Entrevistas
Gisela João: “Tudo me apaixona na cidade do Porto”
O seu sorriso é contagiante ou não fosse ela uma mulher do Norte. Nasceu em Barcelos, tem 33 anos, está a poucos dias do seu regresso ao Coliseu de Lisboa e do Porto. Gisela João assume que os concertos vão ser uma “festa” e os grandes convidados vão ser o público. Nua. É assim que a fadista se apresenta na capa do novo trabalho que chegou ao mercado, três anos depois do seu disco de estreia. Mas, desengane-se quem pensa que a fadista vai cantar sem roupa. Gisela subirá ao palco do Coliseu do Porto, a 31 de Março, com uma forte “nudez da alma”.
António Gomes Costa
Agência de Informação Norte – Três anos depois do álbum de estreia, editou, no final de 2016, o seu segundo disco. Chama-se “Nua”. Que disco é este?
Gisela João – É o meu segundo filho, uma extensão de mim.
Isso quer dizer que temos uma Gisela de corpo e alma neste novo trabalho discográfico?
Completamente e, por isso, é que este disco se chama “Nua” para não ser Gisela João 2. É um bocado aquela frase cliché, mas é aquela coisa da nudez da alma. Eu ali estou Nua. É assim que eu me sinto.
Fale-me dos poetas escolhidos para este disco…
Os poetas foram escolhidos pelos poemas que escreveram. Quando os poemas me tocam, me dizem alguma coisa, fazem-me lembrar alguma história da minha vida, ou de alguém que me é próximo, eu apaixono-me por eles, porque sinto-os como se fossem meus e tenho vontade de os cantar.
Ficaram certamente muitos de fora. É difícil escolher pouco mais de 10 quando a lista é grande?
É muito difícil escolher (risos). Eu faço listas com cerca de 50 fados mas, depois acaba por existir uma selecção natural. Ate fazer as escolhas é muito difícil.
O seu primeiro disco foi editado em 2013 e recebido de braços abertos pelo público e pelos críticos. Mudou alguma coisa em si, desde o primeiro álbum até este?
Principalmente a responsabilidade, porque existe uma maior expectativa por parte do público. De resto continuo a ser a mesma miúda. (risos)
Fado para si é?
O fado para mim é vida.
31 de março no Porto, sete de abril em Lisboa. O que nos pode revelar relativamente a estes espectáculos?
Vão ser uma festa (risos)
Vai ter convidados?
Os convidados vão ser o público.
Deixa o Norte e vai viver para Lisboa e começa a cantar em casas de fado. Foi uma grande escola?
Sem dúvida. As casas de fado são a nossa escola.
O que é que ainda quer provar a si e ao Fado?
Eu nunca quis provar nada a ninguém. Isso é algo que me deixa muito tranquila, uma vez que não tenho que o fazer. Na vida quem assim pensa esta a viver mal a vida e não a está a aproveitar (risos).
O Porto foi eleito, pela terceira vez, o melhor destino europeu do ano. O que mais a apaixona nesta cidade?
Tudo me apaixona na cidade do Porto! (risos). Adoro as pessoas, a comida, o sotaque, a beleza da cidade, os cheiros, a luz… Adoro o Porto.!
Mas dizem que é uma cidade escura…
Eu acho que o Porto é o homem e Lisboa a mulher. A invicta é carismática, forte, qualquer pessoa chega à Ribeira vê aquele rio a rasgar aquelas rochas, pedras,… Não considero nada uma cidade escura. Mesmo nos dias cinzentos, existe uma beleza incrível.
Para finalizarmos, que é que acha que os portugueses ainda não sabem de si?
Ui! Tanta coisa…(risos). As pessoas sabem aquilo que é necessário porque faz parte da minha profissão, mas nunca vão saber de tudo…
Fotos: DR