Entrevistas

Tâmara Castelo: O livro “Cura Emocional” exige trabalho interior, que nos toca nas emoções, nos nossos medos, nas nossas relações…”

O livro Cura Emocional guia o leitor numa jornada de autoconhecimento e transformação. Através de reflexões e exercícios práticos, Tâmara Castelo ajuda a enfrentar medos, compreender emoções e melhorar relações. Com uma abordagem acessível e envolvente, esta obra é ideal para quem procura equilíbrio emocional e crescimento pessoal.

Agência de Informação Norte – Então a pergunta ousada é: Que livro é este que nos faz mergulhar no nosso mundo, a par e passo, como se a tivéssemos à nossa frente…
Tâmara Castelo
– Em primeiro lugar, é importante entendermos que a cura é um processo complexo e eterno. Faz parte da nossa jornada! Ao contrário do que muitos pensam, curar não é eliminar o que vivemos, não é esquecer o que nos magoa… curar é integrar as nossas experiências, é aceitá-las e compreendê-las. Quando comecei a escrever este livro, sabia que queria que fosse mais do que isso. Sabia que queria que fosse um apoio nesta aventura que é a auto-descoberta, o autoconhecimento.
Este livro, que assumo como um guia compassivo da viagem do leitor, tem como principal objetivo trazer à tona o que o próprio desconhece e ajudar, de alguma forma, a evolução neste processo interativo de cura.

Diz-nos que “Este não é apenas um livro, mas um caminho que o desafiará a níveis muito íntimos e profundos”. Qualquer um de nós pode pegar neste livro e fazer o caminho que ele convida a tocar em lugares e gavetas nossas que muitas vezes não ousamos?
Qualquer um que esteja disponível para esta viagem de autoconhecimento…. Não é um livro para ler e pronto. É um livro que exige reflexão, introspecção e vontade de transformação. Não é um livro que lemos e depois vamos dormir… não! É um livro que exige trabalho interior, que nos toca nas emoções, nos nossos medos, nas nossas relações…
O autoconhecimento e a auto-descoberta são caminhos duros e que nem sempre estamos preparados para percorrer… este livro, este guia compassivo é para isso mesmo, para munir o leitor de técnicas e ferramentas que vão dar “colo” enquanto o corpo e a mente navega por emoções, experiências e memórias que o próprio desconhecia.

“Dormir é prioritário, não é perda de tempo. É uma questão de sobrevivência”

Somos na maior parte das vezes intolerantes connosco?
Sem dúvida! E mais uma vez, a resposta está no passado, na forma como fomos ensinados a lidar com as emoções. Se fomos ensinados a reprimir sentimentos como a tristeza ou a frustração, que sabemos que são emoções fortes e que precisam de ser expressadas, é natural que no nosso interior nos culpemos por desiludirmos os outros ou por não correspondermos  às expectativas. Gostamos de nos massacrar e acharmos, na maior parte das vezes, que não estamos à altura.  Só quando olhamos para nós mesmos, com compaixão, é que é possível crescer e alcançar, aos poucos, a liberdade emocional que tanto ambicionamos.

 Como entender esta sua afirmação? Como tratar dessas mesmas doenças? E que soluções encontramos para tratar o físico, após a mazela da dor emocional.
Não é novidade para ninguém que o corpo e a mente estão conectados, que funcionam em equilíbrio. Não existe saúde física sem saúde mental e vice-versa. Emoções reprimidas e traumas não resolvidos, manifestam-se através de sintomas físicos que, a médio e longo prazo, enfraquecem o sistema imunitário dando origem a patologias, a dor, a inflamações… É preciso ouvir e compreender os sinais que o nosso corpo emite para podermos agir com tempo. Cuidamos de dentro para fora para encontrarmos o equilíbrio e a harmonia.

 Quanto mais grave é a ferida de rejeição, mais a pessoa atrai para si situações onde é rejeitado ou rejeita alguém”. Porque nos colocamos neste lugar?
Porque é mais fácil aceitar do que trabalhar para mudar. A forma como nos relacionamos com os outros e como vivemos estas relações têm sempre a sua base no nosso passado. Trazemos sempre connosco padrões inconscientes que  internalizamos sobre nós mesmos. A rejeição é uma das feridas emocionais mais fortes e que tem na pessoa consequências devastadoras quando não trabalhadas.
É urgente entendermos os nossos padrões emocionais, aceitarmos para os conseguirmos quebrar. Nada passa por passar. Sem trabalho, sem vontade e sem compromisso, é impossível a transformação.

Pode explicar-nos a importância desta sua afirmação?
É a dormir que o nosso corpo descansa e se regenera. É preciso desligar a ficha e oferecer ao corpo e mente tranquilidade e tempo. Tal como nós precisamos de tempo para as nossas tarefas diárias ou tempo para lidarmos com as nossas feridas emocionais, o corpo também precisa do seu tempo para descansar e estar em equilíbrio para regular processos fundamentais para o nosso bem-estar e equilíbrio. Dormir, ter um sono com qualidade obviamente, é um pilar básico e fundamental para a saúde física, mental e emocional. Sem um sono de qualidade, é impossível o sistema imunitário funcionar corretamente… se não descansamos abrimos portas a desequilíbrios que, se não forem tratados atempadamente, podem sim evoluir para patologias mais complicadas.
Se uma pessoa não dorme bem, não pode simplesmente ignorar, tem que procurar ajuda.Apesar de vivermos ainda numa cultura muito enraizada que valoriza a produtividade, acima da qualidade de vida, felizmente vejo que cada vez mais as pessoas priorizam e respeitam as rotinas de sono, mas têm que ser educadas para isso.

Este livro é mais do que um livro de autoconhecimento. É um intenso encontro do leitor consigo mesmo. Foi esta a sua motivação para a criação do mesmo?
A minha motivação foi conseguir criar um espaço onde o leitor pudesse sentir-se confortável e seguro para poder conectar-se com a essência, com a sua verdade.
Um espaço sem tempo e sem julgamentos para cada um seguir o seu ritmo, acolhendo e integrando tudo o que vai acontecendo de página para página. Quando comecei a escrever, sabia exatamente o meu maior propósito: abraçar as vulnerabilidades para seguirmos leves nesta viagem tão íntima.

Texto: Andreia Gonçalves

Foto: DR

 

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