportagem não ter declarações dos Calema. Não é por eu ser fã deles mas mereceriam ter voz neste vídeo.
Muito obrigada.
Bom dia, Cátia.
Muito obrigado pela sua mensagem. A equipa da Agência de Informação Norte que esteve no local tentou, tanto antecipadamente como no próprio dia, realizar uma breve entrevista com a banda. No entanto, o pedido foi recusado.
Segundo a produção, “neste momento os Calema não estão a dar entrevistas, nem mesmo às televisões”.
Agradecemos, mais uma vez, a sua preferência.
Eles, no palco, são uma coisa, e fora dele, outra. Não têm nada a ver com os cantores mais populares, que costumam ser mais genuínos e afetuosos. A Rosinha, por exemplo. Nestes grupos, há dezenas de pessoas a trabalhar, e todos querem mandar. Acho que os artistas nem sabem da missa a metade.