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Amália Hoje de volta aos palcos para celebrar Amália Rodrigues

Festejar e enaltecer Amália Rodrigues e fazer com que a fadista ícone de Portugal no mundo seja lembrada todos os dias. É este o desejo dos Amália Hoje, que estão de regresso aos palcos, para assinalar os 25 anos da morte da diva portuguesa. Sónia Tavares, vocalista do projeto, considera que Amália “não tem sido tão celebrada quanto deveria ser” e explicou porquê, numa entrevista exclusiva à Agência de Informação Norte, no fim do concerto da última noite, na Torreira. Fernando Ribeiro sublinha a importância de dar “uma variedade de emoções à música”, como fez Amália.

Chama-se “Fado Amália” o novo single que os Amália Hoje apresentam como novidade nos espetáculos que os reúne, de novo, em palco, neste 2024 em que se assinalam os 25 anos da morte de Amália Rodrigues. Nuno Gonçalves, o mentor do projeto musical Hoje, que junta ele próprio, a vocalista dos The Gift, Sónia Tavares, o vocalista dos Moonspell, Fernando Ribeiro, e o músico Paulo Praça, diz que “quando apresentámos esta música às rádios, disseram-nos que não sabiam se o público ia gostar, mas a prova está aqui, esta noite”. Referia-se Nuno Gonçalves à reação do público que encheu o Largo da Varina, na praia da Torreira, distrito de Aveiro, na última noite, cantando e aplaudindo o grupo que se fez acompanhar, ainda, de um coro e de um guitarrista.

 

Na entrevista exclusiva que deu à Agência de Informação Norte, no final desse concerto, Sónia Tavares explicou que, 25 anos após a morte de Amália, 15 anos depois do lançamento do projeto Hoje e numa altura em que se assinala o centenário do nascimento de Amália, “fazia todo o sentido voltarmo-nos a juntar em tom de celebração”. Acrescenta a cantora que esta reunião “acaba por ser uma coisa muito familiar e achámos que valia a pena reviver isto tudo e viver novas emoções que Amália nos deu e continua a dar”. No mesmo tom alinhou Fernando Ribeiro quando, a meio do concerto, disse que “Amália trouxe uma variedade de emoções à música, que a Sónia tão bem encarna”.

Mais do que um desafio musical pessoal e de grupo, Sónia Tavares encara o honrar a memória de Amália Rodrigues como uma espécie de desígnio nacional. Entende a cantora que “Amália não está a ser tão celebrada quanto deveria” e que “muito dificilmente alguém atingirá o patamar que Amália atingiu” em Portugal e internacionalmente. Sónia Tavares defende que “Amália precisa de ser lembrada, reavivada, mostrada aos jovens” e celebrada em coisas como o videoclip do “Fado Amália”, produzido e realizado pelos Amália Hoje.

“Amália tem de passar nas rádios, todos os dias”

Questionada sobre o que falta para Amália ser celebrada como deve ser, Sónia Tavares diz que “faltam concertos”, faltam locais onde os portugueses e os turistas “possam ir ouvir Amália, nem que seja num café”, falta um memorial, porque “Amália não tem uma estátua em Lisboa”, falta as pessoas conhecerem o “espólio enorme de Amália” e falta os jovens identificarem as músicas de Amália como sendo de Amália, quando as ouvem na voz de outros cantores. Considera a vocalista dos The Gift que “os artistas estão-se a perder nas redes sociais e no meio da necessidade de consumir música a metro, que é uma coisa absolutamente absurda”, o que faz com que os jovens, muitas vezes, “nem sabem quem” canta os originais das versões que esses cantores interpretam.

Por tudo isso, Sónia Tavares argumenta que “Amália tem de passar nas rádios, todos os dias”, até porque “a Amália não era só fado, a Amália é uma Edith Piaf, é muito mais que uma cantora de fado, é magnânima, foi a maior”. Assume a vocalista que nada disto “se pode perder” e admite ter “medo que se perca”.

Para o evitar e para, como disse Fernando Ribeiro, durante o concerto, “homenagear essa diva do fado que viajou no tempo e no espaço e que nos deixou este legado”, os Amália Hoje estão a fazer alguns concertos, de Norte a Sul do país. Depois desta tourné, ponderam, ainda, levar o espetáculo aos Coliseus. Sónia Tavares admite que só aceitou dar voz a Amália “porque isto é um projeto pop”. Assume que “não arriscaria, não teria coragem, nem pretensão” de cantar fado “porque não é toda a gente que sabe cantar fado, não se aprende” e “eu nunca soube cantar o fado, nunca aprendi a cantar o fado”. Sente, por isso, que o desafio de encarnar Amália, de “fazer com que a voz da Amália passe por mim e vá, através de mim, até às outras pessoas é uma grande responsabilidade”. E, tantos anos depois, a cantar músicas de Amália, Sónia afirma que continua a ouvi-la, a surpreender-se e a questionar-se “como é possível, como é que ela cantava assim, o que é isto que ela faz com a voz”?

Dedicatória a Mísia

É “com amor, com honestidade e alegria” que os Amália Hoje voltam a brindar o público com épicas reinterpretações dos temas daquela que foi o maior estandarte da música portuguesa. As canções “Com que voz”, “Gaivota”, “Formiga Bossa Nova”, “Medo”, “Rasga o passado”, “Fado Amália”, “L´important cést la rose”, “Foi Deus” e “Soledad” fazem parte do alinhamento desta nova temporada de espetáculos dos Amália Hoje.

Na atuação da última noite, Sónia Tavares dedicou “Gaivota” à cantora e fadista Mísia, que morreu este sábado e que “foi uma mulher à frente do seu tempo”.

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