CulturaEntrevistasGaleriaPaís

Marco Moreira confessa: “A Dança é uma arte”

A sua pronúncia não deixa margem de dúvidas que se trata de um homem do norte. E foi este homem que fez par com a actriz Sara Prata, e sagrando-se vencedores no programa da TVI “Dança com as Estrelas”. É apaixonado pela dança desde miúdo. Mas não foi amor à primeira vista ,uma vez que achava que a dança era coisa para “meninas”, preconceito que diz ainda hoje existir. Marco Moreira é um jovem de 25 anos conhecido no mundo da moda e da dança como um dos Gémeos Moreira, nome também da escola de dança que tem com o seu irmão gémeo. Nesta entrevista fala do sucesso do programa, da magia da profissão, das diferenças dos gémeos e garante que a dança faz bem a tudo.

Venceu, ao lado da actriz Sara Prata, a terceira edição do concurso de talentos da TVI, “Dança com as Estrelas”. Sempre acreditou na vitória?
Eu, em tudo o que me meto, tento sempre dar o meu melhor. E, sempre que o faço, faço-o com toda minha força e deposito empenho e toda a minha paixão. Neste caso foi na dança, mas faço-o em todos os trabalhos que tenho. Foi nisso que me focava. Claro que sabia que éramos um forte par possível à vitória do programa, mas isso não era de todo o nosso principal objectivo. O nosso objectivo era darmos sempre o nosso melhor em todas os nossos treinos, em todas as nossas galas e mostrar o quão bom é dançar.

Como foram aquelas semanas?
Foram semanas intensas. Eu adoro dançar. Foram treinos com muita dedicação e foi, sem dúvida, também, um grande trabalho de equipa.

O que é que o programa lhe ensinou?
Fazer este programa foi mais uma boa experiência que tive na minha vida. Vou levar alguns momentos comigo para toda a minha vida. E viver estes momentos com a Sara foi ainda melhor. Ela ajudou-me bastante na parte da interpretação para os vídeos que íamos fazendo para cada gala. Então, sinto-me muito mais preparado para interpretar e estar mais à vontade com as câmaras que antes. A dançar já sabia como é estar em frente a câmaras, mas no dia-a-dia não tanto.

Quer com isso dizer que mais do que o sabor da vitória esta sua participação teve um sabor especial pela experiência ali vivida?
Sim, vivi momentos, experiências fantásticas no programa «Dança com as Estrelas». Eu adorei. Vou guardar todas estas experiências comigo para sempre. E são recordações preciosas.

Foi fácil dançar com a Sara?
Nós tivemos logo empatia desde o primeiro momento. Ambos queremos sempre mais e mais. Ambos somos determinados e damos sempre o nosso máximo nos trabalhos que temos. Para mim foi então bastante fácil, pois pensamos muito da mesma forma, o que facilitou treinarmos juntos e a nossa dança ser mais fluída.

Quando recebeu o convite disse logo sim, ou pensou duas vezes?
Pensei duas vezes antes de aceitar o convite. Recebi o convite numa quarta-feira às 17 horas, estava eu com o meu irmão na clínica que representamos, na Luso Espanhola, e uma hora depois, tinha de dar uma resposta, pois no dia seguinte às 9horas teria de estar a começar a treinar com a Sara. Quis saber quem era a concorrente e as condições com que ia. Depois de tudo reunido, aceitei e ainda bem, pois foi uma óptima experiência.

Momentos fantásticos no «Dança com as Estrelas

Foi difícil conciliar o trabalho de agenda com os ensaios?
Sim, foi. Além de estar em Lisboa a dar aulas aos meus alunos de lá, tinha de conciliar o meu horário com o da Sara, uma vez que ela só podia treinar depois das gravações da novela.

Quer com isso dizer que esta vitória foi mais um sucesso alcançada pelos irmãos Moreira?
Sem dúvida. Foi uma vitória com bastante esforço, dedicação, determinação e muito amor depositado em tudo que íamos construindo treino após treino, gala após gala. E tenho de agradecer todo o apoio que o meu irmão Nuno Moreira me deu a mim e à Sara. Enquanto eu estava em Lisboa, o meu irmão conseguiu abraçar todos os nossos alunos da zona norte do país e deu muito bem conta de todos os nossos trabalhos que íamos tendo também na moda.

Em 2014 o seu irmão integrou o melhor espetáculo de dança de salão do mundo, o “Burn the Floor”.Como surgiu esta oportunidade?
Fomos convidados para participar no melhor espetáculo de todo mundo, o famoso “Burn the floor”, sem sermos sujeitos a nenhum casting. Este é um espetáculo que escolhem apenas 17 dançarinos de todo mundo, sujeitos todos a castings e eliminatórias.
Na altura eu fiquei por Portugal a dar aulas a todos os meus alunos e foi o meu irmão quem aceitou este convite.

“Dançar é uma boa preparação mental, para tudo”

O que mudou com esta participação para os Gémeos Moreira?
Foi mais um marco na nossa carreira como profissionais de dança e júris internacionais que somos. Foi uma experiência maravilhosa. Foram meses em treinos e espetáculos por Austrália, Japão e China.

