Tudo serve. Tudo mesmo. Esse tudo tem sons e eles sabem como arrancá-los harmoniosamente dos objectos e lugares mais improváveis. Não é por acaso que os Stomp – e o nome dispensa apresentações e explicações – andam há mais de duas décadas em palcos por esse mundo fora com coreografias ritmadas, em espectáculos sem palavras pronunciadas. Aqui as palavras não fazem falta porque tudo fala. Tudo tem sons. Caixas de fósforos, areia, vassouras, sacos plásticos, câmaras-de-ar, pias da louça, latas, bidões, esfregonas, baldes, carrinhos de compras, isqueiros, água, caixotes de lixo.
Os britânicos STOMP estão novamente em Portugal. Com percussões de alto nível, com novidades, com originalidade, com criatividade. Com ritmos e bastante humor. O corpo é som. Som por dentro. Som por fora. Som nas mãos. Som nos pés. Som nas cabeças. Som e som. Percussão, ritmos, e humor. Sim, humor sem palavras, com gestos, olhares, e mais sons. Os Stomp conhecem os tempos certos para os sons e para o humor. E até parece fácil, mas não é certamente. As coreografias parecem espontâneas, mas há ali muito trabalho para que tudo funcione, para que tudo encaixe. Há momentos que lembram danças tribais, há outros que remetem para as lutas de gangues. Há momentos belos para ver e ouvir.
O teatro de rua, inspiração estética dos espectáculos dos STOMP, respira-se no palco do Coliseu do Porto. Há bidões, latas e outros objectos prontos para uma festa de celebração dos sons, dos ritmos que saem de todos os lados. E eles, os performers dos STOMP, sabem que não é preciso muito mais para colar os olhos ao que se passa no palco. Cerca de hora e meia animada por um grupo de percussão que conquistou um estatuto intocável no mundo dos ritmos. Também não é por acaso que circulam pelos cinco continentes com salas cheias. O Coliseu do Porto ficou siderado no que acontecia no palco. Fez silêncio, seguiu atentamente os passos de todos os elementos do grupo, riu-se, bateu palmas, tentou acertar com os ritmos, e pediu mais. E eles voltaram para mais uma dose de sons, percussão, ritmos. Segue-se o Centro Cultural de Belém nos dias 12 e 17 deste mês.
Fotos: Hugo Viegas
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Memorável. fUi de Braga para os ver e não me arrependo do valor que gastei nos bilhetes do pessoal cá de casa. É bom quando um espectáculo termina e saímos felizes.
É bem verdade, Celia. Felizes e apaixonados pela música. A vida é feita de sons…
Nota máxima. Adorei!!!!