A barrinha de Esmoriz/lagoa de Paramos espreguiça-se por todos os cantos e rega as tábuas de madeira que agora são um caminho apetecido pelos que apreciam a natureza no seu esplendor. Os que passeiam, os que correm, os que andam de bicicleta. São oito quilómetros de passadiços que circundam a maior zona lagunar do norte do país, com quase 400 hectares, entre os concelhos de Ovar e de Espinho. Há fauna e flora para observar com calma e pulmões abertos numa área que evidencia várias cores: o azul da barrinha, o verde dos juncos, o branco das dunas, o castanho da madeira. Há ainda pontes de madeira neste trajeto, a maior fica sobre a barrinha com uma imensa vista para o percurso.
Os passadiços da barrinha de Esmoriz revelam um tesouro natural adormecido, fustigado durante anos com poluição, e que agora ressuscita para uma nova vida. A zona é ambientalmente rica e tanto assim é que em cima da mesa está a criação de uma reserva ambiental local. Até porque os entendidos na matéria garantem que nesta área, rodeada de um verde intenso, há fauna importante para observar como a garça-real, o lagostim vermelho, o rouxinol bravo, a lampreia-de-riacho, entre outras espécies que andam na água e no ar.
É um passeio pela natureza com o mar bem perto e com acesso privilegiado às praias de Esmoriz e de Paramos. Há várias entradas ou saídas, dependendo da perspetiva, nos dois concelhos por onde a barrinha vive e por onde os passadiços se esticam. É possível entrar ou sair junto à estação de comboios de Esmoriz, perto do aeródromo de Paramos, pelas praias, e há ainda uma ligação aos passadiços de Espinho, e para a capela de S. João, que ligam esse concelho a Vila Nova de Gaia. A entrada mais a sul está junto à ponte da Avenida Raimundo Rodrigues, junto ao campo de futebol de Esmoriz, com parque de estacionamento mesmo ao lado.
O passado não se esquece de um dia para o outro. Em tempos, a barrinha de Esmoriz era uma zona de lazer com barcos de passeio e mais espaço. A despoluição continua e os passadiços mostram uma nova vida da barrinha que faz parte da Rede Natura 2000 e que três anos depois foi classificada como área crítica de recuperação ambiental. A recuperação está à vista, já tem um cais e um observatório de avifauna e oito quilómetros para caminhar.