Tem vivido sempre a dança de forma muito intensa. O segredo passa também por treinar muito?
O segredo é gostar muito, e com muita força do que fazemos, é ter muito orgulho no que fazemos e querermos ser bem sucedidos. Dançar é uma boa preparação mental, para tudo, para treinarmos muito e sempre com muito empenho, não basta treinar só mas saber como treinar, e treinar de forma focada sempre.

O que tem sido mais difícil nesta sua profissão?
Nesta profissão o mais difícil é tentar passar todos os nossos princípios aos nossos alunos e aos seguidores do nosso trabalho. Trata-se de mentalidade, é a forma como as pessoas na maioria pensam e se dedicam.

Acha que a dança é uma forma de arte subvalorizada, principalmente em Portugal?
Acho que a dança cada vez mais é valorizada cá em Portugal, mas ainda falta muito para as pessoas perceberem que a dança, para muita gente, é uma forma de viver também e que, sem a dança, muita gente não consegue viver da mesma forma. Dançar faz bem a tudo, à cabeça, ao corpo e também nos ajuda a saber lidar com as vitórias, com as derrotas da vida, pois um dançarino passa anos da sua vida em competições, umas vezes perde, outras também ganha.

Como é que encara a cultura actual em Portugal, especialmente no campo da dança?
Acho que a maioria das pessoas dançam pelos amigos que têm no mundo da dança. Poucos são aqueles que dançam porque realmente gostam e precisam de dançar para conseguirem ser felizes. Penso que isto faz toda a diferença de um dançarino a sério de um dançarino normal.

Interessa-se pela dança com pouco mais de 8 anos. Mas não foi amor à primeira vista, pois não?
Não, inicialmente eu assistia às aulas dos meus pais, dança social, eles andavam a aprender a dançar. Tive de ver um espetáculo de dança de competição para me apaixonar por este mundo encantador. Só depois de assistir espetáculo é que fiquei com a certeza que queira ser dançarino a sério.

Na altura dizia que era coisa para meninas. Hoje ainda existe quem pense assim?
Infelizmente sim. Infelizmente, muita gente ainda pensa assim. A verdade é que as mulheres não dançam sozinhas, mas sim com homens. A verdade é que a dança é também uma arte. E todos os homens que dançam são homens sensíveis, receptíveis a emoções e aprendem a lidar com as mulheres muito mais de novinhos, pois têm de trabalhar em equipa desde cedo. Isto, para mim, faz deles ainda mais homens. HOMENS em letras maiúsculas.

Mas soube, desde logo, que queria seguir carreira no mundo artístico?
Sim, o mundo das artes fascina-me desde pequenino. Eu gosto de saber sempre mais e mais. Tudo o que é arte, eu dou por mim a apreciar. A arte tem tanto valor… não é só o produto final que normalmente as pessoas vêem, mas sim tudo o que foi vivido, experienciado antes desse produto final, todo o trabalho de dedicação que está atrás dessa arte. Seja que arte for.

Em que é que se inspira para a uma criação coreográfica?
Basta-me ouvir músicas que gosto e tentar imaginar-me a dançar que logo me sai uma coreografia.

Dança, ensino, moda…é fácil conciliar tudo?
Não, cada vez mais difícil. Pouco tempo tenho para mim, para a minha família e amigos. Tenho todos a ligar-me a queixar-se que só trabalho e trabalho e que também tenho de ter tempo para socializar fora do trabalho.

Qual foi até agora o vosso maior desafio profissional?
Nós vivíamos na Dinamarca e dávamos lá aulas na nossa escola. O desafio maior foi vir de novo viver para Portugal e abrir o nosso próprio espaço, a nossa própria escola e começar do zero este projecto.

Existem muitas diferenças entre os irmãos Nuno e Marco?
Não, ambos pensamos muito igual. Agimos de forma diferente para chegar ao que queremos. Eu, normalmente, sou mais explosivo e gosto de resolver logo tudo no momento. Já o meu irmão pensa mais nos assuntos e não explode logo na hora….

Valongo ainda fica muito retirado de Lisboa? Tudo, ou quase tudo, parte ainda da capital?
Nós estamos sempre a viajar entre Porto, Lisboa e outras cidades e países. Tudo se faz perto, desde que queiramos e nos compense, de certa forma, a viagem. Seja quanto ao trabalho, ou quanto a qualquer outra coisa.

Jornalista: Duarte Ramos
Fotos: Direitos reservados

Tags
Show More

Related Articles

2 Comments

  1. Gostei muito de ler estas palavras. Parabéns a este menino que nas galas estava sempre a sorrir mesmo quando a dança era séria….

  2. Marco e Nuno Moreira, os melhores dos melhores!!!
    Parabéns!!! Pela paixão que têm em tudo o que fazem…
    Obrigada!! É com orgulho que quero ser e serei sempre vossa fã incondicional e AMIGA!
    Beijinhos para os dois.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Close